Seja pela produção de lã ou de carne, a ovinocultura – criação de ovinos – tem mercado garantido dentro e fora do País
A ovinocultura é uma parte da Zootecnia, na qual trata o estudo e a criação de ovelhas. O objetivo da ovinocultura é a produção de alimentos de origem ovina na forma de carne e leite, além de outros produtos, tais como a lã extraída destes animais. Em 2019, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que o Brasil contabilizou 20 milhões de cabeças ovinas.
A ovinocultura está distribuída em todo território nacional, com uma grande diversidade de raças, portanto, tem grande potencial de crescimento. Desde o início da década de 90 tem se verificado um aumento significativo no efetivo do rebanho ovino nacional, com características muito peculiares a cada região política, mas também fortemente atrelado às exigências do mercado consumidor.
Surgimento do rebanho de elite de ovinos permite a retomada
Com um mercado altamente comprador, seja para carne, para pele, e em menor escala para a lã, surgem como consequência os “rebanhos elite” e os importadores de produtos ovinos. O rebanho brasileiro diminuiu significativamente na primeira metade da década de 90, acompanhando uma tendência mundial, devido à grave crise que abateu o mercado da lã e, na Europa, em decorrência também do surgimento da Encefalopatia Espongiforme Bovina – EEB (mal da vaca louca).
Houve uma forte retração na demanda mundial de lã, o que forçou os países produtores a reduzir seus rebanhos e modificar o perfil da produção, direcionando o sistema mais para a produção de carne, tornando-o mais flexível diante do mercado.
As ovelhas são animais sensíveis e seu manejo requer cuidados, principalmente quando estão em grandes rebanhos. Em regiões mais frias, como no Sul do país, onde há muitas criações de ovinos, principalmente pela lã, o cuidado com os recém-nascidos deve ser ainda maior.
Além do frio, há outros perigos que rondam as pequenas ovelhas. São lobos, raposas e até os urubus, que podem predar o pequeno cordeiro – a cria da ovelha.
Num aspecto geral, a ovelha é dócil, mas o carneiro requer uma maior atenção na hora do manejo, pois podem apresentar certa agressividade.
Sobre a alimentação dos ovinos, as pastagens são uma forma prática e econômica para alimentar os animais. Entretanto, na ausência de pastagem ou naquelas pastagens que não atingem o mesmo tamanho pelo campo e varia de acordo com a estação do ano, pode-se utilizar feno. Ademais, pode-se utilizar também ração específica que atenda às necessidades nutricionais do animal.
A produção dos ovinos no Brasil é praticamente voltada para dois mercados específicos
A ovinocultura no Brasil se dedica basicamente a dois nichos, que são: produção de carne e produção de lã. A produção de carne se concentra principalmente no Nordeste do país, onde há animais de raças com menos lã, destinados ao mercado de carne e couro. Outra grande concentração de ovinos está no Sul, onde a maioria das raças possui grande quantidade de lã, que é o outro nicho que mantém a ovinocultura.
Algumas raças de ovelhas têm boa adaptabilidade no Brasil. Dentre elas estão, por exemplo, as raças voltadas à produção de lã fina, sendo Merino Australiano e Idea. As que possuem dupla aptidão (lã e carne) são Corriedale, Romney Marsh e Border Leicester. E por fim, as que se destacam na produção de carne são Suffolk, Hampshire Down, Ile de France, Texel, Poll Dorset, Santa Inês, Morada Nova e Bergamácia.
Vantagens na criação de ovinos
Uma das grandes vantagens de criar ovinos se dá pela sua rusticidade. Desde que não haja descuido do valor nutritivo da pastagem e não deixando de lado a suplementação mineral, a alimentação não tem grandes exigências. O ciclo reprodutivo também é um atrativo para quem investe no ramo, pois os animais estão prontos para procriar entre os 18 e 30 meses.
O produtor também carece, seja individualmente ou em ações coletivas – como associações e cooperativas, de maior nível de capacitação, financiamento e gestão, favorecendo desta forma a redução dos custos de produção, aumento da escala de produção, comercialização conjunta (compras e vendas) e direcionamento estratégico para atender a demanda de mercado de forma regular (no prazo), suficiente (no volume) e satisfatória (na qualidade).
A produção de carne ovina é uma atividade que vem se desenvolvendo gradativamente no país, mudando o foco e crescendo em regiões onde antes essa atividade era insignificante, viabilizando sistemas de produção animal em pequenas propriedades e tornando-se mais uma alternativa de investimento no meio agropecuário.
Ovinos e caprinos se diferenciam por meio da pelagem e da região onde se desenvolvem
A principal diferença entre caprinos e ovinos, com certeza não se deve à família que eles pertencem. Afinal, tanto a cabra e o bode, quanto a ovelha e o carneiro (fêmeas e machos, respectivamente) fazem parte da mesma família, a Bovidae.
Família essa a qual pertencem também os bois, vacas, antílopes e bisontes, ou seja, os mamíferos ruminantes. O estômago desses animais é acima de tudo, conhecido por ter quatro compartimentos: o rúmen, retículo, omaso e o abomaso.
Na espécie caprina, o bode é o macho, a cabra é a fêmea e o filhote é o cabrito. Já nos ovinos, o macho é o carneiro, a fêmea é a ovelha e o cordeiro é o filhote.
Os ovinos podem ser categorizados como lanados e deslanados. Assim como os caprinos são classificados como nacionais ou exóticos. Além disso, os caprinos vivem bem em áreas semiáridas, já os ovinos, por outro lado, precisam de um clima mais úmido.
Manejo é feito a partir de 40 kg e quando o animal já tem pelo menos um ano e meio
Atualmente, a produção de ovinos pode ser feita de forma extensiva, intensiva ou um misto dos dois sistemas. Para o sistema extensivo, a formação de pastos com qualidade e a rotação no uso deles são de extrema importância para a boa manutenção e nutrição do rebanho ovino.
No sistema intensivo, a nutrição feita por meio de rações e suplementos merece destaque pela busca de matérias-primas de qualidade, para que ocorra a nutrição e engorda adequada dos ovinos, com custo-benefício conforme o mercado.
O bom manejo reprodutivo é imprescindível para a qualidade dos rebanhos de ovinos. Geralmente, o manejo se inicia com os animais pesando em torno de 40 kg, aos 18 meses de idade. Há várias modalidades de cruzamentos industriais, adotadas de acordo com a raça e com o produto desejado.
A utilização de inseminação artificial é uma forma bem técnica e deve ser adotada conforme o custo-benefício apresentado. Em várias propriedades do Brasil, já se utiliza a transferência de embriões com a finalidade de melhoria dos rebanhos.
Mercado internacional, em especial o Oriente Médio, é potencialmente o maior consumidor de ovinos e caprinos
Segundo reportagem produzida num Portal de Conteúdo Agropecuário, o consumo da carne ovina no mundo varia muito devido a uma série de fatores culturais, econômicos, sociais e geográficos. É uma carne considerada preferida em muitos países, especialmente, aqueles com populações predominantemente muçulmanas. Na Arábia Saudita, quase 10% do total de proteína consumida é ovina.
Segundo a OCDE-FAO (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), a produção deve continuar e tem um grande mercado para ser explorado. O consumo global de carne ovina deve crescer em média de 1,5% ao ano até 2023, apoiado pelo crescimento populacional e econômico mundial. Atualmente, a Ásia e o Oriente Médio são os maiores importadores de carne ovina da Austrália (um dos maiores produtores de carne ovina), e certamente representam mercados com grandes potenciais para o Brasil.
Ferrovias estão sendo construídas e reformuladas em todo o País
Segundo a analista técnica do Sistema Famasul, Eliamar Oliveira, o país exportou 62 toneladas de carne de ovinos em 2021, e faturou US$ 531 mil, uma alta de 11,6% ante 2020.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o valor por quilograma de ovinos e caprinos pago ao pecuarista cresceu 37,18% no mesmo período.
O Rio Grande do Sul é encarregado de mais de 50% dos abates e ocupa o primeiro lugar. Atualmente, o estado possui um rebanho de 409,9 mil animais, os municípios com a maior parcela são Corumbá com 20 mil ovinos, Ribas do Rio Pardo com 17 mil cabeças e Bela Vista com mais de 14 mil animais.
Entre 2020 e 2021, segundo o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o abate de ovinos em Mato Grosso do Sul cresceu 46,70%, passando de 4,3 mil animais para 6,3 mil. Na média nacional a alta foi de 25,13% de um ano para o outro.
O Mato Grosso do Sul ocupa o 2º lugar no ranking nacional de abates de ovinos, conforme o Mapa, com a produção de 16,2% do total produzido no Brasil.
Links pesquisados:
www.sitiopema.com.br
www.agro20.com.br
www.cpt.com.br