Em boa parte do Brasil, os municípios mais ricos têm ligação com o Agronegócio. Entenda o que é PIB e qual é a relação com o agronegócio
O Brasil é conhecido por sua grande diversidade de terras e pela prosperidade envolvendo as grandes culturas que aqui crescem. Ao longo dos anos, foi crescendo enquanto potência do agronegócio e dividiu os focos de produção entre seus estados e municípios. Mas aos poucos tornou-se especializado em algumas culturas, e com isto, diversificou o modelo inicial da monocultura da cana-de-açúcar, produção de café e posteriormente o cultivo de grãos, mais especificamente soja e milho. Atualmente, a soja e a cana de açúcar são commodities valiosas para o Brasil.
No último estudo conduzido por pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em que se identificou as cidades com a maior concentração de ricos no Brasil, e neles, foram identificados que entre os 100 municípios mais ricos do País, o agronegócio aparece como sendo a base da riqueza. O ranking conta com informações coletadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base em dados da Produção Agrícola Municipal (PAM). Mas antes, para entender um pouco sobre a participação dessas cidades na conta da economia nacional, entenda o que é o PIB.
O que é PIB?
O PIB, também conhecido como Produto Interno Bruto, é a soma de todos os bens e serviços produzidos por um país. Ele funciona como um indicador síntese a respeito da economia de um país, desconsiderando elementos para uma análise completa com relação a distribuição de renda, qualidade de vida e saúde, por exemplo.
Portanto o cálculo do PIB é feito com ajuda de alguns dados coletados pelo IBGE como a Pesquisa Anual de Comércios (PAC), ou dados externos como o Balanço de Pagamentos, sob responsabilidade do Banco Central. O cálculo do PIB leva em consideração os bens e serviços finais, para que não ocorra cálculo em duplicidade. Por exemplo, ele vai contabilizar uma blusa ao invés do algodão usado para fazê-la.
Outra consideração a ser feita sobre o PIB é que se ele cresce, a economia vai bem. Caso ocorra uma diminuição, a economia está encolhendo. O PIB não representa o total de riqueza existente em um país, mas sim um indicador do fluxo de bens e serviços produzidos durante um certo período.
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De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), aqui estão 10 dos 100 municípios mais ricos do agronegócio brasileiro:
- Sorriso (MT)
- São Desiderio (BA)
- Sapezal (MT)
- Campo Novo do Parecis (MT)
- Formosa do Rio Preto (BA)
- Nova Ubiratã (MT)
- Cristalina (GO)
- Maracaju (MS)
- Rio Verde (GO)
- Nova Mutum (MT)
As culturas que entram em destaque, apresentadas pelo MAPA como os produtos responsáveis pelo sucesso das cidades, são as de soja, algodão e milho. O Estado do Mato Grosso se destaca na lista, tendo o maior número de municípios mais ricos, sendo 35 municípios. Em seguida, os que mais aparecem na lista são Mato Grosso do Sul, com 13 municípios, Goiás com 10, Bahia com 9, Minas Gerais com 8 municípios e São Paulo com 6 municípios.
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e o PIB brasileiro
A agropecuária mato-grossense apresenta uma grande relevância no PIB brasileiro. O município de Sorriso (MT) lidera a lista, de acordo com o Ministério da Agricultura, representando 26,65% do PIB. O município de Sorriso é um dos maiores produtores nacionais de grãos, com destaque para a soja e o milho.
Outro município mato-grossense de sucesso é o de Sapezal, que fica em terceiro lugar. Sapezal lidera a produção de algodão herbáceo do país, sendo dono de mais da metade dos R$4,3 bilhões produzidos, em 2020. Além disso, o município também se destaca na produção de soja, representando 35,5%, da receita de 2020. Segundo o MAPA, Sapezal representa 53,7% do valor do PIB municipal.
Chegando ao quarto município mais rico do agronegócio brasileiro, Campo Novo do Parecis, as culturas de destaque são o girassol e milho pipoca. É um dos mais novos da lista, contando com 33 anos de idade. Está localizado na transição entre Cerrado e Amazônia.
O Estado do Mato Grosso do Sul conta com grande desenvolvimento na área agropecuária, com destaque para a produção de milho e o abate de gado. São 13 municípios de maior destaque na lista. O município de Maracaju, por exemplo, está em 8º lugar no ranking. Maracaju é produtora de grãos, contando com milho, soja, girassol, algodão, sorgo e feijão.
Estados e municípios
Saindo do eixo Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e agora entrando no Estado da Bahia, o segundo lugar do ranking é do município de São Desidério. Em 2020, a cultura de algodão concentrou 38,3% do valor de produção do ano. Este município é o segundo maior produtor nacional do algodão herbáceo, com valor de produção de R$4,6 bilhões.
Em 2020, somou um valor de produção de R$3,74 bilhões. Em 2019, contabilizou um Produto Interno Bruto de R$1,852 bilhão.
Formosa do Rio Preto, que também fica na Bahia, está no extremo oeste do estado, e aparece como o quinto município mais rico do agronegócio brasileiro. Na lista, o município aparece como o maior produtor de soja, terceiro maior produtor de algodão e segundo maior produtor de milho da Bahia. Em 2020, o valor de produção do município era de R$3,74 bilhões.
Goiás
Em Goiás, a participação da cidade de Cristalina rendeu o sétimo lugar no ranking. O município está situado entre a BR-040, que conecta o município à Brasília, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, e a BR-050, que faz a conexão entre Catalão, o Triângulo Mineiro e São Paulo. Cristalina já foi conhecida pela grande atividade extrativista, mas atualmente conta com a agricultura como principal fonte de renda, produzindo grãos como soja, sorgo, milho e girassol.
O município de Rio Verde, também localizado em Goiás, ocupa a nona posição no ranking. É o maior produtor de soja do Estado, mas conta com forte atividade agropecuária no setor de bovinos, aves e suínos, também tendo grande importância na produção de outros grãos como milho, arroz e sorgo.
Segundo o MAPA, os 100 municípios geraram um valor da produção de R$151,2 bilhões, representando 32% do valor estimado de R$470,5 bilhões. O destaque dos municípios do ranking se deve ao elevado valor da produção agropecuária e pelo valor do PIB municipal.
PIB brasileiro antes da pandemia de Covid
Em 2019, sete capitais, sendo a maioria do eixo Sul-Sudeste, concentravam cerca de um quarto da economia brasileira, de acordo com o PIB. Juntos, estes municípios representavam 14,7% da população brasileira. A lista conta com:
- São Paulo, representando 10,3% do PIB brasileiro;
- Rio de Janeiro, com 4,8%;
- Brasília, com 3,7%;
- Belo Horizonte, com 1,3%;
- Curitiba, representando 1,3%;
- Manaus, 1,1%;
- Porto Alegre, 1,1%;
Levando em consideração as concentrações urbanas, cidades onde o número de habitantes é superior a 100 mil, duas cidades detinham juntas um quarto do PIB brasileiro: São Paulo (17%) e Rio de Janeiro (7,9%). O destaque de São Paulo se deve à grande atividade financeira, de seguros e relacionados.
Somando os 70 municípios brasileiros mais ricos, em 2019, chegava-se a 49,8% do PIB nacional, ou seja, quase a metade. Já os 100 municípios mais ricos somavam 55,2% do PIB do Brasil. O estado do Mato Grosso teve o maior número de municípios dependentes de agricultura, com 39,7%, seguido do Rio Grande do Sul, com 33,6%.
Sendo assim, com relação ao PIB de 2019, o PIB do ano seguinte registrou uma queda de 4,1%, sendo a agropecuária o único setor que apresentou crescimento. O crescimento apresentado foi de 2%.
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