Controle de pragas com biodenfensivos é a forma de ter lavoura saudável

Controle de pragas com biodenfensivos é a forma de ter lavoura saudável

Segundo uma pesquisa da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), a cada ano perde-se cerca de 20% a 40% dos rendimentos globais de cultura em consequência dos danos causados por pragas indesejadas nas propriedades agrícolas.

E a fim de conter este desastre, tem sido cada dia mais recomendado o controle biológico de pragas. Tanto que é hoje, um dos conceitos mais utilizados no MIP (Manejo Integrado de Pragas). A partir do MIP novas alternativas vêm sendo exploradas, visando diminuir a necessidade de utilização de agroquímicos, buscando evitar a contaminação do solo, da água e do próprio ser humano.

Desde a década de 60, o avanço no controle de pragas não para de crescer, uma vez que a ciência conta com muita eficiência em encontrar defensivos que possam controlar estes problemas de forma efetiva. Graças a esta conduta, tem sido possibilitado o aumento de culturas distintas e também a produtividade, que visa atender à crescente demanda mundial por alimentos.

É um processo natural que todas as espécies de pragas, plantas e patógenos tenham um predador. Ou seja, eles brotam espontaneamente na natureza e realizam o controle populacional para evitar o que conhecemos como pragas. De fato, quando elas ocorrem, o extermínio, seja de um ou de outro, ocorre, automaticamente.

Joaninha é uma das pioneiras no controle natural de pragas

O MIP é um sistema de manejo de pragas que liga o ambiente e a dinâmica populacional da praga. Para tanto, trabalha com métodos de proteção e medidas que controlam o nível populacional da praga abaixo do nível de contaminação de forma econômica e ambiental.

Os chineses utilizavam o controle biológico no século III a.C., com formigas predadoras de pragas dos citros. Porém, apenas, no ano de 1888, surgiu o primeiro caso de sucesso desse método de controle de pragas, na Califórnia, onde houve a liberação de uma joaninha da Austrália que controlou a praga do pulgão-branco-dos-citros, dando início à um grande avanço nas pesquisas sobre controle biológico.

5 tipos de Controle de Pragas biológico: através de parasitismo, predadores e competição

Praga é uma designação dada a certos insetos e outros organismos vivos, como os ácaros e as ervas daninhas, que afetam de modo adverso os valores ecológicos, sociais e econômicos, conforme já deixaram claro, experts no assunto, há muitas décadas. E mais especificamente, os autores de Fundamentos de Controle Biológico de Insetos-Praga associados às atividades humanas (Coulson & Witter, 1984). E pode causar danos diretos quando ataca o produto a ser comercializado ou indiretos quando ataca estruturas vegetais que não serão comercializadas (folhas e raízes, por exemplo), mas que alteram os processos fisiológicos, provocando reflexos na produção. Além disso, também pode atuar indiretamente, transmitindo patógenos, especialmente vírus, facilitando a proliferação de bactérias e o desenvolvimento de fungos (fumagina) e outros patógenos ou injetandosubstâncias toxicogênicas durante o processo alimentar.

Aqui descrevemos algumas das pragas que podem, quando bem direcionadas, agir em favor da produção.  Uma vez que o seu controle consiste na regulação de populações de organismos vivos resultante de interações antagonísticas como parasitismo, predação e competição.

Este é o nome científico que se dá ao parasitismo:

Parasitoides

São insetos que parasitam as pragas, impedindo que elas cheguem na fase reprodutiva, se alimentando do hospedeiro.  Um exemplo de parasitoide é a Trichogramma pretiosum que parasita ovos de mariposas fazendo o controle.

Predadores são insetos maiores que os insetos-praga. Eles matam suas presas e as consomem, e precisam de uma grande população de pragas para completar seu ciclo de vida. A joaninha (Coccinellidae) que se alimenta de ovos de mariposas e de pulgões é um tipo de predador. Pesquisadores da Esalq/USP, fizeram um capítulo inteiro, denominado:  “A bioecologia e a nutrição de insetos como base para o manejo integrado de pragas”, publicado pela Embrapa Soja, em que descrevem de forma bem didática, como se dá esse processo.

Neste caso, o termo usado em ciência para os predadores que levam a doença:

Entomopatógenos

São microrganismos como fungos, vírus e bactérias que causam doenças nas pragas e as matam. Beauveria bassiana, um fungo que parasita vários insetos, incluindo os percevejos, é um entomopatógenos.

Com a ajuda dos animais predadores se obtém um resultado efetivo de

Controle natural

O controle natural de pragas é feito a partir dos inimigos naturais de insetos e pragas que já existem no ambiente. O produtor nesse caso deve conservar esses inimigos naturais, manejando o ambiente evitando aplicação de produtos químicos que sejam seletivos a eles.

É importante manter plantas hospedeiras do predador, para que elas se alimentem de presas alternativas quando a praga não está presente na cultura.

Controle clássico

Esse controle funciona a longo prazo, por isso é realizado principalmente em culturas perenes ou semiperenes. Visa o manejo principalmente de pragas exóticas, sendo necessário a importação e colonização de seus inimigos naturais para a ação ser efetiva.

Controle artificial

Nesse tipo de controle, os inimigos naturais são criados em laboratório em grandes quantidades, e após isso liberados no local de infestação da praga. Como são produzidos em massa, as liberações são extremamente grandes para que o controle seja feito rapidamente.  É o método de controle comercial mais utilizado, sendo chamados popularmente de inseticidas biológicos.

Faça uma análise técnica da propriedade

Se a propriedade agrícola está debilitada, os organismos patógenos podem se instalar, atacar e se reproduzir com mais facilidade. Muitos produtores rurais adotam a utilização de agroquímicos em sua lavoura com o intuito de eliminar as pragas, sem levar em conta que isso pode causar um desequilíbrio ainda maior no metabolismo da plantação.

Manter um equilíbrio ecológico é fundamental. O solo deve ter boas condições para que as plantas estejam bem nutridas e não adoeçam com facilidade, estando mais resistentes às pragas. O engenheiro agrônomo deve dar as orientações de como manter o equilíbrio na propriedade. Uma consultoria técnica é fundamental.

Plantas resistentes

O uso de plantas resistentes tem se tornado cada vez mais comum. As próprias plantas utilizam recursos para controlar determinada praga através da resistência genética.

Tais plantas podem ser selecionadas para que novas cultivares da cultura sejam estudadas e colocadas no mercado para comercialização. É importante nesse sentido que se faça uma análise das plantas existentes na propriedade.

Uma outra forma de uso de plantas resistentes seria com o uso das plantas transgênicas, em que um gene exógeno é transferido para a planta. É o caso da tecnologia Bt (Bacillus thuringiensis) utilizada em cultivares de milho, soja, algodão e cana-de-açúcar.

Feromônios são capazes de ao atrair, fazer o controle de pragas

Algo que existe não só no mundo animal, mas também no ser humano, são os chamados feromônios. Que nada mais são do que cheiros, ou seja, substâncias produzidas pelo próprio corpo e no caso dos insetos, não é diferente, específicos para cada espécie, com objetivo de comunicação entre os indivíduos da mesma espécie. Ao sentir esse cheiro, que é colocado em forma de armadilha feita com o feromônio de uma espécie de praga, os indivíduos daquela espécie serão atraídos.

Eles também são utilizados para identificar pragas em pontos estratégicos, como na bordadura da lavoura, que é por onde geralmente começam as infestações.

No monitoramento, essas armadilhas com feromônio são utilizadas para identificar e quantificar as pragas, determinando o momento exato de intervir mediante o controle químico.

É preciso instalar as armadilhas antes do período de acasalamento e em quantidades suficientes para obter um resultado expressivo. As armadilhas devem ter um tamanho ideal para comportar um grande número de insetos.

Embrapa estuda controle de pragas com biodefensivos ou defensivos biológicos

A Embrapa investe em pesquisas no campo do controle biológico de pragas desde a década de 1980. Essas quatro décadas dedicadas a estudos científicos resultaram em uma sólida expertise que envolve cerca de 30 unidades da Embrapa em diversas regiões brasileiras e mais de 130 projetos de pesquisa.

O objetivo com as pesquisas, no que tange a agropecuária é permitir uma redução do uso de defensivos químicos no manejo integrado de pragas, colaborando para a melhoria da qualidade dos produtos agrícolas, redução da poluição ambiental, conservação dos recursos naturais e sustentabilidade dos agro ecossistemas.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil é responsável por 1/5 do consumo mundial de agroquímicos, utilizando 19% do que é produzido no mundo.

Aproximadamente 2,5 milhões de toneladas de agroquímicos são usados anualmente no mundo. No Brasil, o consumo anual supera 300 mil toneladas. Nos últimos quarenta anos, houve um aumento de 700% no consumo de agroquímicos enquanto a área agrícola aumentou 78% no mesmo período.

As projeções do mercado apontam para um cenário positivo de expansão dos produtos biológicos voltados ao controle biológico de pragas, com perspectivas de dobrar ou triplicar seu volume nos próximos 10 anos em escala global. Isso significa que a pesquisa na área de controle biológico representa uma oportunidade de inovação e competitividade na agricultura brasileira e oportunidades de parcerias voltadas à inovação.

Sapos: é preciso preservá-los

Já são 433 produtos registrados, segundo Amália Borsari, diretora executiva de biológicos da CropLife Brasil, em entrevista à Revista Campo & Negócios, que deste total, 35% foram identificados nos últimos três anos. De acordo com ela, a safra brasileira não dobrou por acaso em 2019/20 quando comparada com a safra de 2017/18. E se tudo continuar nesta toada, a expectativa é que o futuro seja ainda mais promissor graças ao avanço da biotecnologia, que deverá ser cada vez mais empregada no segmento.

Amália ressalta que a justificativa para esse crescimento ocorre pelo aumento da demanda do produtor rural e o interesse cada vez mais nítido de discussões nas áreas, na busca de práticas cada vez mais sustentáveis no campo. “O uso de produto biológico não entra mais como alternativa no processo, mas sim como essencial no manejo”, ela afirma. Hoje, esse fortalecimento do mercado vai desde a cadeia de pesquisa até a indústria e a distribuição.

De acordo com dados recentes, apresentados pela CropLife Brasil, com pesquisa da Consultoria Blink Projetos Estratégicos, o setor deve crescer 33%, com faturamento estimado em R$1,7 bilhões.

 

 

Links pesquisados:

www.revistacultivar.com.br

www.embrapa.br

www.conhecer.org.br

www.revistacampoenegocios.com.br

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