O agronegócio reúne o conjunto de atividades econômicas que derivam ou estão conectadas à produção agrícola e seu comércio
Também chamado de agribusiness, o agronegócio representa toda a cadeia produtiva econômica relacionada ao comércio e produção de produtos agrícolas e pecuários. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), nos últimos 25 anos, a área de plantio brasileira cresceu 53%. Além disso, houve um aumento de 260% da produção e de 135% da produtividade.
Tudo isso só reafirma que o agronegócio é uma área de grandes oportunidades no Brasil. Ao interligar diferentes atividades, permite que todos os meios de produção na agricultura tenham de alguma forma um jeito de ser direcionado para o mercado, seja o interno ou externo de modo a contribuir com a renda familiar, ou do País, como um todo.
O setor não se restringe à fazenda e à colheita. Existem vários exemplos de agronegócios, como empresas de fabricação de máquinas agrícolas, fornecimento de sementes e produtoras de agroquímicos.
Mulheres no campo: a força feminina no agronegócio
A agricultura é um dos setores econômicos que mais emprega pessoas no mundo. No Brasil, de acordo com dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o agronegócio brasileiro registrou a abertura de mais de 61 mil vagas em 2020. É o melhor resultado nos últimos 10 anos.
O objetivo do agronegócio é levar um produto agrícola ao mercado. Envolve todas as etapas necessárias, como produção, processamento e distribuição. O segmento sustenta o crescimento da agroindústria, fundamental para o crescimento econômico.
Essa é uma das razões pelas quais os governos costumam oferecer subsídios aos negócios agrícolas. Embora exista muita pressão global, afinal, cada país tenta se destacar em diferentes segmentos do agronegócio.
A plantação de produtos como trigo, milho e soja tendem a ser semelhantes, mesmo em locais diferentes, tornando-os commodities.
Manter-se competitivo exige que o agronegócio opere com mais eficiência, o que pode exigir investimentos em novas tecnologias, novas formas de fertilizar e regar as safras e novas formas de se conectar ao mercado global.
Fora isso, os preços globais dos produtos podem mudar rapidamente, tornando o planejamento agrícola uma atividade complicada.
Exportações em alta no agronegócio
De acordo com a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, as exportações do agronegócio alcançaram valores recordes para o mês de dezembro de 2021 e também para o ano passado. Foram US$ 9,88 bilhões, valor recorde para os meses de dezembro: 36,5% superior aos US$ 7,24 bilhões de 2020. Em 2021, o total exportado com o agronegócio resultou em US$ 120,59 bilhões, alta de 19,7%, em relação ao ano anterior.
Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), no ano de 2021, o saldo da balança comercial total brasileira foi de US$ 61,2 bilhões, resultado do superávit de aproximadamente US$ 105,1 bilhões dos produtos do agronegócio e do déficit de cerca de US$ 43,8 bilhões nos demais produtos.
Ainda segundo projeções da CNA, o PIB do agronegócio deve crescer 9,37% em 2021 e até 5% em 2022.
Agronegócio com safras recordes
A produção brasileira de grãos deve superar, pela primeira vez na história, os 270 milhões de toneladas. O 7º Levantamento da Safra 2020/21, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mostra que a produção de grãos está estimada em 273,8 milhões de toneladas, crescimento de 6,5% sobre a safra passada.
O crescimento dessa safra foi expressivo, 6,5% ou 16,8 milhões de toneladas em relação à safra anterior. Com o crescimento de 3,9% na área total de plantio da Safra 2020/2021, a previsão é alcançar 68,5 milhões de hectares. Esse total conta com 20 milhões de hectares que vêm das lavouras de segunda e terceira safras e as de inverno, que ocuparão a pós-colheita da soja e do milho primeira safra.
A Conab elevou em 1,5 milhão de toneladas a estimativa de produção de grãos em relação ao 6° levantamento do ano passado.
O valor de revenda da soja no Brasil atingiu um recorde nunca antes visto. O preço médio da saca do produto no país chegou a R$ 180,12 nos primeiros dias de fevereiro deste ano, com uma variação semanal de 5%, em comparação com o mês de janeiro.
Os dados constam no relatório da consultoria Safras & Mercado e foram divulgados nesta terça-feira (8). O levantamento da consultoria especializada mostra que o custo médio do grão, em dezembro de 2021, era de R$ 161,67.
Segundo os especialistas, o aumento expressivo no preço nas últimas semanas está relacionado às questões climáticas do Sul do Brasil
Grandes latifundiários
Um latifúndio é uma propriedade agrícola de grande extensão pertencente a uma única pessoa, uma família ou empresa e que se caracteriza pela exploração extensiva de seus recursos. A extensão necessária para se considerar uma propriedade como um latifúndio depende do contexto: enquanto na Europa o grande latifúndio pode ter algumas centenas de hectares, na América Latina, pode facilmente ultrapassar os 10 mil.
Além da extensão, outras características do que é conhecido como latifúndio são: baixos rendimentos unitários, uso da terra abaixo do nível de exploração máxima e baixa capitalização.
Este sistema de distribuição da propriedade rural ainda é comum no Brasil, com o tema tratado no campo jurídico pelo Estatuto da Terra, legislação estudada no ramo do Direito chamado Direito Agrário, além de interessar às políticas governamentais de reforma agrária que determinam o uso do solo rural no país.
Resultados preliminares do Censo Agropecuário de 2017 mostraram que propriedades rurais com até 50 hectares (equivalentes a 500 mil m², ou 70 campos de futebol cada) representam 81,3% do total de estabelecimentos agropecuários, ou seja, mais de 4,1 milhões de propriedades rurais. Juntas, elas somam 44,8 milhões de hectares, ou 448 mil km², o que equivale a 12,8% do total da área rural produtiva do país.
Amendoim, uma potência da exportação!
Por outro lado, 2,4 mil fazendas com mais de 10 mil hectares (100 km², ou 14 mil campos de futebol cada), que correspondem a apenas 0,04% das propriedades rurais do país, ocupam 51,8 milhões de hectares (518 mil km²), ou 14,8% da área produtiva do campo brasileiro.
No Segundo Reinado, o Brasil tomou uma medida que seria determinante para a sua histórica concentração fundiária. Em 18 de setembro de 1850, o imperador dom Pedro II assinou a Lei de Terras, por meio da qual o país oficialmente optou por ter a zona rural dividida em latifúndios, e não em pequenas propriedades.
Em 1966, após a ocupação comandada pelo fazendeiro Ariosto Riva, em sociedade com o Grupo Ometto, juntos, eles tomaram controle de uma área que, segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), chegou a ter 1,7 milhão de hectares formando a Fazenda Suiá-Missu, à época o maior latifúndio do Brasil.
Depois do Grupo Ometto, o controle da fazenda Suiá-Missu foi passado para a empresa Liquifarm Agropecuária Suiá-Missú S/A, que foi sucedida, em 1980, pela empresa petrolífera estatal italiana Agip do Brasil S/A. A empresa italiana anunciou a devolução da terra aos indígenas, em junho de 1992, durante a Conferência ECO 92, após acordo com o governo brasileiro.