As previsões para a safra de algodão 2021/2022 visam um momento positivo, com expectativa de recuperação e superação das exportações no mercado global da pluma perante aos Estados Unidos, podendo também ficar à frente da Índia, segundo projeção feita pela Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão).
Em reportagem da Forbes, o presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato, informou que com a pandemia de Covid-19 o produtor se viu obrigado a recuar na semeadura por conta da baixa nos preços. O lado bom é que a recuperação das cotações ocorreu em ritmo acelerado valorizando a safra do ano que vem. Acompanhe as cotações dessa commodity no aplicativo do Buscar Rural.
Em contrapartida, 60% do algodão brasileiro é de segunda safra, colhe a soja e planta algodão. Característica peculiar do Brasil que não se vê em outras áreas de plantio ao redor do mundo, o que nos traz grande competitividade.
Tal singularidade fez com que o país conseguisse dobrar a produção em quatro anos, com chances de repetir o feito e ultrapassar a Índia como maior produtor mundial.
“Como podemos fazer isso novamente? O Brasil planta 38 milhões de hectares de soja e 1,6 milhão de hectares de algodão. Então se pegar emprestado mais 1,6 milhão, vamos nos tornar o maior produtor mundial”, explica Busato.
As previsões otimistas se dão em torno do fato do Brasil ter vasta área disponível para o plantio, podendo com isso, superar os EUA como maior exportador mundial.
Além disso, a produtividade do nosso algodão deve dobrar em relação a dos EUA, por conta do clima e condições favoráveis à lavoura apresentadas pelo país.
Por outro lado, o plantio de algodão do Brasil caiu para 1,37 milhão de hectares em 2020/21, ante 1,67 milhão na temporada anterior, conforme números da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Algodão brasileiro deve bater o chinês
Com uma representatividade de 30% das importações da China, maior importadora do mundo, o crescimento da produção brasileira e das exportações também tem a ver com a demanda chinesa, conforme estima o presidente da Anea (Associação Nacional dos Exportadores de Algodão), Henrique Snitcovski. E há espaço para avançar, assim como em outros mercados de países asiáticos.
O que se espera é que com a recuperação do preço e do consumo mundial de algodão haja um aumento da área plantada com a cultura no Brasil na safra 2021/22 ante a temporada anterior. Os preços da fibra, segundo a Abrapa, voltaram a ser rentáveis para o cotonicultor com a retomada do consumo mundial da pluma.
Pandemia afeta as cotações do algodão
No auge da pandemia, as cotações do algodão caíram de 70 centavos de dólar por libra-peso para 48 centavos de dólar por libra-peso.
A redução da área plantada não foi ainda maior porque o produtor e exportador brasileiro necessitava manter os mercados externos conquistados, especialmente na Ásia, e cumprir com o pagamento de investimentos.
Além da melhora dos preços, outro ponto que contribui para as perspectivas positivas para incremento de área plantada é a recuperação no consumo mundial de algodão.
O consumo mundial de algodão caiu para 22 milhões de toneladas durante o pico da pandemia. Este ano, a demanda global pela pluma se recuperou e é estimada em 26,3 milhões de toneladas.
Safra global de algodão deve ser menor
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou o último relatório de oferta e demanda mundial de algodão para a safra 2021/22, em agosto, dando conta que a produção global ficou em 118,84 milhões de fardos, ante 119,39 milhões do mês anterior. Para 2020/21, são esperados 112,42 milhões de fardos.
As exportações mundiais de algodão foram estimadas em 46,25 milhões de fardos para 2021/22, ante 45,92 milhões no mês passado. A estimativa para o consumo mundial é de 123,33 milhões de fardos, ante 123,16 milhões de fardos em 2020/21. Os estoques finais foram projetados em 87,23 milhões de fardos, ante 87,74 milhões projetados em agosto.
A expectativa é que a China colha 26,75 milhões de fardos na temporada 2021/22, mesmo patamar do mês passado. A produção do Paquistão para 2021/22 foi prevista em 5 milhões de fardos, mesmo nível do mês anterior.
O Brasil tem a safra 2021/22 estimada em 12,5 milhões de fardos, ante 13,25 milhões no mês passado. A produção indiana de algodão deve chegar a 29 milhões de fardos em 2021/22, mesmo nível do mês passado. Os Estados Unidos deverão colher 17,26 milhões de fardos em 2021/22, sendo 17,8 milhões no mês passado.
Contudo, o Brasil tem se consolidado como quarto maior produtor e segundo maior exportador de algodão.
A semeadura do algodoeiro na safra 2020/2021 no Brasil chegou ao final com redução de 15% de área cultivada em relação à safra 2019/2020, segundo a Conab.
Em decorrência dessa queda, a produção de algodão em pluma deverá chegar a 2,8 milhões de toneladas, 6% a menos que na safra passada.
Os preços do algodão são determinados pelo mercado internacional. Com um custo de produção alto, a fibra de algodão passa por uma fase de grande concorrência com as fibras sintéticas, o que tem provocado um cenário instável para o preço da commodity.
O Brasil, como segundo maior exportador da fibra, pode crescer tanto em produtividade quanto em área plantada, e assumir papel cada vez mais importante frente às exportações.
Mesmo com a crise imposta pela pandemia do coronavírus, o Brasil alcançou volume recorde de exportação de pluma no ano de 2020. O país cresceu 31,7% no desempenho de 2019, com 2,12 milhões de toneladas de pluma em 2020, volume recorde de exportação, segundo a Conab.
Conforme a expectativa da USDA para a safra 2020/2021, deve haver aumento de 12,8% nas importações mundiais em relação à safra anterior. Somente a China importará cerca de 2,39 milhões de toneladas de pluma, aquecendo as exportações no mundo.
Os EUA e o Brasil, primeiro e segundo maiores exportadores do mundo, terão forte desempenho no volume exportado.
Com cerca de 70% da produção brasileira do algodão em fibra exportada, sendo China e Vietnã principais compradores, as vendas externas seguirão aquecidas. Isso fará com que o Brasil atinja novamente recorde nas exportações.
O perfil tecnificado do setor rural, aliado às questões logísticas e climáticas, potencializou o cultivo do algodão no Brasil e ampliou as possibilidades do mercado global.
Brasil é o segundo país que mais exporta algodão
Colheita da safra de algodão 20/21 termina este mês
Foi dada a largada para a colheita da safra de algodão 2020/21 no Brasil. Embora o ritmo tenha se intensificado em junho, quando os cotonicultores de São Paulo e Paraná ligaram as máquinas, o Brasil como quarto maior produtor mundial da fibra, encerrará o período de colheita no fim de setembro.
Nesta safra, a Associação Brasileira de Produtores de Algodão, Abrapa, estima que o volume produzido será, aproximadamente, de 2,41 milhões de toneladas de pluma. Se confirmada, a previsão corresponderá a um recuo de cerca de 20% em relação à quantidade colhida no ciclo 2019/20 devido, principalmente, à redução da área plantada, que totalizará 1,35 milhão de hectares.
No Mato Grosso, estado que historicamente responde por 70% da produção nacional da fibra, o algodão é cultivado após a soja. Nesta temporada, o período ideal de plantio foi impactado pelo atraso no ciclo da oleaginosa, e a colheita foi iniciada no final de junho, com um pouco de atraso.
As condições climáticas preocupam em relação à lavoura porque a janela ideal de desenvolvimento das plantas foi reduzida, com especial atenção ao controle fitossanitário das plantas.
Cotton Days debate safra 2020/21
A safra 2020/21 e as perspectivas de mercado foram foco da segunda edição do “Cotton Days”, série de webinars que a Abrapa realiza junto aos principais mercados importadores da fibra nacional. A iniciativa é do programa Cotton Brazil, braço internacional de promoção do algodão brasileiro.
Com o nome “Cotton Brazil Harvest 20/21 Roundtable”, a rodada contou com sete eventos online que reuniu empresários, traders e industriais. Oriundos de Bangladesh, Vietnã, Índia, entre outros.
O Cotton Brazil participou da China International Cotton Conference, em Suzhou. O evento organizado pela China Cotton Association (CCA) em parceria com a Abrapa já é o primeiro resultado da assinatura de
um memorando de entendimento que aproxima os cotonicultores brasileiros do mercado industrial têxtil chinês representado pela CCA.
Cuidado no plantio e semeaduras
Para reduzir os custos de produção, diante da alta dos preços dos fertilizantes, combustível e mão-de-obra, encontrada pelos pesquisadores e cotonicultores foi o estreitamento do espaçamento entre fileiras no algodoeiro.
Essa técnica, que surgiu nos EUA, visa diminuir o ciclo da cultura possibilitando redução nas aplicações fitossanitárias, menor interferência de plantas daninhas, maior precocidade e, consequentemente, menores custos de produção, podendo apresentar, portanto, algumas vantagens sobre o sistema de cultivo convencional.
São utilizadas dois tipos de máquinas, na colheita do algodão, a saber: a colhedora de fusos rotativos (picker), que consiste em retirar da planta apenas o algodão em caroço, e a colhedora (stripper), que é dotada de molinete e rosca sem fim que retira os capulhos inteiros e os invólucros.
A principal diferença está no custo de produção com o sistema de cultivo adensado, pois uma colhedora do tipo stripper, acaba custando duas a três vezes menos que uma picker, tanto para a compra como para a manutenção.
A produtividade aumenta levando-se em conta clima, relevo, fertilidade, janela de plantio (safra ou safrinha), condições e quantidade de máquinas para a entrada e reentrada de tratos culturais e aplicação de defensivos.
A população média do algodão deve estar entre oito e 12 plantas por metro (espaçamento de 76 cm a 90 cm) e a singularidade (espaçamentos aceitáveis) entre as sementes é fundamental, evitando assim plantas duplas e espaços vazios. O espaçamento entre linhas também é de suma importância, já que as colhedoras de algodão têm suas unidades determinadas e não conseguem colher linhas fora do padrão pré-configurado nas máquinas.
A velocidade de plantio tem muita influência na qualidade dos espaçamentos, os melhores resultados estão entre 5km/h e 7km/h, sempre trabalhando bem com as pressões do sistema de vácuo, de acordo com o disco e o formato da semente. No caso do algodão, como as sementes têm diminuindo de tamanho ao longo do tempo, a boa escolha do disco e a regulagem do vácuo são fundamentais.
Tem muitas novidades para melhor a rapidez do plantio entrando no mercado, entre elas, alterações nos ângulos dos depósitos de sementes, dosadores elétricos com menor gasto energético, novos modelos de ejetoras, raspadores nos discos e mecanismo dosador com escovas para levar a semente até o sulco de plantio. Mas tudo isso ainda é incipiente no mercado brasileiro, e a tropicalização desses modelos de semeadoras está sendo feita para otimizar os resultados.
Alguns especialistas orientam que ao realizar o plantio em cima de palhada ou cobertura verde, o ideal é esperar que esteja bem seca, dessecada com 45 a 60 dias de antecedência. Como isso nem sempre pode ser realizado, um ajuste que pode ser feito é trabalhar com muita pressão no disco de corte, trabalhar com discos de corte maiores (se a opção for possível na semeadora) e trabalhar com as opções de discos corrugados ou turbo, para que esses consigam “abrir” as linhas onde a semente será colocada.
Na prática ainda se tem muita dificuldade de trabalhar com haste “botinha” em área de muita palhada, mesmo trabalhando cruzado. Com palhada ainda verde, a dificuldade é ainda maior, a melhor maneira seria passar o rolo-faca, para conseguir deitar a cobertura e cortar o material, facilitando assim a deposição da semente no sulco de plantio sem deixar a semente muito profunda.
O ideal é que a semente fique na profundidade de 3cm a 4cm, acima disso pode gerar um desgaste na planta, já que terá que gastar muita energia para romper o solo. Abaixo disso, pode acontecer de a planta sofrer com temperatura, excesso de água e, em alguns casos, sofrer com a aplicação dos pré-emergentes.
Links pesquisados: Forbes, Agroemdia, Canal Rural, Mais Soja, Grupo Cultivar