COP 26 propõe mudanças urgentes com mais de 200 países

COP 26 propõe mudanças urgentes

Durante os quinze dias da COP 26 o Brasil e mais de 200 países puderam compartilhar as políticas para melhorar a vida no Planeta

A 26ª Confederação das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), ocorrida entre os dias 1 e 12 de novembro, passado, na cidade de Glasgow, na Escócia, possibilitou ao Brasil mostrar para todos os países presentes, como está lidando com sua economia verde. E, ao que tudo indica, é protagonista nas negociações envolvendo o clima, segundo o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, ao participar do encerramento do evento.

Nas duas semanas de duração da COP 26, foram apresentados aos participantes iniciativas de ordem pública e privada, para que todos pudessem conhecer o que tem sido realizado no Brasil. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), de Brasília, foi responsável pelo espaço híbrido do evento, permitindo que tanto quem estivesse presencialmente, quanto online, pudesse acompanhar os trabalhos. Foram mais de 100 cases de projetos e planos do Governo Federal e do setor privado, que resultaram em mais de 70 horas de transmissão.

Matriz energia limpa

Uma das principais exibições, foi a nossa matriz energética limpa, que tem sido explorada pelo agronegócio de forma sustentável. A indústria ainda está em transição, mas a redução de carbono tem sido uma das prioridades do setor financeiro que faz investimento privado em infraestrutura verde.

Em sua página na rede mundial, o Governo fez questão de demonstrar que deu destaque em Glasgow à infraestrutura, como um modal novo, pois visa a implantação e expansão do modal ferroviário, cujo objetivo é reduzir em 75% as emissões do transporte de carga. Modal esse, que tem despertado o interesse dos investidores, pois o modal ferroviário já tem mais de 3 mil quilômetros instalados.

No que tange a reciclagem de resíduos sólidos, também foi alvo de comemorações, uma vez que foram contabilizados mais de uma dezena de casos de muito resultado, que já dão ao Brasil, a liderança mundial, neste quesito. No geral, estamos na frente com a produção de reciclagem do alumínio, do óleo lubrificante usado e também de pneus inservíveis, além da bateria de chumbo.

Portanto, são muitos os exemplos apresentados durante a Conferência, envolvendo a reciclagem, que por sua vez, contribui para as reduções de gás de efeito estufa. Sem falar que também, preserva os recursos naturais e evita o descarte inadequado, fazendo com que a poluição ambiental seja reduzida, por conseguinte e gera emprego verde.

Compromisso na COP 26

No noticiário publicado durante o evento, um dos anúncios mais enfatizados foi o compromisso firmado pelo governo brasileiro de reduzir em 50% as emissões de gases de efeito estufa até 2030, que anteriormente era de 43%. A expectativa é chegar em 2050 com a neutralidade total.

Ao debutar pela primeira vez na 26ª Conferência das Partes, o Brasil também fez questão de se comprometer para eliminar o desmatamento ilegal no País, até 2028, quando a meta anterior era até 2030.

A cúpula do clima reuniu líderes de mais de cem países entre os dias 31/10 e 12/11 em torno de debates sobre os novos compromissos para garantir a meta do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura média da Terra em 1,5°C.

Como anfitrião da Conferência do Clima, o Reino Unido se deu por satisfeito com o pacto alcançado entre os mais de 200 países, uma vez que não houve grandes avanços em relação a um consenso em ampliar o índice de ações para redução das temperaturas climáticas. A COP 26 foi encerrada com o Pacto de Glasgow, um documento assinado pelos países que deixou a desejar em termos de ambição. Contudo, apesar de não ter dado garantias ao cumprimento desse limite, Glasgow teve o papel de manter 1,5°C vivo. Além do compromisso oficial, foram assinados na Escócia uma série de compromissos independentes que podem contribuir para a redução de emissões e limitar as mudanças climáticas.

Mudanças climáticas interferem na produção das lavouras

Houve acordos não obrigatórios em torno de desmatamento zero e redução de 30%, nas emissões de gás metano até 2030, além de pactos por recuperação florestal. Por outro lado, ainda persistem alguns entraves entre países ricos e em desenvolvimento quanto aos mecanismos de financiamento dessas ações e quanto à efetiva redução do uso de carvão e de combustíveis fósseis, que estão na lista dos principais causadores do efeito estufa.

O Brasil está um pouco distante do que preconiza o estudo feito pela Unicamp, em relação ao que se espera de uma nação sólida de todos os pontos de vista. Porém, ao se atualizar na sua Contribuição Nacional Determinada (NDC), ou seja, estabelecer meta voluntária de redução das emissões de gases poluentes, já pode se considerar com disponibilidade para realmente, fazer a diferença. E isto foi algo que ficou demonstrado com a previsão de corte nas emissões de 43% para 50%,  até 2030. Além da expectativa de neutralidade até o ano de 2050.

Crescimento verde

Segundo a Agência Brasil, em discurso gravado para a COP 26, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o “Brasil é uma potência verde” e argumentou que o país é solução para os problemas atuais.

“O Brasil é uma potência verde. Temos a maior biodiversidade do planeta, a maior e mais rica cobertura florestal e uma das maiores áreas oceânicas. No combate à mudança do clima, sempre fomos parte da solução, não do problema”, afirmou.

Bolsonaro ressaltou ainda que o Programa Nacional de Crescimento Verde, lançado recentemente, “traz as preocupações ambientais para o centro da agenda econômica”. A iniciativa tem como objetivo aliar a redução das emissões de carbono, a conservação de florestas e o uso racional de recursos naturais com geração de emprego verde e crescimento econômico.

“Ao promover uma ‘economia verde’, o programa vai orientar as ações de proteção e conservação do meio ambiente por meio de incentivos econômicos, direcionando recursos e atraindo investimentos. Com isso, vamos favorecer ações e projetos de conservação da floresta, uso racional dos recursos naturais, redução de emissões de gases de efeito estufa e, principalmente, geração de “empregos verdes”, defende Bolsonaro.

Outros compromissos assumidos pelo Brasil na COP 26: florestas e metano

O Brasil também assumiu outros dois compromissos na primeira semana da COP 26: a Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra e o Compromisso Global de Metano. A Declaração dos Líderes sobre Florestas foi liderada pelo Reino Unido e conta com 110 países, representando 85% das florestas do planeta, e tem como objetivo principal acabar com o desmatamento até 2030.

Segundo o Map Biomas, 99% do desmatamento que ocorre no país hoje é proveniente da ilegalidade, o que sugere que se o Brasil impuser a sua legislação, isso será suficiente, tanto para o cumprimento da Declaração, quanto para a preservação do bioma. E como não há diferenciação entre desmatamento legal ou ilegal, no texto final, os congressistas brasileiros presentes da COP 26 fizeram questão de ressaltar que o compromisso do Brasil deveria se restringir a desmatamento ilegal.

A declaração reconhece o poder das comunidades locais, incluindo os povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, que geralmente são afetados de forma negativa pela exploração comercial e degradação das florestas.  No texto há promessas de que os líderes irão aumentar os esforços de conservação florestal e de ecossistemas terrestres, acelerando sua recuperação e facilitando o comércio sustentável.

Energia limpa e renovável inibe a emissão de poluentes no meio ambiente

O compromisso também inclui promessas de reestruturação de políticas agrícolas; programas para reduzir a fome; beneficiar o meio ambiente; facilitar o financiamento para reverter perdas e degradação florestal; e acelerar a transição para uma economia verde. Importante ressaltar que a Declaração não prevê penalidades para qualquer descumprimento do acordado pelos signatários.

Casas de populações ribeirinhas na Amazônia brasileira, essa também é uma preocupação da COP 26

O Compromisso Global de Metano reúne um grupo de 103 países, liderados pelos Estados Unidos e pela União Europeia, e tem como objetivo principal reduzir as emissões de gás metano em 30% até 2030. É importante ressaltar que o metano causa mais danos à atmosfera do que o CO2. Dessa forma, a iniciativa desses países de mitigar a emissão desse gás tem grande potencial para a meta de 1,5°C.

O Brasil está entre os signatários, o que é significativo, uma vez que o país produziu em 2016 cerca de 19.333 Gg de metano, sendo 76,1% proveniente da atividade agropecuária.

Vale destacar que já existem tecnologias e práticas disponíveis para redução das emissões na atividade pecuária – como melhoria da alimentação para que o ciclo pecuário reduza de 3,5 anos para 2 anos, entre outras. O ponto crítico é o setor pecuário começar a empregar esforços para mitigar as emissões de metano em termos absolutos, a fim de cumprir com o propósito do compromisso assumido.

Brasil demonstra a sustentabilidade do agronegócio na COP 26

Os produtores rurais brasileiros estão comprometidos com a sustentabilidade na produção de alimentos. A garantia deste compromisso está nos documentos entregues pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) ao Governo Federal para serem apresentados na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), que ocorre de 1º a 12 de novembro em Glasgow, na Escócia.

Medidas adotadas pelo Governo brasileiro para o setor, com foco em tecnologias sustentáveis, também serão pauta na Cúpula do Clima. Como o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC), política que adota tecnologias para diminuir o impacto ambiental na agropecuária. Entre elas criar floresta plantada, recuperação de pastagens, plantio direto, Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) no solo, manejo de dejetos de animais e integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

No período de 2010 a 2020, a meta era aplicar a tecnologia em 35,5 milhões de hectares e diminuir a emissão de CO2 na atmosfera entre 132 a 162 milhões de toneladas. No entanto, as previsões foram superadas. As tecnologias do Plano ABC chegaram a 52 milhões de hectares, possibilitando a redução de cerca de 170 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente.

Holanda é referência mundial na produção de alimentos

A Holanda é o segundo maior exportador agrícola do mundo. Cebolas, batatas e vegetais como tomate, pimentão e pimenta estão entre os produtos mais vendidos.  E quem vê assim, pode se enganar e acreditar que são donos de grandes áreas territoriais. Não é assim, na verdade, é graças a tecnologia de última geração e produção baseada em estufas, que o país europeu se tornou referência mundial.

O cultivo é feito em condições controladas, com uso reduzido de espaço, de água e de pesticidas. O cultivo é em grande parte realizado com muito menos água e pesticidas do que a produção feita no solo ou ao ar livre. Muitos agricultores holandeses usam a tecnologia de estufa, chamada “agricultura de precisão”. Alguns na indústria de alimentos do país afirmam ser a mais avançada do mundo.

A moderna agricultura de estufa decolou no país após a Segunda Guerra Mundial, como reação a um dos últimos períodos de fome na Europa. Cerca de 20 mil pessoas morreram no “inverno da fome holandês” durante os últimos meses da ocupação alemã.

Atualmente, a parte mais avançada da tecnologia de estufas do país está na região sul de Westland, onde 80% das terras cultivadas estão sob vidro. Nas grandes estufas de alta tecnologia dos produtores sustentáveis ​​Duijvestijn Tomatoes, as plantas estão cheias de frutos vermelhos, amarelos, verdes e roxos. Nestes espaços altamente controlados, os visitantes são obrigados a usar roupas especiais, por causa da higiene.

Futuro vertical

Leo Marcelis, professor de horticultura da Wageningen University and Research (WUR), centro que realiza pesquisas para a indústria de alimentos holandesa, diz que as fazendas verticais são o caminho a seguir.

“No futuro, teremos fazendas verticais que serão tão altas quanto edifícios e que só usarão luz artificial”, diz Marcelis, acrescentando que isso fará com que a agricultura seja completamente independente do clima e completamente confiável.

Links pesquisados

www.gov.br

www.brasil.un.org/

www.dw.com

www.bbc.com

www.camara.leg.br

www.agenciabrasil.ebc.com.br

www.wribrasil.org.br

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