A logística rural é viga mestra para o sucesso do agronegócio no mundo

A logística rural é viga mestra para o sucesso do agronegócio no mundo

Investimentos devem ser a principal lógica para o setor da logística rural a fim de melhorar o escoamento da produção

 

A previsão para 2022 é uma safra de grãos recorde (289 milhões de toneladas), 14% a mais que a safra do ano passado, favorecida pelo clima. No entanto, o custo de produção deve ser um dos mais altos da história, devido ao cenário de permanência de alta dos custos com os insumos. O grande desafio do agronegócio está no setor logístico. Confira o podcast no blog Buscar Rural sobre o escoamento da produção brasileira.

Em 2021, o produtor rural já conviveu com o aumento de mais de 100% nos custos com fertilizantes e defensivos para culturas como soja e milho e a tendência para este ano é de que este quadro se mantenha.

A logística no agronegócio, ou logística rural, é um ramo da administração responsável por toda a movimentação e armazenamento de suprimentos e produtos agroindustriais.

 

Um dos principais desafios do produtor é com o transporte de cargas vivas, ou de grãos. Com a falta de linhas ferroviárias, as empresas dependem muito das estradas, que nem sempre estão seguras ou nas melhores condições. Faz parte do agronegócio toda a cadeia produtiva pecuária e/ou agrícola. No Brasil, esse setor é uma das principais fontes de receita, com a exportação de carne bovina e suína, grãos, vegetais e frutas. Representa 25% do PIB nacional, além de ser um dos principais responsáveis pelo saldo positivo da balança comercial.

 

O país tem condições favoráveis para a agricultura e pecuária em geral, como o clima e condições do solo. Por isso, boa parte da produção mundial de alimentos é feita no Brasil. Entretanto, o produtor agrícola enfrenta algumas dificuldades em relação a logística do agronegócio.

 

Baixa qualidade de logística rural ainda é o gargalo do agronegócio no Brasil

 

Quando aplicada ao agronegócio, a logística lida com fatores ainda mais importantes e sensíveis. Quase todos os produtos são perecíveis e “exigentes” com relação a condições de armazenagem e transporte. Além disso, a operação toda é dependente de ciclos produtivos (safras), isto é, é irregular e com períodos de pico inevitáveis e especialmente perigosos.

A logística de suprimentos refere-se à distribuição de insumos para os produtores rurais e agroindústrias, essenciais para o desenvolvimento dos produtos e funcionamento da agricultura, pecuária ou agroindústria.

Em contrapartida à logística de suprimentos, a logística de distribuição refere-se ao escoamento da produção agropecuária. Nela se concentram os principais custos logísticos, principalmente quando envolve a exportação das mercadorias.

Trata-se da etapa mais delicada da logística no agronegócio, pois envolve cargas de grande volume e com diferentes exigências de embalagem, armazenagem, temperatura, umidade relativa do ar, entre outros fatores essenciais para proteger a mercadoria.

Principalmente quando se trata da logística de commodities como a soja e o milho, para distribuição interna ou importação, a cadência de operações como carga, transbordo e armazenagem faz toda a diferença na lucratividade do segmento.

Para atingir um alto desempenho na logística de distribuição, uma comunicação ágil e precisa entre os envolvidos é fundamental. Só assim é possível garantir que as operações aconteçam no tempo e volume planejados, pelos valores combinados entre as partes, sem prejuízos.

 

A armazenagem é outro desafio a ser vencido no que tange a logística do agro

O Brasil alimenta quase um bilhão de pessoas ao redor do mundo, o que é uma imensa responsabilidade para garantir sua segurança alimentar. Essa responsabilidade também é da cadeia logística pós-colheita, principalmente do setor de armazenagem de grãos.

A capacidade estática de armazenagem de grãos não tem acompanhado o crescimento da produção brasileira, apesar de todos os esforços que existem dos governos que vem se sucedendo em investir na área.  O déficit tem sido crescente e alcançará em torno de 90 milhões de toneladas esse ano, um recorde negativo. Não fosse a frustração de safra no sul do país, ele chegaria a mais de 110 milhões de toneladas, o que poderia causar um verdadeiro caos logístico no país.

O Brasil não está em um estágio de produção madura como, por exemplo, estão os Estados Unidos. A cada ano o agronegócio brasileiro, em média, produz 10 milhões de toneladas de grãos a mais. Essa produção circulando demanda mais caminhões, rodovias, portos, entrepostos logísticos e sistemas de armazenagem.

O produtor está ganhando eficiência e produtividade, apoiado pela pesquisa que lança novas variedades e híbridos todos os anos, desenvolve biotecnologia, orienta a correção dos solos e o plantio direto, sempre visando a sustentabilidade da produção.  O desafio do país é acompanhar essa onda oferecendo uma infraestrutura mais racional e suficiente para essa produção crescente.

Agronegócio é o motor da economia brasileira

Hoje, a armazenagem de grãos está muito concentrada em centros urbanos e pouco dentro de fazendas. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), mais de 80% dos armazéns estão nas cidades, indústrias e portos, e menos de 20% estão juntos às lavouras.

Incentivar a construção de armazéns de grãos na fazenda trará maior racionalidade ao processo logístico pós-colheita, maior controle e economia para os agricultores e maior segurança alimentar aos consumidores, pela distribuição da produção em armazéns em todo o território nacional.

Para zerar o atual déficit de armazenagem, o Brasil precisaria investir em torno de R$ 80 bilhões, e esse investimento deveria acontecer preferencialmente dentro das fazendas. A oferta de crédito em quantidade suficiente, prazo compatível e juros fixos são fundamentais para que o produtor invista em armazenagem.

O custo para construção de um sistema de armazenagem varia de R$ 900 a R$ 1.100 por tonelada estática – talvez hoje chegue a R$ 1.200 devido à alta no preço do aço. Só que desse total, apenas 45% a 50% está destinada aos equipamentos (silos, secadores, limpadores e transportadores), o resto são obras e serviços complementares ou de infraestrutura para implantar a obra.

 

Investir em transporte marítimo como a BR do Mar é a saída logística para o agro

Diversos projetos, públicos e privados, começam a sair do papel e a redesenhar o mapa logístico do agronegócio brasileiro. Entre as iniciativas que merecem destaque, está o projeto BR do Mar, os investimentos em portos, além de novas ferrovias e rodovias.

Um dos projetos que tramitam atualmente no Congresso Nacional é o chamado BR do mar. Essa iniciativa de cabotagem – que é o transporte marítimo entre portos – promete resolver um dos maiores gargalos da logística do agronegócio, que é a dependência da malha rodoviária. Essa é a opinião de Elisangela Lopes, assessora técnica da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura e da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

De acordo com Lopes, o projeto BR do Mar é o “sonho” do agronegócio brasileiro. Hoje, cerca de 85% dos grãos transportados pelas rodovias precisam viajar em média 1,5 mil quilômetros até chegar aos portos ou aos estados de destino. Com a aprovação dessa pauta no congresso, esse problema poderia ser minimizado com a utilização da extensa costa da qual o país dispõe.

José Vicente Caixeta Filho, professor titular da Esalq/USP e coordenador geral do Esalq-LOG, compartilha da mesma opinião. Ele destaca como a implementação desse projeto ajudaria a reduzir significativamente o chamado “custo Brasil” de nossos produtos, resolvendo o problema de logística grave em nosso país.

Outro ponto levantado de importante discussão é o impacto da BR do Mar para os caminhoneiros

Edeon Vaz Ferreira, diretor-executivo do Movimento Pró-Logística de Mato Grosso, acredita que a implementação do projeto não vai prejudicar, mas sim beneficiar os trabalhadores que trafegam pelas rodovias. Isso vai acontecer pela substituição dos trajetos longos pelos mais curtos, desde que o problema de velocidade de carga e descarga nos portos também seja solucionado.

Além da BR do Mar, outros projetos se destacam como soluções para eliminar o gargalo de logística do agronegócio brasileiro. O Marco Legal das Ferrovias, por exemplo, promete dar maior relevância para um tipo de transporte pouquíssimo explorado em nosso País: o ferroviário. Ferreira observa, entretanto, que o projeto precisa passar por revisões importantes antes de ser aprovado, especialmente para evitar o monopólio.

Lopes reforça que a perspectiva para a adoção do Marco Legal das Ferrovias é positiva, e os números mostram isso. Os 25 projetos de implementação de ferrovias (mesmo que nem todos sejam eventualmente aprovados) mostram que há interesse por parte do agronegócio de apoiar essa alternativa de transporte e escoamento dos insumos do setor.

 

Links pesquisados:

www.cnabrasil.org.br

summitagro.estadao.com.br

opresenterural.com.br

vertti.com.br

www.totvs.com

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