Fertilizantes sustentáveis: mundo atual pede que o agro faça essa aposta

Fertilizantes sustentáveis: mundo atual pede que o agro faça essa aposta

A guerra na Ucrânia pode ser o incentivo decisivo para uma onda de inovações sustentáveis na agricultura brasileira. Assim como a dependência do gás russo força os europeus a acelerarem a busca por fontes de energias limpas, a perspectiva de interrupções no fornecimento de fertilizantes expõe uma vulnerabilidade semelhante nas plantações daqui.

O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, e o maior importador. Somente a cultura da soja consome 40% do insumo aplicado no país, segundo a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos. Ainda não está claro qual será o efeito da guerra nessa cadeia de suprimentos, mas os sinais apontam para um conflito prolongado no Leste Europeu.

 

O Plano Nacional de Fertilizantes que o governo federal lançou em março deste ano, previu uma redução de 85% para 60% da participação dos insumos estrangeiros na agricultura brasileira – nos próximos 30 anos. Essa conta reflete apenas um aumento da produção nacional dos mesmos insumos hoje importados. Mas o setor agropecuário brasileiro deverá dar outro salto em paralelo com a produção de produtos mais sustentáveis ao longo deste período.

Afinal, hoje já existem avanços importantes que vão do hidrogênio verde aos bioinsumos. E, todos eles, já em desenvolvimento no Brasil, com potencial de não apenas proteger os produtores nacionais de choques externos, como também de descarbonizar o campo e tornar nossos grãos e proteínas mais atraentes para o resto do mundo.

Brasil está no top 4 de maior consumidor de fertilizante do mundo

De acordo com dados da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) e divulgados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo, sendo que cerca de 85% são importados. Essa relação de alta dependência do mercado internacional faz com que os produtores brasileiros estejam sempre à mercê das taxas cambiais e da disponibilidade da oferta, dificultando a negociação dos preços.

Com a alta do dólar batendo recorde nos últimos meses, os fertilizantes estão mais caros, elevando os custos de produção da maioria das lavouras brasileiras. Isso porque, apesar do clima do país favorecer o cultivo da maioria das culturas, a deficiência natural dos solos faz com que a correção e adubação seja essencial para uma boa produtividade.

Hidrogênio verde é uma opção prática para fertilizantes sustentáveis

A agropecuária brasileira responde por 28% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil. Desse total, quase 10% vêm dos fertilizantes nitrogenados.

Além de liberar óxido nitroso, um dos mais nocivos gases causadores do efeito estufa, eles emitem enormes quantidades de CO2 em sua produção.

A base desse insumo é a amônia, produzida com o hidrogênio presente no gás natural. Cada tonelada de amônia resulta em duas toneladas de CO2 despejados na atmosfera.

Uma das apostas da nascente economia do hidrogênio verde (ou H2V, obtido via eletrólise da água) é obter uma amônia com baixa, ou até nenhuma, emissão. E a indústria de fertilizantes deve ser uma das principais viabilizadoras do H2V.

A Yara, gigante norueguesa dos fertilizantes, espera começar a produção de amônia verde em Cubatão (SP) no ano que vem. Em vez de gás natural, a empresa vai utilizar biometano comprado de uma joint-venture da Raízen com a Geo Biogás & Tech.

O Brasil é apontado como um dos países mais bem posicionados para liderar a produção de hidrogênio verde. Além de atender à demanda internacional, um dos objetivos do plano que vem sendo elaborado pelo Ministério de Minas e Energia é a criar um mercado interno para o hidrogênio ou a amônia verde – e a indústria de fertilizantes nitrogenados já está aí.

Em agosto do ano passado, foi retomada a produção de fertilizantes nitrogenados na antiga Fafen-SE, planta que pertencia à Petrobras e foi arrendada pela Unigel.

Logística na área rural é fundamental para escoamento da produção

A fábrica hoje usa combustíveis fósseis como matéria-prima, mas é uma candidata natural a dar o pontapé inicial nessa economia de baixo carbono – produzindo adubos verdes, baseados em insumos 100% brasileiros.

A população mundial deve chegar a 9,3 bilhões de pessoas até 2050, segundo projeções do United States Census Bureau. Isso significa um aumento de 20% em relação aos 7,7 bilhões de pessoas atuais. Já a demanda de produção de alimentos deve crescer 70% até 2050, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO).

Um dos grandes desafios da nutrição agrícola e, por extensão, do mercado de fertilizantes, é a falta de compreensão da população, em especial a urbana, do que sejam esses insumos. Uma grande parte da população confunde os fertilizantes com insumos mais agressivos, que trazem efeitos prejudiciais ao solo e ao meio ambiente.

O desenvolvimento de tecnologias que tragam soluções mais inteligentes, como por exemplo os fertilizantes que contenham macro e micronutrientes, é muito importante para que a agricultura possa superar os desafios de produzir mais e com mais qualidade.

 

Pó de rocha: são boas as chances de se tornar alternativa de fertilizantes sustentáveis

 

“São materiais já disponíveis, eficientes e que não trazem problemas ambientais como contaminação do solo e da água – e ainda podem sequestrar CO2 e armazená-lo”. É assim que Suzi Huff Theodoro, geóloga e professora da Universidade de Brasília, define o pó de rocha.

Como o próprio nome já diz, o pó de rocha é um composto de rochas moídas que, quando acrescentadas ao solo, funciona como fertilizante, ou seja, oferece nutrição às plantações. O comércio desses remineralizadores, como também são conhecidos, foi viabilizado pela lei nº 12.890, de 10 de dezembro de 2013.

A pesquisadora diz que pequenas e médias empresas de mineração que já exploram rochas que servem como remineralizadores de solo podem atuar no ramo, basta obter registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Isso impediria o risco ambiental de novas extrações de rocha.

 

Fertilizantes orgânicos são um diferencial para o produtor rural

Podendo ser aplicado em largas escalas, os fertilizantes orgânicos ou biofertilizantes também podem substituir os produtos químicos que estão sendo afetados pela alta do dólar. Em geral, esses compostos são feitos com resíduos de origem animal, vegetal, urbano ou até mesmo industrial.

 

Apesar da alta eficiência nutricional dos adubos orgânicos, é importante ressaltar que a liberação dos nutrientes no solo é mais lenta do que a dos produtos químicos. Isso porque ela é feita por processos naturais de digestão e mineralização através de microrganismos.

 

Os exemplos mais comuns de fertilizantes orgânicos que podem ser usados nas lavouras são: dejetos animais; vinhaça; torta de filtro e compostos orgânicos.

 

Organomineral é combinação perfeita para a plantação, de forma sustentável

O fertilizante organomineral é aquele que combina uma fonte orgânica de carbono com os minerais que a planta necessita para crescer e produzir bem. Um dos diferenciais e dos grandes benefícios da utilização de fertilizantes organominerais está no uso de substâncias orgânicas encontradas na formulação do produto.

Os organominerais auxiliam a entrada dos nutrientes complexos na planta, e sua fração orgânica é fonte de energia, aminoácidos e ácidos fúlvicos, a partir do extrato de algas do gênero Ascophyllum.

Esses fertilizantes são provenientes de materiais orgânicos disponíveis no meio ambiente e não comprometem a qualidade da produção. Apresentam bons resultados na agropecuária, melhorando a eficiência de absorção pela planta e reduzindo o uso de fertilizantes químicos e os custos de produção.

Ainda assim, quando combinam macro e micronutrientes na sua formulação, conseguem agir em todo o metabolismo da planta, acelerando a produção de proteínas e açúcares. Com a alta eficiência no metabolismo das plantas, redução dos impactos ambientais e maior economia para os agricultores, os fertilizantes organominerais serão essenciais na segurança alimentar sem comprometer a natureza e o meio ambiente.

 

Links pesquisados: 

www.capitalreset.com

www.uol.com.br

www.summitagro.estadao.com.br

www.amazonagrosciences.com.br

www.verde.ag

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