carcinicultura sente recuperação com recuo da pandemia

Carcinicultura sente recuperação com recuo da pandemia

Comércio de camarão (carcinicultura) tem sido a aposta para a retomada das vendas em tempos de inflação alta

 

Em 2021, o Brasil produziu 150 mil toneladas de camarão, segundo estimativa da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC). Esse resultado representou crescimento de 38% em relação ao ano anterior (112 mil toneladas). As projeções do mercado para este ano são de superação.

Após finalizar 2021 com aumento de 25% nas vendas em relação ao ano retrasado e comemorar a conquista da certificação Great Place to Work (GPTW), a Potiporã, maior indústria de camarão do Brasil, projeta aumento na produção de 2022 em torno de 30% a 50%, além do aumento de produto de maior valor agregado, como o camarão eviscerado.

“Com meses recorde de venda, entre julho e outubro de 2021, foram quase 500 toneladas de produto acabado, equivalente a quase 1000 toneladas de camarão inteiro”, conta Christianny Maia, que está à frente da indústria.

Apesar da sazonalidade do começo do ano, as boas vendas no fim do ano passado e as novas tendências garantem projeções otimistas para 2022. “O camarão acompanha essa sazonalidade, com maiores vendas no verão, Semana Santa e nos últimos meses do ano. Destaco o aumento da venda do camarão eviscerado, mais do que dobrou a nossa venda desse tipo de camarão, ou seja, há uma crescente procura”, pontua Maia.

Para ela, essa tendência de alta da procura pelo camarão eviscerado deverá permanecer, sobretudo com o fim da pandemia.

Carcinicultura em Potiporã

Marca do grupo cearense Samaria, a Potiporã tem uma unidade certificada de beneficiamento que conta com cerca de 500 colaboradores, que trabalham no processamento de 1 mil toneladas de camarão por mês

O grupo Samaria mantém também Unidades de Pós-Larvas, no Rio Grande do Norte, e aproximadamente 2 mil hectares de espelhos d’água de viveiros de camarão em fazendas no Ceará e no Rio Grande do Norte.  Já o parque industrial, na cidade de Pendências (RN) viabiliza processos, como descabeçamento, classificação, descasque, cozimento, congelamento e embalamento dos camarões em diferentes tamanhos e que atendem clientes do varejo, do food service e distribuidores de todas as regiões do Brasil.

Segundo Luciano Sá, diretor técnico regional LATAM da Biomin, o cenário positivo para o setor decorre de uma série de fatores, entre os quais o efetivo controle sanitário da atividade. “O controle preventivo de contaminações é a melhor forma de garantir alta produtividade e promover a carcinicultura mais sustentável”, explica o especialista. Ele se refere aos desafios de sanidade que há duas décadas reduziram drasticamente a produção de camarão no Brasil e tiraram o país do comércio internacional.

Seguro rural é sinônimo de segurança no mundo do agro

A carcinicultura é um ramo específico da aquicultura voltado para a criação de camarão em cativeiro, tanto na forma de cultivo marinho ou de água doce. É uma atividade em expansão no Brasil, sendo uma das formas de negócio mais lucrativas que existem, uma vez que o consumo de camarão cresce cada dia mais.

A cadeia produtiva da carcinicultura, criação de camarões em cativeiro, compreende desde a produção da pós-larva em laboratório até a sua comercialização na fazenda.

O marco para a criação de camarões foi o processo de larvicultura em laboratórios. A evolução das tecnologias de reprodução foi essencial para a evolução dos cultivos em grandes escalas. Atualmente pode se dizer que quase 30% de todo camarão comercializado no mundo é oriundo de cultivo.

 

Mercado interno é o maior consumidor, enquanto a carcinicultura se concentra no Nordeste

 

A maior parte do camarão consumido no Brasil e no mundo provém de produção em cativeiros de tanques escavados. Poucos provêm da pesca artesanal no mar. A Região Nordeste concentra quase 100% da produção nacional, que em 2020 alcançou 63 mil toneladas, sendo que os estados do Rio Grande do Norte e do Ceará se destacam na criação desse crustáceo, representando cerca de 70% da produção brasileira.

O Ceará é o primeiro no ranking de volume e valor das exportações de camarão por estado, segundo dados da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC). Somente de janeiro a julho de 2021, foram produzidas 4.732 toneladas, com renda de US$ 42,46 milhões e crescimento de 61% desse valor em relação ao mesmo período de 2020.

O mercado segue em recuperação da queda ocorrida em função da pandemia. Com a queda brusca da procura por hotéis e restaurantes, principais mercados consumidores do produto, o preço do quilo de camarão chegou ao patamar de R$ 12/kg.

Os custos de produção, principalmente da ração, também se elevaram. Contudo, com a volta das atividades à normalidade, o quilo do camarão segue em elevação e já está cotado a R$ 18.

A exportação de camarão ainda é pouco representativa no Brasil, com a comercialização ainda sendo voltada para o mercado interno, mas o câmbio pode favorecer a comercialização externa deste produto.

Atualmente, entre as principais vantagens para o produtor que investe em camarão estão: curta duração dos cultivos, altos preços do produto no mercado e condições climáticas favoráveis para o cultivo. A técnica já é praticada no Brasil há mais de 30 anos.

Exportações: novos desafios para o Brasil

Por causa do seu valor nutritivo, consumo em larga escala e um sabor único, a demanda diante do mercado cresceu. Igualmente, a condição climática favorável e a rapidez no desenvolvimento em viveiros permitem ampla criação. Assim, o produtor brasileiro viu na carcinicultura um investimento viável e com rentabilidade a curto prazo.

Por mais que nos últimos anos o consumo nacional de camarão mostra uma curva ascendente, o mercado brasileiro ainda é incipiente quando comparado ao consumo global — cerca de 500 gramas contra quase 1 kg per capita no mundo.

O aumento se deu por uma pequena, porém perceptível, melhoria da economia brasileira. Mas esses dados também indicam que existe uma oportunidade de crescimento da carcinicultura no mercado nacional em conjunto à criação voltada ao mercado de exportação, como a Europa (França e Espanha em especial) e a América do Norte.

Entre os fatores considerados indispensáveis à criação de camarão em água doce, destacam-se as condições de temperaturas da água, disponibilidade de recursos naturais de boa qualidade e situação topográfica favorável.

Além dessas disposições a produção, as situações logísticas também devem ser consideradas, tais como: estudo de mercado na região a ser implementada a produção, infraestrutura do local, acesso, mão de obra e equipamento. Portanto, para que o investimento em carcinicultura tenha sucesso, o produtor deve atentar para as características do cultivo.

 

O criador de camarão deve solicitar o registro de aquicultor junto ao IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Para obtenção desse registro, o requerente deve atender a algumas exigências. Assim como, a licença ambiental e a outorga do uso do recurso hídrico. Em alguns estados brasileiros, essas licenças podem ser expedidas diretamente pelo IBAMA.

 

Doença da mancha branca: desafio da carcinicultura é fazer com que seja o mais saudável

Em meados do ano de 2004, surgiu a doença viral da mancha branca no estado de Santa Catarina, dizimando a produção no estado. Em 2014, ela chegou ao Rio Grande do Norte, e, em 2016, ao Ceará.  Essa doença não tem cura e, a partir de então, os produtores estão desenvolvendo técnicas de convivência. Uma delas é a criação em sistema intensivo protegido, com utilização de tanques escavados cobertos com lona própria, estufa para controle da temperatura ambiente e utilização de bioflocos. Essa combinação possibilita altas densidades de estocagem, podendo chegar até 400 camarões por metro quadrado de lâmina d’água.

 

Conheça quais os principais tipos de camarões que compõem a carcinicultura

 

Camarões marinhos

Três etapas formam o ciclo do cultivo de camarões marinhos. Elas recebem, na ordem, os nomes de larvicultura, berçário e engorda. Pelo fato de a última demorar entre três e seis meses, um ano registra no máximo três safras.

 

Camarão branco

No Nordeste ou no Sul do país, essa espécie aparece com certa frequência. Aliás, ela prefere áreas marcadas pela presença de lodos e areia, sempre em regiões de profundidade reduzida ao longo do litoral. A grande fonte de nutrientes do camarão branco, que atinge a medida máxima de 20 cm de comprimento, está na matéria orgânica decomposta e em animais de pequeno porte.

 

Camarão sete barbas

Desde os EUA até as partes litorâneas mais ao sul do Brasil, o camarão sete barbas pode ser encontrado. Trata-se de uma espécie que vive em águas costeiras de cerca de 30 metros de profundidade. O comprimento de 8 cm atrai bastantes interesses econômicos, sobretudo pela característica do rosto da espécie, que apresenta uma ponta curvada para cima.

 

Camarão rosa

Espécie facilmente vista em toda a extensão da costa litorânea desde a Bahia até a Argentina. Habitando em águas com profundidade entre 15 e 150 metros, o camarão rosa sofre a ameaça de predadores como aves e alguns peixes. Apesar disso, a pesca predatória é a atividade responsável por colocá-lo em risco de extinção, em conjunto com alterações no habitat e a poluição.

 

Camarões de água doce

Na anatomia e no paladar, o consumidor final nota a diferença entre os camarões marinhos e de água doce. O grande valor comercial das espécies está ligado a esses dois aspectos em especial.

 

Camarão pitu

Muito comum em toda a costa atlântica da América, dos EUA até o sul brasileiro, essa espécie apresenta um comportamento agressivo e predatório. A peculiaridade acima exige uma separação do camarão pitu dos outros tipos, aspecto que se soma às exigências ambientais igualmente distintas: a temperatura da água ideal figura na casa dos 25 graus Celsius, e o pH, entre 6,5 e 7,8.

 

Camarão da Amazônia

O nome engana um pouco, pois essa espécie se encontra não apenas na área tropical da América do Sul, mas também abaixo dos trópicos. Pouco tolerante a temperaturas abaixo de 20 graus Celsius, o camarão da Amazônia costuma frequentar águas ácidas, com pH 5,0, ou até mesmo habitats de maior alcalinidade, como no Nordeste (pH 9,9).

 

Camarão canela

No Nordeste, principalmente em planícies inundadas, rios e riachos, o camarão canela se sente em casa. Pescadores ribeirinhos de estados como Sergipe têm nessa espécie uma considerável parcela de suas rendas, transformando o camarão canela em um elemento essencial da atividade econômica da região. Trata-se de um crustáceo bastante usado na nutrição de peixes carnívoros.

 

Sistemas de produção da carcinicultura

A escolha de um local adequado para a realização da carcinicultura é um dos principais fatores para o sucesso do negócio e o funcionamento do seu sistema de produção. Considerar o clima, a disponibilidade de água (doce ou do mar), o tipo do solo, as vias de acesso que facilitam o transporte, a proximidade de centros de consumo e as condições topográficas são preocupações na hora de definir o local da produção.

Existem três tipos de sistema: extensivo, semi-intensivo e intensivo. Eles se diferenciam na intensidade de manejo e na oferta de alimento, variando na quantidade de camarão estocado por metro quadrado, fatores diretamente proporcionais ao investimento feito pelo produtor.

 

Links pesquisados: 

www.seafoodbrasil.com.br

www.seafoodbrasil.com.br

www.conexaoto.com.br

www.broto.com.br

www.sansuy.com.br

www.mundoagrobrasil.com.br

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