silagem possibilita armazenar alimentos e conservá-los corretamente

Silagem possibilita armazenar alimentos e conservá-los ricos em nutrientes

Como já é de conhecimento geral, já diziam nossos antepassados, a gente colhe no verão para ter no inverno. Talvez por isto, nasce com eles, o hábito de armazenagem, que hoje é uma das importantes formas de dar vazão ao agronegócio em todo o mundo. Tal como a fenação e a vedação de pastagens, a silagem tem como objetivo armazenar forragem para o período de inverno sem grandes perdas nutricionais. Esta técnica possui algumas exigências bem particulares. Caso haja algum erro durante o processo, pode acarretar grandes perdas do produto a ser conservado.

 

Portanto, fazer todo o processo de ensilagem – processo de cortar a forragem, colocá-la no silo, compactá-la e protegê-la com a vedação do silo, para que haja a fermentação adequada – possibilita o fornecimento de alimentos ricos em matéria seca, mesmo nos períodos de baixa produtividade das pastagens, por exemplo. Evidente que, para realizá-la com eficácia, a silagem necessita de uma estrutura apropriada.

 

A produção de silagens de alta qualidade depende de um armazenamento das forragens e outros produtos ou subprodutos agrícolas destinados à alimentação animal, em locais denominados silos forrageiros, que permitam a ocorrência de uma fermentação anaeróbia, ou seja, com ausência de oxigênio.

 

Processos de armazenamento – principalmente a silagem – devem seguir regras rígidas para a conservação adequada

 

Durante a fermentação, açúcares disponíveis na forragem são transformados pelas bactérias lácticas, principalmente em ácido lático, abaixando o pH e possibilitando a conservação do produto. Portanto, esses locais devem permitir adequada compactação da massa ensilada para que todo o oxigênio seja retirado ou consumido pela respiração do tecido vegetal.

 

São fatores importantes nessa fase do processo, denominada de ensilagem, ou enchimento dos silos, o tamanho das partículas, a umidade ou matéria seca do material, o peso e a frequência de trânsito do trator sobre a forragem, a velocidade de transporte do campo até o silo, o abaulamento da massa, a forma e tamanho do silo e finalmente a vedação final.

 

De acordo com estudos conduzidos por pesquisadores da Sociedade Brasileira de Zootecnia, quando se trata da conservação de forragens na forma de silagem, é imprescindível estar atento ao processo fermentativo anaeróbio. É ele que converte os carboidratos solúveis em ácidos orgânicos mediante atividade microbiana. “Da qualidade da silagem, depende eficiência deste processo fermentativo e das condições que a determinam: umidade, temperatura, presença de oxigênio, concentração de carboidratos solúveis e características particulares da composição físico-química da planta ensilada, podendo proporcionar a obtenção de silagens com variados valores nutritivos a partir de um mesmo tipo de forragem”, descreve em seus estudos sobre o tema, o professor Mikael Neumann da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná.

 

Por suas características, a silagem permite a armazenagem de grandes volumes de alimentos, aumentando a densidade de ocupação e produção de carne ou leite, diminuindo a utilização de outros ingredientes concentrados da ração, mais onerosos, e, consequentemente, reduzindo os custos de produção e a estacionalidade de produção leiteira ou de carne.

 

Diferentes produtos podem ser ensilados de modo a se manter consumível ao longo do tempo

 

No Brasil, a silagem de milho é a mais conhecida e praticada, seguida de sorgo, capim elefante e outras espécies de gramíneas e girassol. Entretanto, é possível ensilar muitos outros produtos e subprodutos agrícolas, tais como: batata-inglesa, fécula de mandioca, resíduos cítricos, farelo de glúten de milho e borra de malte.

 

Conforme a Embrapa, a antecipação do corte do milho para silagem eleva os teores de fibra e reduz os de energia, pela menor quantidade de grãos. Já a colheita tardia aumenta a resistência da massa ensilada à compactação, uma vez que os grãos estão mais duros e a porção vegetativa mais seca, reduzindo sua densidade.

 

“É comum o produtor antecipar a colheita. Mas o problema é que o grão não está no estado adequado de maturação e possui menor teor de amido. Assim, a silagem terá menor teor de energia”, diz Patrick Schmidt, professor de zootecnia na Universidade Federal do Paraná e do Centro de Pesquisas em Forragicultura (CPFOR) da universidade.

 

Entendendo como a ensilagem age no processo de fermentação, na ausência de ar

 

Ensilagem é um processo de conservação de forragens por meio da fermentação anaeróbica (sem presença de ar) das mesmas. O princípio básico desta modalidade de conservação é a transformação dos açúcares solúveis existentes na planta em ácido lático num ambiente anaeróbico.

 

O ácido lático reduz o pH da massa ensilada, inibindo a proliferação de microrganismos indesejáveis, permitindo a estabilidade do material e boa preservação da qualidade da forragem.

Para que a silagem seja bem-feita, ou seja, tente preservar ao máximo a qualidade do material forrageiro, é necessário a redução do pH da massa, e isso ocorre pela ação do ácido lático produzido em ambiente anaeróbico (sem ar).

 

Entre os pré-requisitos fundamentais nesse processo está a existência de precursores de ácido lático que são os próprios carboidratos solúveis existentes nas plantas forrageiras. Plantas forrageiras com baixo teor de açúcares solúveis são menos adequadas a essa modalidade de conservação.

Logística na área rural é fundamental para escoamento da produção

Outro ponto importante é promover a rápida expulsão do ar da massa ensilada via compactação da mesma, garantindo que cesse a respiração das células das plantas, a temperatura da massa não se eleve, e o mais rápido possível, seja obtido o meio ideal para que as bactérias lácticas se proliferem, ocasionando redução do pH.

 

A umidade da massa ensilada não deve ser superior a 70-72% visando inibir a proliferação de microorganismos indesejáveis. Por outro lado, umidade muito reduzida, inferior a 65% (o ideal é que a porcentagem de matéria seca (MS) seja superior a 35%) dificulta a compactação e expulsão do ar.

 

Para a adequada compactação da massa de forragem, o tamanho da partícula de corte da mesma não pode ser muito grande, pois partículas muito longas funcionam como um “amortecedor” no silo, dificultando a expulsão do ar.

 

A garantia do meio anaeróbico exige que as camadas de massa ensilada que chegam ao silo sejam descarregadas e compactadas, numa frequência e relação desejável entre o peso das máquinas compactadoras/kg de massa ensilada/hora. É também fundamental que após a compactação, a massa ensilada seja bem vedada com lonas destinadas a esta finalidade.

 

Custos de silagem não são os mais acessíveis, mas podem ser bem planejados

 

A ensilagem é um processo de conservação que envolve muita mecanização na colheita. Assim, áreas com muita declividade, talhões de menor tamanho ou de “tiro curto”, com muitos terraços, são de maior dificuldade e encarecem a colheita. Como a colheita representa um percentual considerável dos custos totais da silagem, é preciso ter em mente que o fator rendimento agrícola conta muito nos custos.

 

O custo de colheita por unidade de área não muda muito em função do rendimento da lavoura. Ou seja, colher 60-65 toneladas/ha não custa mais por área que colher 30/35 toneladas/ha. Quanto menor o rendimento agrícola, maiores serão os custos por tonelada ensilada. Portanto, é uma modalidade de conservação indicada para áreas de bom potencial de produção de matéria seca por hectare.

 

Além desse aspecto, a silagem de planta inteira é a mais comum e, nesse processo, a exportação de nutrientes do solo é intensa e sobra pouca cobertura vegetal após o corte. Isso significa que essa modalidade também exige solos bem manejados em termos de fertilidade e conservação.

 

Sobre a questão de plantas mais adequadas, pelo fato de o rendimento em termos de toneladas de matéria seca/ha ser muito importante no fator custo, plantas com alto potencial de produção de MS/ha é um fator a ser considerado, sempre.

 

Para o processo ocorrer bem, é necessário que as plantas forrageiras tenham bom teor de carboidratos solúveis. Nesse aspecto, em particular, os capins tropicais apresentam desvantagens, pois tendem a ter um teor mais reduzido destes carboidratos em estágios de crescimento que assegurem boa produção de MS/ha, quando comparados ao milho, sorgo e mesmo a algumas forrageiras de clima temperado, como aveia.

 

Silagem de grão úmido, desde que bem vedado, não deve interferir no produto final

 

A silagem de grão úmido pode ser armazenada tanto em silos, bolsa, trincheira, ou até mesmo em tambores de 200 litros caso a operação seja pequena.  O fundamental é garantir uma boa compactação do material e uma vedação muito bem-feita, expulsando todo o ar da massa.

 

O que não pode acontecer, após feita a silagem, é deixar a lona furar, pois dessa maneira o oxigênio irá entrar e sua silagem se deteriorara, fazendo com que as perdas apareçam.

 

Tipos de silos

 

São diversos os tipos de silos, e só quem vai decidir qual o melhor para o seu produto, é um técnico no assunto. Há os mais utilizados que são os silos tipo “trincheira” ou “de superfície”, mas existem outros, tais como: silo tipo bunker, cisterna ou poço, aéreo e, mais recentemente, o “Silo-Press” (Silo-Tubo).

 

Ninguém melhor que um profissional expert no tema para orientar os proprietários, além de realizar visitas aos espaços, para indicar qual o tipo de silagem mais adequada, sob pena de levar a perdas importantes, que não poderão ser recuperadas. O silo deve ser construído o mais perto possível da lavoura e do estábulo, no qual a silagem será fornecida aos animais, pois o frete (tanto de massa verde até o silo, como da silagem pronta até o galpão dos animais) é um dos itens que mais encarece o preço final da silagem.

 

Calcule, no geral, um consumo de 25 a 35 kg de silagem por unidade animal (animal adulto, dependendo da raça e estágio de produção), por dia, multiplicado pelo número de dias do período considerado, lembrando que o cálculo preciso deve ser feito com base no consumo de matéria seca.

 

Acrescente ao consumo estimado de matéria seca, entre 10 e 15% sobre o total, para cobrir as perdas que ocorrem no processo – principalmente quando os silos não são revestidos e pela atividade de retirada da silagem do silo ou colocação nos cochos.

 

Links pesquisados: 

www.agromove.com.br

www.beefpoint.com.br

www.semagro.ms.gov.br

www.sementesbiomatrix.com.br

www.prodap.com.br

www.ainfo.cnptia.embrapa.br

www.scielo.br

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