Filhotes cada um com seu cuidado específico para se desenvolver bem

Filhotes: cada um com seu cuidado específico

A exemplo de um bebê humano, filhotes de animais também requerem atenção primária, para se desenvolver bem

Toda espécie, seja ela humana ou animal, para crescer, se desenvolver de forma saudável, necessita cuidados, nos primeiros meses de vida. Portanto, vale a máxima caipira, de que um filhote bem tratado, será um adulto bem aparentado. Evidente, que não cabe comparação. Mas se pensarmos que um ser humano requer atenção praticamente toda a vida, até se tornar autônomo; não vai pesar nada, saber que cada filhote específico, requer uma atenção redobrada, apenas nos primeiros meses de sua vida, como vacinação, espaço apropriado, alimentação adequada, entre outros mimos, que vão tornar sua vida mais longa tanto quanto for tratado com cuidado desde que nascer.

Até porque, são eles que vão ser responsáveis pela engorda, ou não, da maior produção, ou não, de leite, carne, ovos e outros, derivados do animal em questão, a partir da manutenção de sua boa qualidade de vida. Quanto melhor tratada, mais lucros e dividendos irá proporcionar aos criadores. Portanto, é indispensável, que haja dedicação para conhecer como cada animal precisa ser cuidado, nos seus primeiros meses de vida.

Evidente que cada um tem seu tempo, e a depender da destinação que se dará a eles, é importante conhecer a fundo, qual o melhor manejo para cada raça, a fim de atender todas as suas necessidades. E quando falamos de animais, falamos em especial, daqueles afeitos ao universo rural. Temos os suínos, os bovinos, as aves (frangos, galinhas e pintinhos) e, por fim, os caprinos (ovelhas e cabras). Há também uma vasta gama de animais exóticos, que hoje convivem em cativeiro, com aprovação do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), e muitos podem ser comercializados, desde que atendam todas as normas legais. Também chamados de animais silvestres, dentre os mais adotados ou criados estão papagaios, furões, coelhos, jabutis, tartarugas, saguis, chinchilas, entre outros.

Nutrição animal é um item dos mais importantes no agronegócio

Frente a essa diversidade de animais, uma das maiores dificuldades encontradas no processo é a mortalidade entre mães e filhotes. Cada espécie necessita de cuidados, muitas vezes semelhantes, no processo para garantir que não haja perdas. Em alguns casos, a indústria pecuária oferece formas específicas de lidar com os filhotes, garantindo diferentes níveis de calor necessários, utilizando diferentes métodos e até realizando exames.  Aqui estão algumas dicas elaboradas pelo Buscar Rural para auxiliar no processo de criação de cada espécie:

Filhotes de suínos

A gestação suína dura aproximadamente 114 dias. Os casos de mortalidade dos leitões ocorrem precocemente, em geral, na primeira semana após o nascimento. As causas variam desde esmagamento acidental, inanição quando a matriz não produz leite suficiente e até sangramento do umbigo.

Para diminuir esses casos é importante estar atento a alguns fatores:

Durante o parto, a fêmea deve estar livre de estresse, longe de animais estranhos, calor excessivo, barulhos ou mudança de local.

Disponibilização de nutrição e espaço adequado

Além de garantir comedouros e bebedouros para os filhotes, é importante que o produtor disponibilize um escamoteador. Essa ferramenta funciona como uma “casinha” aquecida por uma luz infravermelha. O escamoteador é uma ferramenta importante para regular a temperatura corporal do leitão, a fim de que ele não tenha maiores gastos de calorias para realizar esta função.

Consumo do colostro: Assim como todo mamífero, é muito importante realizar o consumo do colostro, que seria o leite produzido logo após o nascimento. Em entrevista ao Canal Rural, a gerente técnica de Saúde Animal, Brenda Marques afirma: “É essencial que os leitões mamem no mínimo 200 ml de colostro, fonte de energia e de imunidade contra várias doenças. Podemos dizer que o colostro é a primeira vacina dos leitões”.

Introdução dos filhotes à creche

Os leitões devem ser manejados cuidadosamente e durante as horas mais frescas do dia, a fim de evitar o estresse da separação da mãe. Depois de 21 a 28 dias, o desmame tem início e o bebê suíno é levado a introdução alimentar com ração, na creche. Se as matrizes (leitoas mães) foram desverminadas antes do parto, não há necessidade de vermifugar os filhotes até os três meses de idade. Tendo todos esses cuidados, a saída da creche pode ser realizada entre os 52 e 65 dias de idade.

Esteja atento à limpeza: Um fator de suma importância para garantir a biosseguridade nos galpões, isto é: garantir a limpeza e desinfecção das granjas, respeitar o período de vazio sanitário entre os lotes e manter os cuidados com transporte em fases de creche ou terminação.

Em seu estudo sobre o manejo e a produção de suínos, a Embrapa Suínos e Aves recomenda que os criadores de suínos se mantenham em contato com os órgãos nacionais de apoio e orientação ao produtor rural, de acordo com o animal que vai criar. Além disso, indica a visita de um veterinário pelo menos uma vez por ano. E em casos de surto de alguma doença, o material de Boas Práticas de Produção de Suínos, da Embrapa, recomenda entrar em contato com a Agência Oficial de Defesa Sanitária, o mais rápido possível.

Cuidados com filhotes bovinos

O período de gestação das vacas tem a duração de 283 dias, de acordo com a Embrapa. Esse período pode variar de acordo com a espécie da vaca; a vaca nelore tem o período gestacional de 295 dias, por exemplo. A mortalidade entre os pequenos bezerros costuma ocorrer enquanto eles ainda são amamentados.

Realize exames pré-parto: O cuidado para evitar a mortalidade começa no período pré-gestacional, onde são realizados diversos exames. O produtor tem que garantir os exames ginecológicos adequados a fim de identificar se a matriz tem brucelose, leptospirose, rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR) e diarreia viral bovina (BVD), além de outras doenças que causam aborto e até a infertilidade das matrizes.

Providencie um materneiro: O materneiro é a pessoa responsável pelo processo desde parir o bezerro até os primeiros cuidados. Em entrevista ao programa Giro do Boi, do Canal Rural, a doutora em zootecnia e professora da UFMT, Fernanda Macitelli afirma: “Toda fazenda precisa ter um materneiro, alguém especialista nisto”.

Realize a boa cura do umbigo após o nascimento: Uma das dicas para reduzir a chance de infecções que podem vir a levar o bezerro à morte é a cura feita corretamente do umbigo. Não é recomendável fazer o corte do umbigo, e sim observar e aplicar remédio em volta do anel entre o cordão e o abdômen. A observação é primordial, para verificar casos de diarreia, dificuldade no nascimento e afins.

Verifique se o bezerro mamou o colostro: Outra dica é verificar se o bezerro mamou o colostro. É ideal que antes de 6 horas de vida, o bezerro já tenha feito sua alimentação com o colostro.

filhote rural – bezerro próximo ao curral

Manejo de filhotes de aves

Os cuidados feitos logo nos primeiros dias de vida dos pintinhos, assim como os demais filhotes, são de suma importância para garantir maior qualidade no processo de abate. Em recente reportagem exibida no Canal Rural, o vice-presidente da Associação Brasileira de Avicultura Alternativa, Luís Ricardo Bianchi afirma: “Se você não faz o desenvolvimento inicial dele bem feito, ele não vai ser um animal saudável, não vai ter estrutura óssea para depois ganhar peso”.

Mantenha o controle da temperatura ideal do ambiente: Para manter a taxa de mortalidade dos pintinhos sob controle, entre 0% e 1%, a temperatura dos viveiros tem de ser entre 30º e 32ºC, reduzindo 3ºC a cada semana até atingir 24ºC.

Garanta nutrição adequada: Também é importante disponibilizar comida e água fresca à vontade, via comedouros e bebedouros. O crescimento das aves se dá por uma combinação de nutrientes que podem estar presentes nas rações. Por se tratar de uma dieta triturada, o produtor tem de garantir que as partículas sejam do mesmo tamanho, para evitar desperdício.

Providencie espaço ideal para os pintinhos

O tamanho do viveiro tem de ser adequado também, e será aumentado de forma gradativa, até ficar 20 vezes maior. É importante garantir o espaço necessário para os pintinhos, senão eles começam a molhar a serragem, diminuindo a temperatura do criadouro. A limpeza do criadouro deve ser feita periodicamente

Sempre checar o estabelecimento: A inspeção sanitária deve ser feita periodicamente, a fim de evitar doenças como salmonelose, comum nos ovos.

Manejo de filhotes ovinos

Os ovinos são aqueles animais como as ovelhas, cordeiros, carneiros e borregos. O período de gestação desses animais é de aproximadamente 150 dias. Alguns cuidados necessários na criação de ovinos são:

Observação pré e pós-parto: Esteja atento aos sinais da ovelha no período pré parto, se ela se isola, berra ou se ocorreu o rompimento da bolsa. Após o parto, veja se a ovelha fez a limpeza de seu filho, lambendo-o. Esse primeiro ato demonstra que a mãe irá manter o filhote aquecido. Depois, garanta que o corte do umbigo seja feito de maneira cuidadosa e esterilizada, deixando aproximadamente 5 cm de umbigo.

Introduza a alimentação correta: recomenda-se que um cordeiro de 3kg, em seus primeiros dias de vida, consuma uma quantidade de colostro 10% do equivalente ao seu peso. Depois de 7 a 10 dias, é feita a introdução dos alimentos sólidos na dieta do ovino.

Esteja atento à vermifugação: Para evitar doenças, é necessário garantir a vacinação e vermifugação dos animais. No caso dos ovinos, as vacinas são aplicadas nos primeiros meses de vida. A vermifugação deve ser feita conforme a necessidade e sempre de acordo com os resultados de exames periódicos feitos anteriormente, como o de fezes.

Animais exóticos

Algumas pessoas gostam de animais convencionais domesticados, como cães ou gatos, mas há quem prefira adotar animais exóticos. Por definição, animais exóticos são aqueles que não estão geograficamente presentes no seu habitat natural. Alguns exemplos de animais exóticos são os coelhos, que vieram da Península Ibérica (região que contempla Portugal e Espanha) e de algumas regiões do norte da África.

O Ibama permite a adoção desse tipo de animal apenas com documentação especial. É essencial, durante a compra de animais exóticos garantir que esteja fazendo negócio em lojas confiáveis. Agora, separamos alguns animais exóticos que fazem sucesso aqui no Brasil:

Furão

O furão é um roedor bastante conhecido, mais comum nos Estados Unidos. Ao ser comprado, ele vem castrado e com um microchip. Confira aqui algumas dicas para a sua criação:

Uma alimentação especial: Todo furão precisa de uma alimentação especial para seu desenvolvimento. Dessa forma ele garante os nutrientes necessários e permanece ativo e pronto para brincadeiras. Sua alimentação somente pode ser feita através de ração específica para furões, que tem um preço mais elevado em comparação com os alimentos oferecidos para outros animais.

Tenha uma gaiola cheia de brinquedos: Os furões tendem a roer cabos e tomadas, portanto é essencial garantir que o animal tenha uma gaiola para os momentos em que ele for ficar sozinho. Decore a gaiola com tubos, bolas, uma caminha e outros objetos divertidos, porque eles adoram brincar!

Esteja atento à saúde do furão: Os furões têm uma saúde muito delicada! A médica veterinária Mariana Pestelli, em entrevista ao portal da Petz, afirma que é importante fazer um acompanhamento com veterinário a cada seis meses.

Cuidando da higiene: Garanta a limpeza correta da gaiola do seu furão. Como a saúde desse pequeno mamífero é bem sensível, a falta de limpeza pode resultar em doenças e surgimento de parasitas. Depois de limpar a gaiola, também é recomendado dar um banho no seu amiguinho.

Coelhos

Os coelhos são mamíferos de pelo macio, movimentos rápidos e de comportamento muito dócil. Aqui vão algumas dicas para criar o seu coelho:

Ambiente adequado: Os coelhos devem estar em um ambiente com temperaturas entre 15ºC e 25ºC.  É bom evitar ambientes muito movimentados, com barulho excessivo. Isso pode estressá-lo!

Alimentação: de acordo com artigo dos especialistas da Revista Ciência Rural, os coelhos são animais que tendem a aspirar o alimento enquanto comem. Para garantir uma alimentação correta, é necessária a nutrição com ração em pellets (formato tubular, cilíndrico). Podem ser oferecidos também talos, cascas de batata e alguns grãos como trigo, soja, centeio e aveia.

Jabutis

Os jabutis são animais tranquilos e de clima quente, portanto são muito fáceis de se manter em casa. Aqui vão algumas dicas:

O melhor ambiente: Por serem originários de locais quentes, é bom manter o jabuti em um cantinho quente da casa. Além disso, é ideal que o jabuti esteja em um ambiente úmido, do contrário, ele pode vir a ter problemas respiratórios. É ideal que eles sejam mantidos em um terrário.

Alimentação: são animais predominantemente herbívoros, podendo se alimentar de folhas de alface e couve, até frutas, como banana, maçã, ameixa, entre outras. Esses répteis também se dão bem com rações!

Agora que você sabe os cuidados necessários para cada animal, recomendamos a leitura do guia “Biodiversidade faz bem à saúde”. Esse guia de Biodiversidade (inserir hiperlink) organizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), nos ajuda a manter alguns cuidados no manejo e criação de animais exóticos. Vale a pena conferir!

Links pesquisados:

www.canalrural.com.br

www.cnpsa.embrapa.br

www.girodoboi.com.br

www.nutricaoesaudeanimal.com.br

www.cnabrasil.org.br

www.revistagloborural.globo.com

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