Defensivos agrícolas salvam a lavoura das pragas

Defensivos agrícolas salvam a lavoura das pragas

Manuseio de defensivos agrícolas requer cuidados específicos e cumprimento de normas da legislação 

Defensivos agrícolas são produtos químicos, físicos ou biológicos usados na agricultura para o controle de seres vivos considerados prejudiciais à lavoura. São utilizados para proteger as plantações de ataques de insetos, plantas daninhas e doenças que, por vezes, afetam o ciclo de uma cultura. Muito mais conhecidos como produtos químicos, pesticidas, praguicidas ou produtos fitossanitários. Dentre esses, o produtos químicos é o termo utilizado pela legislação brasileira.

Entre os defensivos agrícolas são encontrados produtos que controlam plantas espontâneas (herbicidas), insetos (inseticidas), fungos (fungicidas), bactérias (bactericidas), ácaros (acaricidas) e ratos (rodenticidas). Também são considerados defensivos agrícolas os reguladores de crescimento, que aceleram o amadurecimento e a floração de plantas.

Já as pragas são consideradas todos os organismos vivos, como insetos, ácaros, fungos ou plantas daninhas, que causam prejuízos às plantas cultivadas, produtos armazenados ou aos animais.

No segundo semestre do ano, ocorre uma elevação na venda de defensivos, e por conseguinte, o preço também é elevado. Isso está associado ao início da plantação de nova safra. Daí o fato de muitos agricultores estarem antecipando a aquisição dos defensivos e outros insumos. Ou seja, estão encontrando uma alternativa que é adquiri-los quando o câmbio se apresenta favorável antes do começo da safra.

Cuidados na aquisição de defensivos agrícolas

Para ser considerado de boa qualidade, é importante que o período de  validade esteja adequado, bem como o lacre, que não deve ter qualquer sinal de violação. Além disso, observe se o rótulo do produto está em perfeito estado. Sua aquisição deve ser feita junto a revendas e distribuidoras autorizadas pelo fabricante.

Conhecer a legislação, nesse caso, é fundamental para transportar cargas perigosas, como são os  produtos fitossanitários. Boa parte dos revendedores faz entrega. Faça uso deste serviço sempre que possível.

Quando não se pode obter os defensivos agrícolas, por entrega, é importante que sejam levadas em conta as condições do veículo em que os mesmos serão transportados, para que não haja qualquer contato com outros produtos, em especial, medicamentos, alimentos e pessoas.

É preciso ainda, que se obtenha a ficha de emergência de cada produto adquirido. Afinal, é ela quem irá orientar sobre os cuidados e providências a serem adotadas  em caso de acidentes.

Deve estar em lugar acessível, e de fácil visualização o kit de emergência (cones sinalizadores e placas de advertência). Isto porque é sabido que acidentes com produtos químicos podem trazer problemas graves para o homem e meio ambiente, assim, as principais providências devem ser isolar a área, não abandonar o veículo e usar os equipamentos de proteção individual (EPI). Caso ocorra vazamentos é urgente que seja contido, com os materiais apropriados. Nesse caso, pode ser necessário o apoio da polícia rodoviária, bombeiros e fabricantes.

O produto que não será usado logo depois de adquirido, deve ser guardado em local seguro, isolado, arejado e trancado para que não haja risco de contaminação ambiental ou manuseio por pessoas despreparadas.

Ter uma reserva de material absorvente (serragem, cal e areia) é uma importante medida a ser adotada. E, os mesmos devem estar disponíveis no local, como também extintores de incêndio, EPI e torneira com água. Alertas devem ser utilizados de forma a serem visualizados à distância, sobre a presença de produtos tóxicos, bem como separar inseticidas, fungicidas e herbicidas, e ainda, é preciso lembrar que os produtos precisam ser mantidos em suas embalagens originais, armazená-los sobre estrados e deixar espaço para circulação.

Observe também o estado do equipamento (não utilizar os que apresentem vazamentos), o local onde é guardado (evitando avarias) e os cuidados com a lavagem depois do uso (se possível separar os utilizados com herbicidas daqueles com outros defensivos).

É importante ter uma atenção na hora de fazer a aplicação dos defensivos agrícolas, e sempre contar com pessoal treinado, para ler e entender os rótulos dos produtos, como também dispor de um técnico para acompanhar as aplicações.

A aplicação adequada de um defensivo agrícola evita que ocorram problemas de ineficiência ou de danos fitotóxicos à cultura, bem como gastos desnecessários. Desta forma, esta equipe ou o aplicador deve ser treinado para definir o bico de pulverização adequado, determinar a dose recomendada é usar os EPI apropriados: viseira ou óculos, respiradores (máscaras), macacão e avental, botas e luvas.

Manejo integrado de pragas

Assim como qualquer outra técnica da agricultura, os defensivos agrícolas não devem ser utilizados isoladamente, mas sim associados a um contexto conhecido como MIP – Manejo Integrado de Pragas.

O MIP é composto por um conjunto de ferramentas que visa o melhor manejo de uma determinada praga. Os defensivos agrícolas podem estar associados a diferentes técnicas do MIP. Também podem ser utilizados em diversos momentos, desde o tratamento de sementes até a prevenção ou controle de pragas durante o desenvolvimento da cultura.

Em cada cultura se faz necessário o monitoramento de cada ciclo, a fim de verificar a presença de pragas que possam potencialmente causar prejuízos à lavoura. Desta forma, será possível determinar quando será preciso utilizar, ou não, um determinado tipo de defensivo agrícola: químico, físico ou biológico.

Uma das primeiras técnicas de manejo a serem adotadas no MIP é o uso de variedades resistentes, obtidas por meio do melhoramento genético de plantas.

A chamada culturas Bt, implica no uso da biotecnologia, ou seja, o  melhoramento genético das plantações que além de ter permitido o avanço de muitas culturas, também permite que por meio de técnicas de biotecnologia, as plantas desenvolvidas se tornem mais  resistentes a insetos e pragas.

O uso de variedades que contêm esse tipo de tecnologia reduziu a necessidade de utilização de defensivos químicos no controle de pragas.

Avião agrícola aplicando defensivo agrícola em plantação de grãos.

Legislação para uso de defensivos agrícolas é rigorosa

Mediante uma série de mudanças na legislação brasileira, sempre que ocorrer alguma mudança, no que tange aos defensivos agrícolas, o governo federal pública as alterações, no portal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e foi o que fez numa das mais recentes alterações, que vieram através do Decreto Nº 10.833, cujo objetivo foi mudar algumas das regras de produção, pesquisa, registro, utilização, importação e exportação de produtos químicos, no país. Os principais objetivos são reformular o processo de análise de registros, facilitar a pesquisa com defensivos agrícolas e viabilizar inovações tecnológicas e implementar ações para proteger os aplicadores destes produtos.

O decreto publicado hoje altera o Decreto 4.074, de 2002, que regulamenta a Lei 7.802, de 1989. As mudanças foram necessárias para atualizar dispositivos da legislação que já estavam ultrapassados, em função de avanços práticos e tecnológicos e na ciência ocorridos no setor. O próprio decreto anterior já tem sido alterado ao longo dos anos para se adequar às novas realidades e demandas do setor agropecuário do Brasil.

A legislação brasileira é bastante rígida quanto à preservação ambiental relacionada ao uso de defensivos agrícolas. A Lei nº 6938 de 31 de Agosto de 1981 (Decreto regulamentador nº 99274 de 6 de junho de 1990) dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, estabelecendo critérios para a avaliação de impactos ambientais e controle permanente de atividades potencialmente poluidoras, visando à compatibilização do desenvolvimento econômico com a proteção do meio ambiente.

Já a Lei nº 9605 de 12 de fevereiro de 1998 e seus Decretos n° 3179/98 (Crimes Ambientais) n° 6514/08 (Substâncias Tóxicas Perigosas ou Nocivas) dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente e estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações.

A Lei de produtos químicos nº 7802, de 12 de julho de 1989, regulamentada pelo Decreto nº 4074/02, dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de produtos químicos, seus componentes e afins.

A Instrução Normativa nº 4, de 18 de fevereiro de 2009, determina a apresentação de pedido de avaliação ambiental para fins de registro ou pesquisa de novas moléculas, por meio eletrônico (SISREQ e SISRET), o que representou um grande avanço na velocidade operacional da avaliação de periculosidade ambiental (Ibama, 2009).

Uma vez concedido o registro, a validade é indefinida. Já a Resolução nº 334, de 3 de abril de 2003, dispõe sobre os procedimentos de licenciamento ambiental de estabelecimentos destinados ao recebimento de embalagens vazias de produtos químicos, disciplina a destinação final de embalagens vazias e determina as responsabilidades para o agricultor, para o revendedor e para o fabricante.

De maneira geral, os requisitos técnicos adotados para produtos agropecuários, nos países desenvolvidos, são bem mais altos que os prevalecentes em países em desenvolvimento, envolvendo custos mais elevados.

De 140 mil novas substâncias sintetizadas a cada ano, apenas 500 são selecionadas como possíveis candidatas a ingredientes ativos de novos defensivos agrícolas. O processo de desenvolvimento de um novo defensivo agrícola é longo, laborioso, requer pessoal especializado e alto investimento.

Dentre elas, 50 vão para ensaios de campo e apenas duas são apresentadas para registro. Somente uma se perpetua no mercado. Este processo, que dura de 10 a doze anos, representa um custo aproximado de US$ 200 a US$ 250 milhões de dólares. Como a duração de uma patente é de 20 anos, a molécula em questão pode ser explorada comercialmente, em caráter exclusivo pela empresa registrante, por um período de 8 a 10 anos.

10 principais pragas na lavoura

Pragas na lavoura podem causar danos irreversíveis à produção. Segundo o livro “Defesa Vegetal — Fundamentos, Ferramentas, Políticas e Perspectivas”, divulgado pela FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), as perdas no Brasil podem chegar a R$ 55 bilhões por ano em decorrência desse mal.

O primeiro passo para proteger sua lavoura do ataque de pragas é conhecer esses agentes. Listamos a seguir os principais inimigos do agricultor brasileiro, conforme listados em relatórios do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Embrapa.

Helicoverpa armigera

A lagarta armigera foi recentemente identificada e chamou a atenção de agricultores e pesquisadores devido ao seu grande potencial de danos às lavouras de algodão, milho e soja.

Apesar de ela atacar toda a planta, a armigera normalmente se localiza na parte mediana para baixo, tornando o alvo muito escondido. Seu ataque começa na parte aérea, como folhas, flores, frutos, vagem e outros pontos de crescimento. As larvas da lagarta atacam flores, sementes e ramos.

Broca-do-café (Hypothenemus hampei)

A broca-do-café perfura os grãos causando uma destruição parcial ou total na parte interna. Ela ataca o fruto em diversos estágios: maduro, verde, passas ou secos ainda úmidos. Elas se alimentam do caroço e depositam seus ovos, de onde sairão as larvas que se tornarão insetos adultos. Após a penetração das brocas no grão, não há mais como fazer o controle.

Somente pela perda de peso causada pelas perfurações, segundo artigo publicado pelo pesquisador  José Nilton Medeiros Costa, da Embrapa Rondônia, o prejuízo econômico pode chegar a 21% (12,6 kg a cada 60 kg). O café também perde em qualidade, reduzindo seu valor comercial.

Uma vez que fizer a pulverização enquanto a broca está dentro do grão tem pouco efeito, é importante que o agricultor descubra a fase de transição (quando o inseto sai de um fruto já destruído para outro). Isso é importante porque o principal produto de controle funciona por contato com a praga.

Mofo Branco (Sclerotinia sclerotiorum)

Diferentes lavouras, como soja e feijão, podem ser afetadas pela também conhecida como Podridão Branca, a doença causada pelo fungo gera grandes prejuízos à produtividade dessas plantações. O agente da praga se concentra principalmente nas sementes, sendo elas o principal meio de propagação.

Mesmo quando não há um hospedeiro em potencial no talhão, o Mofo Branco pode se instalar no solo por longos períodos, graças à sua estrutura resistente. Sua sobrevida nessa fase pode chegar a dez anos.

Cochonilhas (Dactylopius coccus)

As cochonilhas são pragas muito comuns que atacam as hortas e podem ser identificadas por pequenos amontoados brancos, semelhantes ao algodão. Podem se depositar em folhas, brotos, caules ou ramos. Quando ameaçadas, podem expelir uma substância de cor carmim (ácido carmínico), aproveitado pela indústria alimentícia como corante.

Mosca-das-frutas (e do caribe)

Segundo estudo realizado pelos pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, calcula-se uma perda de 30% a 50% da produção de pomares cítricos infestados pelas moscas. Esse tipo de praga é composto por três tipos de moscas, a saber: mosca do Mediterrâneo (Ceratitis capitata); mosca sul-americana (Anastrepha fraterculus); mosca-da-mandioca (Neosilba spp.), da família Lonchaeidae.

Os machos se aglomeram nas folhas, e as fêmeas depositam seus ovos no fruto. Quando as larvas se desenvolvem plenamente, saem do fruto e vão para o solo. Esse período pupal pode durar de 13 a 17 dias.

Produção de frutas bate recordes no Brasil em 2021

Ácaros

Os ácaros são pequenos aracnídeos responsáveis por doenças em diferentes lavouras. Eles se desenvolvem na parte inferior das folhas, causando amarelecimento e rugas no tecido e morte dos brotos. Existem diversas espécies de ácaros-praga que atacam diferentes lavouras. O Brevipalpus chilensis, por exemplo, ataca principalmente pomares de kiwi e uva. Já na soja, há seis espécies associadas, como o ácaro-verde e o ácaro-rajado.

Ferrugem da soja (Phakopsora pachyrhizi)

Esse fungo se espalha pelo ar, elevando consideravelmente seu potencial de destruição. Por isso, é uma das pragas na lavoura que mais preocupam os sojicultores.

A ferrugem da soja é responsável pela desfolha precoce da planta, o que impede a formação completa dos grãos. Isso reduz substancialmente a produtividade da safra.

Os sintomas são percebidos por meio de pequenos pontos escuros na superfície foliar superior. Já na parte inferior da folha, formam-se pequenas verrugas (urédias). É ali que o fungo desenvolve seus esporos (uredósporos).

Mosca branca (Bemisia tabaci)

Essa praga é um vírus transmissor que se vale da mosca branca para atacar diversas culturas e não é fácil de ser controlada. Os produtos que estão disponíveis no mercado têm um alto potencial de desenvolver resistência genética no inseto, de modo que é importante alternar os mecanismos de ação.

Por exemplo, no feijoeiro, ele transmite viroses chamadas mosaico dourado e mosaico anão, que trazem grandes danos à planta, especialmente no período de florescimento. Devido ao seu alto nível de destruição, ela é considerada como um grande risco econômico ao agronegócio.

Bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis)

É considerada a principal praga do algodão no Brasil, tanto que o governo tem iniciativas específicas para controlar o inseto. De acordo com levantamento realizado pelos pesquisadores José Ednilson Miranda e Sandra Maria Morais Rodrigues, pesquisadores da Embrapa Algodão,o bicudo é responsável por perdas superiores a 200 dólares por hectare, o que equivale a quase 10% do custo total de produção.

Controle de pragas em ferrovias

A BASF oferece o herbicida com uma solução que apresenta amplo espectro de controle de gramíneas anuais e perenes, plantas daninhas de folhas largas, ciperáceas e arbustos presentes em áreas não agrícolas. Isso porque é conhecida a incidência de plantas daninhas em áreas não agrícolas que causam inúmeros prejuízos operacionais e financeiros às ferrovias e subestações de energia. Também, é uma preocupação constante a ocorrência de infestantes nas margens das rodovias e em oleodutos.

O herbicida é eficiente no manejo de aproximadamente 30 plantas infestantes como caruru, picão-preto, tiririca, capim-amargoso, corda-de-viola, leiteiro e buva.

Possui uma atividade residual, contribuindo para o controle de plantas daninhas em pré-emergência por até 200 dias. Vale ressaltar, também, que a eficiência do produto não é impactada pelas chuvas que possam ocorrer até duas horas após a sua aplicação.

Além de controlar as plantas daninhas já estabelecidas, a fórmula evita o desenvolvimento de novas infestantes encontradas nas linhas de trens, margens de rodovias, oleodutos e subestações de energia.

Links pesquisados

www.boaspraticasagronomicas.com.br

www.aegro.com

www.agencia.cnptia.embrapa.br

www.agrolink.com.br

www.jacto.com.br

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