logística rural deve estar como prioridade em qualquer negócio no campo

Logística rural deve estar como prioridade em qualquer negócio no campo

São inúmeros os desafios para implantar uma logística mais sustentável no transporte da produção do agronegócio por todo o Brasil

 

A logística é fundamental para garantir a entrega dos produtos agropecuários nos prazos corretos, com controle adequado de processos e redução de custos. Ferramentas inteligentes podem ajudar o setor a ratificar essa eficiência, com o benefício adicional de diminuir os impactos no meio ambiente e na sociedade.

Tanto é assim, que a Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro, em sua “7ª Pesquisa de Hábitos do Produtor Rural”, apontou, após realizar mais de 200 perguntas sobre os principais desafios enfrentados pelo homem do campo, respostas como: problemas com o clima, pragas, escassez de mão de obra, entre outros. E, claro, a preocupação com a logística e armazenagem de produtos estava entre as queixas mais frequentes.

O conceito de sustentabilidade engloba a redução de emissão de gases poluentes e o uso de rotas rápidas e seguras, mas não só isso, vai muito além. Inovações tecnológicas favorecem a união de processos, além de contribuir para a preservação do planeta sem prejudicar as atividades das empresas.

Logística reversa

A logística reversa é grande aliada do agronegócio, uma vez que envolve, principalmente, ações de reaproveitamento de produtos e materiais, aumentando sua vida útil — ou seja, o tempo que pode ser utilizado e/ou reaproveitado antes de seu descarte final.

Para isso, podem ser adotados vários tipos de estratégias, desde as mais simples — como consertar um produto danificado ou reutilizá-lo para outras finalidades — até tarefas mais complexas, como modificar ou transformar um material para que ele possa ser reaproveitado.

Na legislação brasileira, o conceito de logística reversa é abordado na Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), que pontua que a destinação de produtos e materiais deve ser feita de forma ambientalmente adequada.

 

Menos emissões de gases tóxicos por meio de combustível sustentável e transporte marítimo

 

Como se sabe, a logística no campo é muito importante para a administração do agronegócio e é algo a ser pensado desde a compra, armazenamento de recursos e o escoamento da produção. Portanto, deve ser planejada de forma minuciosa, por envolver todos os processos de transporte, estoque e distribuição dos produtos tanto dentro quanto fora do País.

Em agosto deste ano, a maior transportadora marítima do mundo, a dinamarquesa Maestro, anunciou a compra de oito embarcações de grande porte com capacidade para até 16 mil contêineres cada uma. Todas elas movidas a metanol neutro, com um custo de 10% a 15% maior do que uma embarcação comum. Esses navios possuem uma vantagem que tem ganhado cada vez mais valor no mercado internacional: eles são neutros na emissão de carbono e a meta da companhia é alcançar o mesmo status até 2050.

O professor de Inovação, Estratégia, Operações e Logística da ESPM, Antônio Felipe Miller, conta que somadas essas decisões, têm efeito em cadeia sobre concorrentes, fornecedores e clientes destas empresas.

“Quando uma grande empresa se movimenta ela tem impacto global e ao tomar uma decisão dessas ela está investindo, pois simplesmente conseguiu aumentar em 20% a quantidade de navios. Quando a JBS faz a mesma coisa, a multiplicação disso foi enorme. Só que pensando de um ponto de vista estratégico não é só isso que vai fazer a nossa redução”, explica o professor.

Logística x transporte marítimo

O transporte marítimo é apenas um dos elos da cadeia logística que envolve ainda o planejamento, execução e controle dos custos, não só o transporte, mas também o armazenamento. Não à toa o presidente da Associação Brasileira de Logística, Pedro Moreira, define a atividade como uma ciência.

“Primeiro tem que definir o que é logística. Logística chamo de ciência porque ela tem a responsabilidade do planejamento, da execução, das informações desde a origem da matéria-prima e produtos. A logística tem essa capacidade de gerar soluções a um menor custo possível mantendo um pilar fundamental que é o atendimento ao cliente”, afirma Moreira.

Ele diz ainda que: “Dentro desta lógica, a logística tem algumas atividades importantes, pois demanda planejamento de estoque, operações de mais processamento da armazenagem, embalagens e diversas tecnologias empregadas no mundo digital e isso aflorou até o e-commerce, também não pode-se esquecer da logística reversa que tem um papel fundamental com relação às ações ambientais”, enfatiza Moreira.

Embora sejam mais sustentáveis, os caminhões a gás e outros veículos movidos a energia limpa ainda enfrentam desafios importantes para criar escala no Brasil. Além do maior custo quando comparados aos veículos à diesel, eles ainda sofrem com a falta de infraestrutura para abastecimento.

Logística em números

Os números do mercado dizem que, apesar dos inúmeros esforços, a balança da sustentabilidade ainda está pendendo para um modal menos eficiente. É o que explica o professor da ESPM: “Este ano, o Brasil conseguiu produzir até agora, 80 mil caminhões”.

No ano passado, na mesma época, foram produzidos 41 mil caminhões. Estão colocando um caminhão a cada 47 segundos nas rodovias. É preciso tomar uma decisão política e dá-se um basta partindo para um conceito mais sustentável de país”.

O custo logístico do Brasil representa atualmente 12,5% do PIB. Nos EUA e na Europa isso não passa de 10%. Os índices logísticos brasileiros estão relacionados a desperdício com essa combinação de modais, tem todo o custo nacional que encarece o produto brasileiro e consequentemente reflete de forma negativa para a sociedade.

Além das emissões, outro inimigo do meio ambiente no transporte são as embalagens plásticas, muitas delas de difícil reciclagem. A saída encontrada pelo setor tem sido um conceito de economia circular que preza pela utilização de recursos renováveis, reduzindo o consumo de matérias-primas e seus impactos ambientais.

Agronegócio é o motor da economia brasileira

A redução destes princípios, contudo, ainda é incipiente, como afirma Pedro Moreira: “Hoje tem boas práticas no mercado, mas ainda são incipientes. Nós precisamos avançar nas boas práticas dentro do conceito de economia circular. Então o que que envolve isso, por exemplo, a logística reversa, a reciclagem, os produtos de embalagens retornáveis. Ainda são atividades com baixa penetração no país”.

“O Brasil é um país que recicla pouco. Recicla cerca de 5% de tudo que produz de resíduos sólidos. O ideal seria pelo menos 30%. É preciso avançar”. Quando o assunto é embalagens, a tendência é que não se agrave nos próximos anos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Sustentabilidade, tem ocorrido uma mudança nos hábitos de consumo tanto no Brasil quanto no mundo e o que falta são mais pontos para destinação dos recicláveis.

Atualmente é essencial a produção de biodegradáveis e recicláveis. O Brasil é referência na reciclagem de embalagens de defensivos agrícolas, dando um destino correto para cerca de 80% do que é produzido. Em breve, a Renner lançará uma loja baseada na economia circular, com reciclagem e reuso de tudo que for utilizado. São exemplos que, segundo os especialistas, precisam ser multiplicados.

 

A tecnologia e a privatização são importantes aliados para a logística no mundo agro

 

Adriano Paranaíba, professor de Economia, Gestão Financeira e Transportes Turísticos do Instituto Federal de Goiás (IFG), declara em entrevistas ao portal “Transportar é Preciso”, que o cenário da logística no Brasil é muito ruim. Mas em seguida, afirma que hoje, já existe uma luz no fim do túnel, que aponta para a privatização de portos e a desestatização de algumas empresas que vão atuar na ampliação e entregas com mais rapidez e menos custos.

Além disso, ressalta a importância de o produtor implementar plataformas de gestão avançada, que oferecem funções como faturamento de produtos e serviços, projeção de vendas e programação de entrega. “Estas são algumas das formas de agilizar a logística que, portanto, não dependem apenas de melhores modais de transporte, mas um conjunto de ações”, diz.

Cada dia mais conectado com as tecnologias, o mundo do agronegócio tem sido procurado por startups e indústrias de insumos, com o objetivo de reunir e desenvolver serviços e soluções digitais para as fazendas. Com isto, elas não apenas vão dar um novo impulso na rotina de produção, como auxiliará os produtores a economizar e ganhar tempo e mais dinheiro. Sensores, controladores, softwares e aplicativos de gestão, além de plataformas de vendas online são alguns dos exemplos do chamado “Agro 4.0”.

Logística na área rural é fundamental para escoamento da produção

Em uma matéria recente sobre o tema, o portal G1 realizou uma entrevista com empresas que já se valem das novas tecnologias na melhoria da qualidade da logística no campo. E identificaram que já existe um sistema denominado de Smartset, que realiza o controle automático de seções. Uma ferramenta desenvolvida pela fabricante Jacto – localizado na cidade de Pompeia (SP), no qual a tecnologia é voltada para a adubação. Há também outras tecnologias, como a Otmis – marca da empresa que é voltada para as soluções em agricultura de precisão, como a Telemetria, que permite reunir informações sobre as culturas, o clima, o solo e o maquinários, como pulverizadores, colhedoras e adubadoras, que vão automatizar alguns processos e operações, extraindo dados riquíssimos para implementar melhorias no ciclo produtivo.

 

 

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