A alta demanda impulsionada pela rentabilidade das commodities deve levar o setor de máquinas agrícolas a ter um aumento real de 30% no ano e fechar com o recorde de R$ 33 bilhões de faturamento. A estimativa partiu da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Implementos (Abimaq), que tem 500 indústrias associadas.
Os resultados surpreendem desde o primeiro quadrimestre do ano, quando o aumento de faturamento foi de 63%, mesmo com o estresse generalizado da cadeia mundial de suprimentos, em função dos efeitos da pandemia de Covid-19.
Os números atuais superam o recorde anterior de faturamento, de R$ 28,2 bilhões, já descontada a inflação, registrado em 2013. No ano passado, o aumento foi de 17%, com um faturamento de R$ 25 bilhões.
A John Deere, uma das grandes multinacionais do setor de máquinas agrícolas, prevê um crescimento no ano de 20% a 25% em suas operações na América Latina.
Projeções para o ano que vem dependem do dólar
Segundo a Abimaq, o mercado deve continuar aquecido até o segundo trimestre de 2022, com tendência de sofrer leve retração a depender da safra americana de grãos, do desempenho da colheita da safrinha brasileira, do plantio da safra verão e dos números da colheita sul-americana.
Se houver queda do dólar o poder de investimento do produtor deve ficar menor. Se a rentabilidade cair, o agricultor fica menos propenso a comprar máquinas.
Outro aspecto considerado pela entidade é que os créditos rurais financiados pelo atual Plano Safra terminam muito cedo, forçando os produtores a recorrerem a financiamentos de fora, como os do Banco do Brasil e os da linha BNDES Crédito Rural, que ofereceram juros baixos. A previsão da Abimaq é que em 2022 os recursos subsidiados também acabem logo, levando a uma escassez de dinheiro para financiar o setor.
Resultado geral do mercado de maquinário agrícola
No acumulado, a indústria de máquinas e equipamentos registrou, em março, um faturamento 18,9% maior que o de fevereiro de 2021, e 28,9% superior ao do mesmo período de 2020, de acordo com dados da Abimaq. Com isso, o primeiro trimestre do ano encerrou com crescimento de 28%.
O nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) de toda a indústria brasileira de máquinas e implementos voltou a crescer e atingiu 76%.
Crédito rural injeta recursos para compra de máquinas agrícolas
Os produtores rurais aproveitaram a alta dos preços dos grãos para aumentar a área plantada e investir em máquinas e implementos agrícolas.
Com capital em mãos oriundo das vendas antecipadas e diante da escassez nas linhas de crédito do Plano Safra 2020/2021, muitos agricultores utilizaram recurso próprio para renovar a frota. De acordo com a Abimaq, as vendas cresceram 20% neste ano.
As vendas de máquinas agrícolas tiveram um impulso por conta da defasagem tecnológica existente no país. Segundo a entidade, metade das máquinas agrícolas em uso no Brasil tem mais de dez anos.
Os produtores rurais bem que tentaram mais crédito reivindicando cerca de R$ 15 bilhões ao Plano Safra, mas só obtiveram R$ 6,5 bilhões, o que provocou o término do dinheiro no primeiro semestre. Outros produtores, com menos caixa, investiram usando recursos do BNDES e de bancos privados, com taxas de juros superiores a 9%. Ainda assim, o crescimento tem sido expressivo
Exportações e importações de máquinas agrícolas
As exportações não seguiram a tendência de alta com uma retração de 64% no primeiro trimestre, comparado ao mesmo período do ano passado. Se tomar por base somente o mês de março de 2020, a situação é ainda mais crítica, no qual o resultado apurado é um índice negativo de -18,8%.
Em contrapartida, as importações do mercado cresceram em mais de 16% no acumulado de 2021 até o momento, no montante dos três primeiros meses. Comparado somente a março de 2020, o aumento foi de 58,2%.
Mercado de máquinas seminovas e usadas
Não é só o segmento de máquinas zero que está à toda, o setor de seminovas e usadas também está numa escala positiva. A diretoria técnica da MaisAtivo, empresa do Grupo Superbid Marketplace, plataforma de leilões, informa que a empresa registrou elevação de 36,8% nas vendas de equipamentos usados do segmento em 2020, na comparação com o ano anterior, com maior pico de ofertas registrado nos meses de outubro a dezembro.
O comércio de colheitadeiras e colhedoras, por exemplo, teve elevação média de 57% e o de implementos agrícolas, 39%. Foram comercializadas 2,5 mil máquinas entre tratores, colheitadeiras e pulverizadores no ano passado, com tíquete médio de R$ 20 mil a R$ 450 mil. Nos primeiros meses deste ano, o aumento de vendas do setor, que representa 10% do volume de transações da plataforma, foi de 20,3%.
Três fatores colaboraram para o aumento dos negócios: o atraso nas entregas de equipamentos novos devido à falta de peças, o aumento acentuado de preços das máquinas zero e a queda de idade do maquinário que está chegando para os leilões.
Máquinas agrícolas: o motor do produtor rural
As máquinas agrícolas são curingas para o auxílio nas tarefas do campo. Elas servem para aumentar a agilidade e rentabilidade do produtor. A mecanização dos processos agrícolas surgiu como uma demanda pela produção de alimentos em maior escala.
Hoje as máquinas se modernizaram ao ponto de oferecer mais produtividade, precisão e agilidade nas produções agrícolas. Mecanizando todas as etapas da produção agrícola, o produtor vai poupar a mão-de-obra humana de trabalhos exaustivos e perigosos.
Entre as principais máquinas agrícolas, é possível citar as que desempenham funções de: preparo do solo, semeadura, plantio e transplante, além de coleta e aplicação de fertilizantes e adubos.
Maquinários de apoio à produção rural e agrícola, têm permitido a otimização e a ampliação da capacidade produtiva, a redução de perdas, a autossuficiência dessas propriedades e, claro, a inserção dos pequenos e médios agricultores no mercado.
Crédito Rural facilita a vida no campo
Um ponto importante para quem vai investir em máquina agrícola é considerar os custos que terá com combustível. A unidade de medida são os litros por hora (l/h) ou litros por hectare (l/ha). O tipo de pneu utilizado também interfere neste consumo.
O estilo de transmissão e a tecnologia empregadas na máquina agrícola podem facilitar a troca de marcha. Assim, o uso de um maior número de marchas é útil em atividades mais complexas, uma vez que propicia a combinação de rotação do motor e velocidade.
Para garantir o pleno funcionamento de todas as máquinas e equipamentos, é importante investir nas manutenções preventivas e em um seguro para garantir previsibilidade financeira e segurança das ferramentas de trabalho.
Conheça as principais máquinas utilizadas no campo:
Arados
A principal máquina utilizada nas produções agrícolas é o trator, nele pode ser acoplado o implemento agrícola chamado arado, que é ideal para lavrar a terra e descompactar o solo. Servem para fazer o preparo periódico primário do solo, ajudam a romper camadas compactadas para que entre a luz solar e nutrientes. Podem ser de discos ou de aiveca – cada uma das duas peças de ferro ou de madeira que, colocadas dos lados da relha do arado, servem para revirar a terra levantada pela relha.
Arados de discos são ideais para solos secos, duros e pegajosos. Já os arados de aiveca, produzem a inversão do solo e nem sempre podem ser usados em solos com pedras e tocos.
Arados de Discos
São formados por discos, colunas e cubos, que são acoplados ao trator agrícola por meio dos três pontos. Promove o corte, elevação e mobilização da leiva.
Arados de aiveca
Possui uma superfície torcida, que recebe o nome de “aiveca”, responsável por elevar, torcer e inverter parcialmente a leiva cortada.
Semeadeira Agrícola
Quando acoplada a um trator agrícola, pode realizar a operação de semeadura, que introduz as sementes de plantas no solo para o desenvolvimento de alimentos como feijão, soja, milho, trigo e aveia. Usada para semear sementes miúdas e esse é o seu maior diferencial em relação à máquina plantadeira, que trabalha com sementes maiores.
Plantadeira Agrícola
A plantadeira é uma máquina conhecida por sua eficiência nos procedimentos de plantio. Define as condições de alinhamento e espaçamento entre as mudas. O que permite melhor aproveitamento do terreno plantado, evitando desperdícios.
Pulverizadores
São instrumentos ou máquinas utilizadas com o objetivo de auxiliar as empresas no combate à insetos, e aplicação de sanitizantes. Permite o controle da dosagem na aplicação de produtos químicos. Também podem espalhar fertilizantes e defensivos agrícolas.
Colheitadeira
Faz a colheita e limpeza de grãos, sejam eles de milho, linhaça, aveia e trigo. O equipamento permite que o alimento cortado caia dentro da colheitadeira e seja transportado pela garganta do alimentador, para depois ocorrer a separação dos grãos e da palha.
Fonte: Agropos, CGF Seguros, Afonsin, Revista Globo Rural, CH Bagro, Super Bid, Abimaq