Caixa com abelhas produzindo mel

Apicultura é atividade essencial para polinização de alimentos e produção de mel

Se tem algo que não foi afetado pela pandemia no Brasil, no que tange ao agronegócio, foi a produção e o consumo de mel; até pelo contrário, só aumentou. Isso, a despeito de vários setores terem sido fortemente afetados com os impactos econômicos, no transcurso dos últimos dois anos. Mas o mel, que é encontrado em nossa plataforma do Buscar Rural, em várias partes do país, dos mais diferentes modelos, se manteve em alta no mercado mundial.

Embora os apicultores brasileiros sejam predominantemente de pequeno porte, de acordo com dados da Confederação Brasileira de Apicultura CBA (2019), quase metade dos produtores, no País, possuem até 50 colmeias, e mais de 90% possuem até 200. Um estudo do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste – ETENE realizado pela engenheira agrônoma Maria de Fátima Vidal,  aponta como são importantes em seus respectivos locais, que esta produção seja acompanhada. Afinal, ela explica que este grupo de produtores responde por 60,2% da produção nacional de mel. O apicultor cadastrado na OESA (Órgãos Executores de Sanidade Agropecuária) e com a sua produção adequada pode procurar um entreposto apto a exportar, negociar e oferecer seu produto. O entreposto poderá fazer algumas orientações e exigir alguns requisitos específicos da produção. Procure a empresa mais próxima de sua região e ofereça o seu produto

Expectativa de produção

Foram eles os responsáveis por produzir 46 mil toneladas de mel, em 2019, segundo a PPM (Pesquisa da Pecuária Municipal), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A expectativa de produção deste ano, no Mato Grosso do Sul, é de 750 mil quilos, com aumento próximo de 6%, e receita superior a R$ 7 milhões. O valor do quilo para o produtor está R$ 16 contra os R$ 13,40 do ano passado, de acordo com dados da Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).

O Paraná é responsável por cerca de 15% de toda a produção. Na sequência estão Rio Grande do Sul, Piauí, São Paulo e Minas Gerais. Sendo a região Sul do país, liderança na produção nacional, com dois terços do mel colocado no mercado externo e exportado principalmente para os Estados Unidos e a Europa.

Neste ano, a estiagem que afetou a maioria das regiões foi um dos obstáculos enfrentados pelos apicultores. Para 2021, a expectativa é de elevação ainda mais considerável da produção e do consumo, especialmente pelo aumento do número de produtores e de melhores condições climáticas.

Exportações estão em alta

Mel, própolis, cera, pólen e geleia real conquistaram o paladar de consumidores dos Estados Unidos, Canadá e União Europeia. Com isto, a comercialização de produtos apícolas brasileiros ganha cada vez mais espaço no mercado doméstico e internacional. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), esse é resultado do esforço de milhares de produtores que se dedicam ao setor.

De acordo com a CNA, com base nos dados do Ministério da Economia, somente em abril deste ano, o Brasil exportou US$ 22,5 milhões em produtos apícolas, crescimento de 143,9% em relação ao mesmo mês de 2020.

O mel natural puxou o desempenho do setor e foi o campeão de vendas, com exportações de US$ 20,7 milhões em abril (92% do total). Já as ceras de abelha somaram US$ 1,8 milhão no mesmo período. Os EUA foram o principal mercado comprador dos produtos apícolas (67,4% do total). Em seguida aparecem União Europeia (12,4%), Canadá (10,0%), Japão (4,9%) e China (2,2%).

Segundo a CNA, esse sucesso no comércio exterior é resultado do trabalho minucioso dos apicultores brasileiros. Para gerar bons retornos financeiros, a apicultura requer atenção em alguns pontos, como o conhecimento sobre as abelhas, localização dos apiários, gestão da atividade e manejo produtivo das colmeias.

Selo de qualidade

Na apicultura moderna se adota um tripé para a alta produtividade, ou seja, três manejos primordiais para a alta produção: substituição da rainha improdutiva, substituição da cera velha e alimentação artificial

Por ser considerado um produto artesanal, o mel se enquadra no Programa de Alimentos Artesanais e Tradicionais da CNA. No eixo da regulamentação do programa, a confederação atua para que o novo normativo que trata da concessão do Selo Arte (Lei nº 13.680/2018) aos produtos das abelhas e seus derivados seja condizente com as condições do campo e com o sistema produtivo dos criadores de abelhas.

Ao estimular que o criador de abelhas requisite o Selo Arte para seus produtos, a CNA pretende desenvolver o conceito da agregação de valor aos produtos das abelhas e o comércio nacional desses produtos. A entidade também apoia o fortalecimento da meliponicultura, que é o sistema produtivo das abelhas nativas brasileiras.

 

Manejo adequado do apiário melhora a produção

Definir onde será posicionado o seu apiário é umas das decisões mais importantes do apicultor. Alguns fatores devem guiar essa decisão, que interferem nos rendimentos pretendidos, na praticidade dos trabalhos e na segurança das pessoas e animais.

Para se ter sucesso nesse empreendimento, o produtor precisa levar em consideração a flora apícola, a presença de locais abrigados por árvores ou cercas-viva (conhecidos como quebra-ventos), sombreamento, topografia, condições do ambiente, facilidade de acesso e segurança.

O ideal é que o pasto apícola seja próximo às colônias, abundante, diverso e que não tenha interrupções das floradas ao longo do ano. A distância que as abelhas vão percorrer para coleta de néctar e pólen é outro fator que impacta diretamente a produção de mel.

Isso porque, se as operárias precisarem voar longas distâncias para procurar fontes de alimento, elas gastam muito mais tempo e energia para retornarem para suas colônias, em relação àquelas operárias que voam para locais mais próximos. Consequentemente, quanto mais as abelhas trabalham, maior o desgaste e menor o tempo de vida.

Normalmente, uma abelha faz sua coleta num raio de 3 quilômetros, mas é capaz de voar o dobro dessa distância em caso de fonte abundante de néctar. Dentro dessa lógica, a localização de fontes de água também é muito importante. O ideal é que ela esteja a cerca de 500 metros das colmeias.

Produção de frutas bate recordes no Brasil em 2021

Caso o terreno não ofereça essa opção, é necessário instalar bebedouros. A água é uma fonte essencial para manter o equilíbrio térmico dos enxames, pois é usada para refrigerar o ninho quando a temperatura externa está muito elevada.

O clima não deve ser muito frio nem muito quente e o ideal é que conte com estações secas e úmidas definidas. Nessa condição, há maior concentração de floradas depois do período chuvoso.

Para evitar os riscos de contaminação, o apiário deve ficar a pelo menos 3 quilômetros de lixões, aterros sanitários, lagoas de decantação de resíduos, engenhos e outros ambientes que podem comprometer a qualidade da produção apícola.

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) também estabelece a separação mínima de 1 quilômetro entre novos apiários e áreas experimentais para plantio de organismos geneticamente modificados (OGM).

Quem quer ter colmeias, deve sempre se atentar a segurança. Isto porque , é imprescindível observar a distância em que as colmeias ficam  posicionadas em relação a casas, e outros locais frequentados por pessoas. O ideal é uma distância de cerca de 500 metros, que também deve ser observada em relação a criação de animais.

Abelhas são essenciais para a polinização

Ao longo da evolução, os vegetais desenvolveram diversas formas de se reproduzirem. Alguns conseguem se autopolinizar, outros utilizam o vento, a água, ou a gravidade para carregar os grãos de pólen entre as flores. Porém, contar com ajudantes se mostrou mais eficiente. Das mais de 308 mil espécies de plantas conhecidas, 87% depende do intermédio de outro ser vivo para a reprodução. Nos trópicos, esse número sobe para 94%. Apesar de aves e morcegos desempenharem, também, esse papel, moscas, vespas, e demais insetos são fundamentais para a reprodução dos vegetais.

Principalmente as abelhas, mais eficientes polinizadoras e únicas especialistas, por se alimentarem exclusivamente de néctar e pólen.

Das mais de 308 mil espécies de plantas conhecidas, 87% depende do intermédio de outro ser vivo para a reprodução. Nos trópicos, esse número sobe para 94%. Apesar de aves e morcegos desempenharem, também, esse papel, moscas, vespas, e demais insetos são fundamentais para a reprodução dos vegetais. Principalmente as abelhas, mais eficientes polinizadoras e únicas especialistas, por se alimentarem exclusivamente de néctar e pólen.

Elas determinam a reprodução das plantas e, assim, quais vão dominar a paisagem. A frutificação dessas espécies afeta outros animais, como aves e mamíferos, que se alimentam e dispersam sementes. Forma-se, assim, uma grande rede em que as abelhas são elementos centrais.

Abelha fazendo polinização em flor

O risco de extinção das abelhas afeta toda humanidade

Se as abelhas realmente forem extintas, a produção de alimentos vai enfrentar dificuldades drásticas. Maçãs, cenouras, berinjela, alho, cebola, manga e melão são alguns dos vegetais que provavelmente chegariam perto de desaparecer.

Entre os fatores apontados para a diminuição do número de abelhas estão o aumento exponencial do uso de pesticidas, mudanças climáticas e uma espécie de parasitas que matam abelhas jovens e adultas. Especialistas de vários países têm discutido maneiras de contornar o problema antes que seja tarde demais.

Os humanos não seriam os únicos afetados. Diversos animais também dependem de vegetais para se alimentar, e a escassez comprometeria toda a cadeia alimentar. Animais herbívoros poderiam morrer por falta de comida, afetando também os animais carnívoros.

Carnes e laticínios também feriam afetados

A oferta de carnes e laticínios também seria rigorosamente afetada, já que os animais teriam menos acesso aos alimentos. Os preços da comida em geral tenderiam a subir, dificultando o acesso, e uma crise econômica no setor da produção de alimentos seria difícil de contornar.

A extinção das abelhas também prejudicaria o acesso a vestimentas, já que o algodão depende delas para se reproduzir. As roupas ficariam mais caras, e depender de tecidos sintéticos não seria uma boa ideia, especialmente para quem mora em regiões tropicais.

Estima-se que no Brasil existam cerca de mil espécies de abelhas, das quais Apis mellifera, a abelha com ferrão presente no dia a dia das cidades, é a mais conhecida.

No entanto, estas abelhas eram inexistentes nas Américas até a chegada dos colonizadores. As abelhas nativas sem ferrão são conhecidas pelo mel saboroso, nutritivo e rico em propriedades medicinais, mas são ainda mais importantes como polinizadoras, pois diversas plantas silvestres e alimentícias, como maracujá, tomate e café, dependem de um tipo de polinização mais especializado.

Independentemente da abundância de Apis mellifera em uma área de agricultura, as visitas realizadas por espécies de abelhas nativas aumentaram significativamente a produção de frutos.

Conheça os 9 diferentes tipos de mel existentes, no Brasil, e seus benefícios

Quem vai definir a cor, que vai diferenciar um mel do outro, serão as floradas. Elas é que definem, a partir do néctar das flores (secreções procedentes de partes vivas das plantas ou de excreções de insetos sugadores delas), os mais diferentes tipos de mel, que existem por todo o Brasil. E claro, eles vão variar, não apenas na cor, quanto no sabor e no aroma, de cada um. Quando se fala em cor, isto quer dizer que pode ir do branco incolor, passar pelo amarelo, castanho e o marrom.

Mel silvestre

Pode ser encontrado durante a primavera/verão, em todo o Brasil. É o mais ingerido no País e é proveniente de diversas flores (multifloral).  Tem efeito antioxidante, propriedades calmantes e laxativas, além de ser considerado interessante para a pele e para as vias respiratórias.  Estimula a imunidade e ainda é um revigorante natural.

Mel de flor de eucalipto

O mel de flor de eucalipto é encontrado no Rio Grande do Sul, litoral de Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo, entre os meses de março e junho. Possui um sabor mais forte e coloração escura. É aconselhado para o tratamento auxiliar no alívio de infecções intestinais, vias urinárias e doenças respiratórias.

Mel de assa-peixe

Durante a primavera e o verão é produzido nas regiões Sul e Sudeste. No Nordeste, apenas no verão. Apresenta aroma e sabor agradáveis, efeito calmante e expectorante. O mel de assa-peixe é extraído da planta típica brasileira, presente nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste.

Mel de flor de laranjeira

Encontrado em todo o estado de São Paulo, na primavera. É considerado por muitos especialistas e apicultores o mel mais saboroso e suave do Brasil.  Ajuda a regular a função intestinal, além de ser usado como tranquilizante natural.

Mel de cipó-uva

Também encontrado em todo o Brasil, durante a primavera, este mel é reconhecido por sua ação antioxidante, especialmente no fígado.

Mel de flores de café

Produzido na região Sudeste, especialmente em Minas Gerais. Este é um mel, que tem florada rara.  Apesar do sabor cítrico, é suave e possui efeito energizante.

Melato ou pseudo mel

Pode ser colhido apenas em anos pares, de janeiro a maio.  O continente europeu é seu principal comprador.  Este é um tipo de mel mais denso e marrom, rico em minerais, produzido nas regiões de altitude do Paraná,  Santa Catarina e Rio Grande do Sul.  É extraído da secreção da cochonilha, que se hospeda no tronco de árvores predominantemente na bracatinga (árvore de grande porte e altitude).

Mel da uva do Japão

Tem aroma semelhante ao mel de laranja. Proveniente da Uva-Japão (Hovenia dulcis), é de difícil cristalização e produzido nas regiões de altitude média do Sul e do Sudeste ao País, na primavera.  Além de renovar o plasma do sangue, ativa as funções intestinais a auxilia no tratamento da anemia.

Mel de bracatinga

Possui cor escura e sabor encorpado, chegando a ser amargo. Oriundo do Oeste de Santa Catarina e Paraná, é semelhante ao mel da Floresta Negra, na Alemanha. Esse tipo de mel é produzido entre os meses de março a agosto.

Mel de velame

É extremamente suave e produzido de outubro a janeiro. Velame é uma planta existente na região Norte de Minas Gerais, Oeste da Bahia e no agreste de alguns estados nordestinos. O mel de velame é claríssimo e por isso também é chamado de âmbar branco.

História do Mel

A primeira raça de abelha do Brasil, conhecida como Apis Mellifera, foi trazida, em 1839, pelo padre Antônio Carneiro, de Portugal para a região das Missões, no Rio Grande do Sul. Trinta e um anos depois foram inseridas abelhas da espécie Apis Mellifera Ligustica L., reduzidas com a introdução das abelhas africanas. Houve também mistura destas espécies, gerando uma raça específica classificada pela comunidade científica como Abelha Europeia Africanizada ou simplesmente Abelhas Africanas e que produzem de quatro a cinco vezes mais mel que outras espécies.

Links pesquisados

www.sba1.com

www.agroemdia.com.br

www.abelha.org.br

www.uol.com.br

www.hypeness.com.br

www.canalrural.com.br

www.serrapilheira.org

www.brazilletsbee.com.br

Compartilhe este post

Share on facebook
Share on google
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email