Sequestro de carbono retirada de gás carbônico da atmosfera

Sequestro de carbono: retirada de gás carbônico da atmosfera

Está é a técnica de sequestro de carbono tem conquistado cada vez mais a agricultura, e por tabela, traz benefícios, com a redução do efeito estufa, ao Planeta

O sequestro de carbono na agricultura está em expansão no mercado internacional e começa a tomar corpo no Brasil. A atividade no campo pode capturar CO2 da atmosfera por meio de práticas como plantio direto e rotação de culturas – importantes na luta contra o aquecimento global. Além de rentável para o produtor, a boa prática é benéfica para o futuro do planeta.

Segundo dados do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), da Organização das Nações Unidas (ONU), hoje, a agricultura, a silvicultura e outros tipos de uso do solo representam de 23% a 25% das emissões humanas de gases do efeito estufa, O sequestro de carbono é o termo utilizado para indicar a exclusão do gás carbônico (CO₂) da atmosfera e transformar em oxigênio (O₂). Esta técnica é feita de forma espontânea pelos oceanos, florestas e solos.

É preciso que o mundo consiga reduzir as taxas de aquecimento global para um patamar de 1,5 a 2,0 graus Celsius, em relação ao período pré-industrial. E, de acordo com os levantamentos feitos pelos centros de pesquisas espalhados por todo o país, o fato é que o Brasil tem potencial para liderar o mercado emergente de sequestro de carbono atmosférico.

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Para isso, já tem uma reserva de 50 milhões de hectares de terras reflorestáveis, com potencial de regeneração natural espontânea, ou seja, de regeneração natural assistida. O reflorestamento é a forma mais efetiva de sequestrar carbono da atmosfera. Os dados são do Programa Fapesp de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (BIOTA-FAPESP).

O carbono é parte importante da vida na Terra, mas também pode ser vilão. Isso ocorre quando há a queima do carbono estocado, seja pelo consumo de combustíveis fósseis ou mesmo por queimadas, a quantidade de carbono na atmosfera fica maior que o normal, e isso causa o aquecimento global.

Mudas de árvores em camionete, indo para reflorestamento.

Agricultura pode ser aliada na captura do carbono

A agricultura pode ser uma grande parceira no desafio global de capturar parte do gás carbônico da atmosfera e armazená-lo no solo de modo seguro, visando à mitigação do efeito estufa. Este processo também é conhecido como sequestro de carbono – uma terminologia que está crescendo em nível internacional.

O processo significa capturar parte do gás carbônico da atmosfera e armazená-lo no solo. Para retirar o carbono do ar que é despejado em excesso pelas fábricas, motores de carros, desmatamento e diversos outros fatores, várias tecnologias têm sido desenvolvidas na última década e algumas chegam a custar milhões de dólares e requerem equipamentos sofisticados e de alto custo.

Como a agricultura pode contribuir com o sequestro de carbono

A agricultura pode contribuir de forma simples e econômica com o sequestro de carbono. As plantas já fazem isso através da fotossíntese, mas, com a adoção do Plantio Direto associado a rotação de culturas, é possível armazenar mais carbono no solo do que a quantidade que é emitida de volta para o ar.

As plantas capturam o dióxido de carbono que está na atmosfera transformando-o em produtos chamados fotoassimilados – produzidos pelas folhas são translocados por toda a planta, podendo variar conforme a fase de desenvolvimento, e, ao terminar o seu ciclo de vida, os resíduos culturais das diversas culturas são depositados na superfície.

Durante o processo de decomposição, uma parte destes resíduos (de 15% a 25 %) pode ser convertido em carbono orgânico no solo e a maior parte retorna para a atmosfera. A quantidade de carbono que vai retornar para a atmosfera vai depender principalmente do manejo. Sempre que as entradas ou aportes de resíduos culturais forem maiores do que as saídas do carbono, via respiração da atividade microbiana, haverá sequestro de carbono na agricultura

Sequestro de carbono

Na Região Sul, por exemplo, as culturas tradicionais de verão são o milho e a soja e as de inverno são o trigo e a cevada. Além disso, as culturas destinadas à cobertura do solo, tais como aveia preta e ervilhaca, compõem o sistema de rotação. O ideal é plantar milho após a cultura de aveia, porque essa combinação deixa mais palhada na superfície para a formação de matéria orgânica no solo.

No Cerrado, a manutenção da palhada na superfície é mais difícil por causa das altas temperaturas que favorecem a decomposição da matéria orgânica, liberando o gás carbônico para a atmosfera. Para os produtores do Cerrado, o ideal é usar a safrinha de milho, após a soja, com a braquiária ou o milheto para manter o solo permanentemente coberto  e proporcionar o maior sequestro.

A integração lavoura-pecuária também favorece o sequestro de carbono por causa do uso das pastagens, que cobrem o solo. Nesta técnica, além de produzir os grãos que está acostumado, o produtor acrescenta na sua fazenda uma espécie de gramínea para ser pastoreada e ganha a produção de carne. Na maioria dos casos, a sequência é feita com soja, milho safrinha e braquiária, que produz muita biomassa.

Sequestro de carbono e suas alternativas

Além do sequestro de carbono, neste caso, o produtor também teria mais uma fonte de renda com a produção de carne. A terceira alternativa para o agricultor provocar o sequestro de carbono é usar as culturas perenes associadas à cobertura vegetal permanente.

São vários benefícios que o produtor ganha sequestrando carbono na sua propriedade, inclusive vantagens econômicas. O agricultor pode entrar, por exemplo, para o mercado de carbono e ter uma renda extra. O mercado de carbono ainda não é muito conhecido no Brasil e é relativamente recente em todo o mundo, mas está em franca expansão.

Práticas ESG

A dependência da sociedade por combustíveis fósseis aumenta cada vez mais as emissões dos gases de efeito estufa na atmosfera. Dentre esses gases, estão o gás carbônico (CO2) e o metano (CH4). Eles vêm de atividades industriais e agropecuárias.

Por isso, o Brasil tem sido cada vez mais cobrado para desenvolver práticas ambientais, sociais e de governança, conhecidas como ESG no agronegócio, que envolve um conjunto de ações que devem ser praticadas por toda a cadeia produtiva, do campo à agroindústria.

Atento a esta cobrança, o Governo Federal tem estimulado o produtor brasileiro à sustentabilidade ambiental por meio do Plano ABC, que faz parte do Plano Safra.

Os estudos sobre o sequestro de carbono e sua lucratividade ainda estão em estágio inicial em todo o mundo. Recentemente, nos Estados Unidos, 267 produtores foram remunerados pela Índigo.

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Isso aconteceu por adotarem práticas agrícolas que resultaram na redução das emissões e sequestro de carbono. O valor da remuneração não foi informado.

As medições foram realizadas com base numa metodologia particular da Climate Action Reserve, uma organização não governamental.

Um estudo da Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) apontou que 34 fazendas de café em Minas Gerais emitem uma quantidade de carbono por hectare/ano 7 vezes menor que a média global de fazendas de café. Os cafeicultores mineiros ainda não estão sendo remunerados.

A tendência é que os créditos de carbono virem a próxima commodity do agronegócio. Em 2020, o mercado internacional de créditos de carbono movimentou R$ 53 bilhões.

Sistema de Plantio Direto

sistema de Plantio Direto é uma das principais inovações dos últimos 50 anos no agronegócio brasileiro. Esse sistema permite que o plantio/semeadura seja feito diretamente na palha. Há possibilidade de até três safras no mesmo local, em um ano.

No plantio direto, você aproveita a matéria orgânica de uma plantação como cobertura do solo. A prática provoca maior umidade e reduz o aquecimento.

Essa técnica faz com que o processo de decomposição da planta de cobertura seja mais lento. O carbono é estocado no solo, e há redução de perdas para a atmosfera.

Pesquisas mostram que no clima tropical do Brasil, um hectare pode sequestrar até 0.8 toneladas de dióxido de carbono.

Rotação de culturas

rotação de culturas é outra técnica estratégica para a diminuição do efeito estufa na atmosfera. Ela protege o solo e possibilita a imersão de culturas de cobertura, como as gramíneas e as leguminosas.

A ideia é procurar culturas que possam produzir bastante palha, como o milho e a aveia.

Outra opção são culturas de compensação, como soja e trigo, que fazem os balanços de carbono no solo.

Nas linhas da produção de café, tem sido muito utilizada a plantação de capim braquiária, como meio de obter cobertura verde do solo. Com a decomposição, é possível que se tenha de 15% a 25% convertidos em carbono.

Sistema ILPF

Desenvolvido pela Embrapa, o ILPF é considerado uma das alternativas mais apropriadas quando se fala em sustentabilidade.

Ele consorcia a criação de bovinos com a exploração florestal, geralmente de plantios de eucaliptos.

Estudos mostram que as sombras proporcionadas pelas árvores proporcionam bem-estar aos animais. Estes, por sua vez, reduzem a emissão de gás metano pela boca — o gás vem do processo digestivo dos bovinos, que são animais ruminantes.

O ILPF favorece a geração de serviços ambientais, como o sequestro de carbono, mas as medições sobre quantidades de emissões ainda estão no campo das pesquisas.

Links pesquisados:

www.diadecampo.com.br
www.climatefieldview.com.br
www.aegro.com.br
www.canalrural.com.br

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