Logística na área rural é fundamental para escoamento da produção

Logística na área rural é fundamental para escoamento da produção

Com um grande volume de produção agrícola, o Brasil é um país que tem uma intensa movimentação de cargas durante vários períodos do ano. Esses diferentes produtos dependem diretamente das rotas de escoamento para chegar nos distribuidores e, assim, honrar o compromisso com compradores e com a exportação, importante fonte de renda do país. Para redistribuir a demanda e já prevendo que o volume de cargas vai triplicar até o ano de 2023, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), elaborou o Plano Nacional de Logística de Transportes. O primeiro passo foi aprovar a lei para a reconstrução e ampliação da malha ferroviária do país.

Quando se fala em logística e infraestrutura de transportes e armazenagem, a situação é diferente. Se há algo que pesa nos custos de produção e impede o agronegócio brasileiro de ser ainda mais competitivo, são os problemas enfrentados por quem produz na hora de escoar a safra.

De acordo com o DNIT, 58% da movimentação de cargas no Brasil são feitos pelas rodovias, quando o ideal seria 30%.  É o mesmo aproveitamento que deveria ser feito das hidrovias, que hoje respondem por apenas 13%. As ferrovias deveriam ser a principal modalidade utilizada para esse tipo de frete, passando sua capacidade de 25% para 35%.

Diferentes modais são necessários para incrementar a logística do campo

Em sua longa extensão, o Brasil é um país com rotas de escoamento bem definidas e que, ano após ano, são a base do desenvolvimento das atividades de produtores, seja no comércio interno, seja na exportação. Nos períodos de colheita de safra, cada um desses trajetos, em seus diferentes modais, recebem um pico de utilização — no entanto, devidamente planejado e esperado ao longo do ano.

No Brasil, as rotas de escoamento estão objetivamente divididas em ferrovias, portos e rodovias. Com maior concentração em alguns meios do que outros, é por esses caminhos que as produções chegam aos seus destinos, seja na distribuição, seja ao comprador interno.

Pouco desenvolvida, a malha ferroviária poderia ser uma importante via para desafogar os gargalos existentes, ainda, em diversas partes do território brasileiro. No entanto, faltam linhas férreas de longas extensões que possam oferecer um melhor suporte ao escoamento das safras. Outro problema é a baixa velocidade no deslocamento, o que também requer um planejamento logístico ainda mais preciso.

Com as obras nas ferrovias encaminhadas, o governo federal prepara um plano hidroviário. O projeto deve ser divulgado ao longo do ano e as prioridades devem ser a hidrovia do Tocantins, no Centro-oeste, com dois mil quilômetros navegáveis, e a Tapajós-Teles Pires, que vai ligar o norte de Mato Grosso ao Porto de Santarém, no Pará, com 1,5 mil quilômetros.

Gás metano: Propriedades rurais adotam essa fonte de energia

“O Ministério dos Transportes não foi capaz de gastar seu orçamento nos últimos cinco anos. Nós temos uma média de que o Ministério gaste em torno de 30% a 35% daquilo que orçou. É capaz de empenhar esse volume e não chegar à metade. Se nós chegarmos a um nível superior, aí sim seremos premiados com o melhor resultado”, avalia o presidente da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Ministério da Agricultura, Marcelo Perrupato.

Segundo Perrupato, se com um PIB de R$ 3 trilhões, o Brasil investisse R$ 30 bilhões por ano, em um prazo de 25 anos, o país se colocaria como a primeira nação com forte competitividade no cenário mundial.

Para os agricultores, 25 anos é muito tempo. Principalmente em um momento de expansão do agronegócio e quando o país se consolida como um grande produtor mundial de alimentos. Como se não bastasse a infraestrutura de transportes insuficiente, ainda existem os problemas de armazenagem.

O Brasil tem capacidade para estocar 125 milhões de toneladas de grãos. O ideal seria armazenar até o dobro da produção agrícola nacional, que na última safra foi de 144 milhões de toneladas.

Hidrovias e rodovias são a base, no que tange ao escoamento da produção, na logística rural

As hidrovias são os caminhos marítimos, bastante desenvolvidos e com grande demanda no Brasil. O transporte de navio, muitas vezes, é feito até mesmo entre outras nações, mas, quando se trata de rotas de escoamento, o ponto mais importante é a entrega aos portos.

As rotas rodoviárias são as mais importantes, já que no Brasil o principal meio de transporte de carga são os caminhões. Naturalmente, isso acontece porque há mais trajetos importantes e capazes de oferecer o deslocamento adequado, especialmente nas épocas de colheita.

Ainda que o modal rodoviário tenha impacto grande na facilitação desse escoamento, ele ainda não se apresenta dentro das condições de infraestrutura necessárias. O principal problema enfrentado é a baixa conservação das estradas e, ainda que com opções extensas, o fluxo intenso de caminhões transitando por essas rotas nos períodos de escoamento.

Uma realidade que afeta o período de escoamento é o alto fluxo de transportadores, principalmente, nas estradas do Brasil. Assim, com a opção das ferrovias e, principalmente, das malhas hidroviárias, é possível distribuir o escoamento da safra, evitando congestionamentos e dificuldades no período de transporte desses volumes.

Uma parte da produção também demanda cuidados especiais, devido ao risco de perecibilidade e às necessidades mais específicas e dedicadas à conservação dos produtos. Por conta disso, o fator urgência também entra em questão, ou seja, esse escoamento precisa ser feito o mais rápido possível. Isso só se torna viável quando há amplas opções de rotas, em diferentes meios.

Mais planejamento pode ser uma das vias para melhorar a logística da produção Brasil

O planejamento é uma importante etapa no trabalho das rotas de escoamento, permitindo que haja uma logística mais organizada e que contemple todo o volume de transportes demandado pela colheita das safras. Neste trabalho, o Ministério da Infraestrutura tem um importante papel prévio, definindo ações para garantir que trechos decisivos tenham as melhores condições.

Com ganhos de produtividade nas fazendas, a produção agrícola no Brasil enfrenta problemas da porteira para fora. Segundo o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins da Silva Júnior, a alta carga tributária e a falta de estrutura para o escoamento da produção, com estradas ruins e portos obsoletos e caros, são os principais entraves para o agronegócio no país.

Pelos cálculos da CNA, os custos logísticos fora da fazenda equivalem, em média, a quatro vezes os custos argentinos e norte-americanos, por causa da falta de infraestrutura.

O coordenador do Núcleo de Logística, Supply Chain e Infraestrutura da FDC (Fundação Dom Cabral), Paulo Resende, destaca que as deficiências já representam um entrave, pois elevam o custo do transporte e impactam a cadeia de suprimentos, do produtor ao consumidor final.

Um dos principais problemas é a insuficiente malha ferroviária, fator que já foi apontado pelo estudo da CNT Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho. Segundo o levantamento, a pouca disponibilidade de ferrovias é considerada problema grave ou muito grave por 83,3% dos embarcadores.

O Brasil tem 3,4 quilômetros de infraestrutura ferroviária para cada 1.000 km2 de área. Os Estados Unidos, principal concorrente do Brasil, têm 22,9 quilômetros, e a Argentina, que também disputa mercados com o país, tem 13,3 quilômetros.

Mais infraestrutura é a única forma de ampliar as opções disponíveis em logística terrestre

A infraestrutura logística é um dos mais importantes pontos quando se pensa em rotas de escoamento. É necessário que esses caminhos estejam prontos para receber o alto volume de caminhões, não só em relação ao fluxo de veículos, mas também, nas condições. Essa preocupação ajuda a manter as condições perfeitas também aos trabalhadores.

Quanto mais rotas e trechos à disposição, mais dinâmico pode ser esse trabalho de escoamento das safras. Essa é uma demanda que, na realidade, também se trata de parte das requisições de investimento em infraestrutura, no entanto, com foco na extensão das rotas disponíveis. Desenvolver as malhas existentes é garantir que todos os modais tenham mais possibilidades.

Por mais que o transporte terrestre seja o favorito e mais utilizado, seria importante construir ainda mais portos e buscar melhorias em outros modais. Quando há mais rotas disponíveis, a competitividade aumenta, o custo dos fretes tende a ficar menor, e os produtores têm melhores opções de transporte, de acordo com diferentes necessidades.

Trechos críticos precisam ser vistos com maior atenção e com uma dedicação extra por quem cuida da infraestrutura logística das rodovias, principalmente. No Brasil, há muitas partes em que há fatores prejudiciais, como curvas perigosas, baixa conservação das estradas, regiões com altos índices de roubos e, até mesmo, um fluxo de caminhões bem mais alto do que em outros trechos.

Recentemente, os principais trabalhos nesse sentido foram para a BR-163, entre Pará e Mato Grosso, e também pelo trecho conhecido como Arco Norte, que tem recebido um grande fluxo de caminhões.

Lonas é item essencial para um escoamento, ainda mais seguro da produção, Brasil afora

As lonas para caminhão têm importante papel no transporte de cargas, seja durante os períodos de trânsito das safras, seja no trabalho cotidiano dos caminhoneiros. É praticamente impossível ver nas estradas algum veículo, a não ser os de tanque, que circulam sem as lonas. Isso acontece, primeiramente, porque há questões legais envolvidas, mas também pelo seu papel fundamental.

As lonas são a principal proteção das cargas durante extensas rotas de transporte, garantindo que não haja a perda do volume e que esses produtos não sofram modificações ou se estraguem

Os materiais de confecção são impermeáveis, o que permite que não haja problemas em trajetos com chuva, e os diferentes tipos de manufatura também são capazes de gerar menos impactos em dias mais úmidos ou, até mesmo, de sol forte. As lonas são acessórios fundamentais e que não podem ser deixados de lado, já que as condições climáticas diferentes são inevitáveis.

Problemas no trajeto

Outro problema que pode acontecer é a perda de volumes durante o trajeto, ou seja, parte da carga cair durante curvas, elevações na pista, ou em qualquer outra situação. Esse é um risco concreto quando não há um sistema de proteção eficiente para a carga. Por isso, a lona é o recurso mais simples e eficaz ao vedar toda a área em que os produtos estão.

Os produtores rurais da região centro-oeste são os que encontram maior dificuldade para escoar a safra. A dependência das rodovias e a falta de investimentos nas ferrovias e hidrovias resultam em custos mais elevados. Na última safra, a produtividade foi de 52 sacas por hectare. Um pouco abaixo da média, mas a maior reclamação é em relação ao preço pago pelas cooperativas e tradings, que descontam mais de R$ 2 por saca para cobrir o frete.

O Brasil é um país com dimensões continentais. Diante desse cenário, reduzir os custos com a logística é um ponto diferencial de sustentabilidade para o agronegócio em geral, especialmente no setor de grãos pela grande quantidade exportada anualmente.

Links pesquisados

www.sansuy.com.br

www.canalrural.com.br

www.sensix.ag

www.agenciabrasil.ebc.com.br

www.cnt.org.br

Compartilhe este post

Share on facebook
Share on google
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email