Cerveja Conheça mais sobre a bebida que é quase ouro em forma líquida

Cerveja, quase ouro em forma líquida

Consumida por todo o mundo, a cerveja é responsável por 1,7% do PIB ao empregar mais de 2,7 milhões de pessoas, no Brasil  

Muitos brasileiros adoram tomar “uma”, após um dia tenso de trabalho, ou num dia quente, para relaxar. Famosa entre os amantes da vida noturna, a cerveja é tida como um dos ativos mais importantes no ramo da diversão, em todo o país. Não por acaso, o Brasil está entre os maiores produtores da bebida no mundo, atrás apenas da China e Estados Unidos. E claro, a cerveja está entre as bebidas mais consumidas no globo, por pessoas de idades variadas, que adoram relaxar tomando uma bebida com algum grau de teor alcoólico.

Por este motivo, foi a capa da Poder 360, ao apontar que em 2021, o setor cervejeiro teria produção recorde, em relação aos anos mais produtivos, que foram 2014 e 2020, quando se produziu 14,7 bilhões de litros. “Projetamos um aumento de até 5% do volume”, disse à Revista, o presidente da CervBrasil, Paulo Petroni.

Com origem no hemisfério norte, a bebida ganhou fãs e consumidores pelo mundo todo, e é uma bebida considerada mais velha do que a própria história. De acordo com dados e anotações sobre como produzi-la, dá a entender que já era um processo bastante conhecido antes mesmo da invenção da escrita. Chegou a ser considerada até como uma espécie de refrigerante em alguns países, como a Rússia.

Hoje em dia, a cerveja é a bebida presente nos happy-hours, em comemorações, se aliando a grande paixão nacional que é o futebol. Está sempre presente marcando momentos alegres ou tristes em casa, na mesa de um bar, enfim, se tem churrascos, festas de final de ano e aniversários, lá está a cerveja, que por sinal, se tornou uma das bebidas mais consumidas durante a pandemia.

Panorama da bebida mais consumida no Brasil

A indústria cervejeira movimenta R$ 160 bilhões, por ano, e responde por 1,7% do PIB (Produto Interno Bruto) ao empregar 2,7 milhões de pessoas, no país. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Cerveja (CervBrasil) o brasileiro bebe, em média, 65 litros de cerveja por ano.

De acordo com o Anuário da Cerveja de 2020, o número de cervejarias aumentou em cinco anos, em 2015, eram 332 estabelecimentos, passando para 1383 cervejarias, em 2020. Vale ressaltar que em 2020, o Brasil teve um aumento significativo no consumo de cerveja, devido a pandemia de Covid-19, atingindo 13,8 bilhões de litros vendidos, segundo a Euromonitor International, líder no fornecimento de inteligência de negócios e análise estratégica de mercado global.

O polo sul-sudeste, desde 2017, conta com um crescente número de cervejarias, em surgimento, chegando a concentrar 85,6% da produção nacional, de acordo com o Anuário da Cerveja de 2020, organizado pelo Ministério da Agricultura.

No Brasil, as cervejas da família Lager, mais especificamente as Pilsens, são as mais consumidas. Elas agradam muito o paladar dos brasileiros por conta do seu sabor leve e refrescante. A Skol, Brahma e Antarctica são ótimos exemplos de cervejas Pilsen. Inclusive a Skol, do grupo AmBev, é líder de vendas do ano de 2021, de acordo com pesquisa feita pela Euromonitor.

Mulher fazendo testes em laboratório de indústria de cerveja

Desafios

Mesmo assim, o setor ainda tem vários desafios na produção de cerveja. E, um dos maiores, é a importação do lúpulo, uma vez que essa planta é característica de clima temperado. De acordo com pesquisas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP), da Universidade de São Paulo (USP), dentre quatro variedades em estudo, duas variedades que podem ser aproveitadas e cultivadas em território nacional são: chinook e cascade. Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, é o maior polo de cerveja situado no Brasil. Lar de cervejarias como a Colorado, o lugar é centro dos maiores estudos sobre a bebida e a cidade conta com outras 12 cervejarias.

O lúpulo apresenta o que chamamos de cones. E são desses cones que se extrai a substância necessária para fazer cerveja.  As variedades encontradas nos estudos realizados pela USP são, segundo o professor Fernando Batista da Costa, de qualidade “tão bom quanto o importado”.

Outro desafio na produção de cerveja em solo brasileiro é a falta de investimento depois da colheita. “O uso de ingredientes naturais é primordial, mas não basta apenas plantar e colher, é preciso investir nos pós colheita”, aponta Tio Limongi, cervejeiro e sommelier atuante no ramo de cervejas há seis anos, em entrevista à uma publicação oficial da USP, que abordou o assunto.

Possibilidade de negócio: consumo interno do trigo é maior que produção

A questão envolvendo o solo, também foi alvo de questionamento, na mesma publicação, ao que o especialista da área, Renan Furlan, engenheiro agrônomo e consultor no cultivo do lúpulo, explicou: “O lúpulo se adapta bem, desde solos arenosos até solos mais argilosos”. Com isto, deixa claro que a pluralidade de solos no Brasil não é um problema para o desenvolvimento de um dos ingredientes mais importantes na produção da cerveja.

Mas nem só de desafios vive a indústria. O setor cervejeiro já tem muito a comemorar, por exemplo, no que tange a meta de lixo zero, em seus processos produtivos. Segundo o portal Clic noticiou, no Dia Internacional da Cerveja (6 de agosto) – sim senhores, ela também tem um dia para chamar de seu – os maiores fabricantes já registram índice de 98% na reciclagem dos resíduos gerados pela produção.  Além dos subprodutos do processo industrial terem deixado de ser um problema ambiental, se tornam fonte de renda para milhares de pessoas que atuam na área da reciclagem.

Curiosidades sobre a cerveja

A cerveja chegou ao Brasil junto com a família real portuguesa, em 1808. Desde então, o hábito de beber cerveja foi difundido entre as nações amigas no mesmo ano. “Essa saudável bebida reúne a barateza a um sabor agradável e à propriedade de conservar-se por muito tempo”, era o que dizia a primeira notícia publicada a respeito da bebida em 1836. Com essa publicação, surge em 1853 a cervejaria Bohemia,  na cidade de Petrópolis (RJ); em 1868, a cervejaria Antártica, em São Paulo e por último, em 1888; e a cervejaria Brahma, no Rio de Janeiro, pelo suíço Joseph Villiger. Desde então, a bebida se tornou paixão nacional.

Cerveja pelo mundo

O tipo de cerveja mais consumido no mundo é o Pilsener. Ela foi inventada na cidade de Pilsen, na Bohemia, pelo cervejeiro bávaro Joseph Groll. Dentro da classificação de cervejas, o tipo Pilsener seria um tipo de lager, que é a cerveja feita com leveduras de menor fermentação. Esse tipo de cerveja conta com um sabor mais amargo, com a cor característica dourada.

Em 2011, foram implementadas medidas governamentais para consumo de cerveja na Rússia, pois não era considerada como uma bebida alcoólica, apesar do alto teor alcoólico. O país, conhecido pelo gosto por destilados mais fortes, ao adotar a medida, o fez por meio de um projeto de lei que restringiu a venda de bebidas com teor alcoólico superior a 5%. Além disso, aumentou os impostos sobre a bebida, a fim de reforçar medidas de prevenção ao alcoolismo. O conteúdo de latas e garrafas de cervejas foi restrito a 330 mililitros.

Quase tão antiga quanto a humanidade, há relatos de cerveja antes de Cristo

Em estudo realizado na Universidade Federal de Santa Catarina,  pelo professor doutor Alfredo A Muxel, expert no assunto, cujo hobby é ser cervejeiro, já produziu 15 tipos, e fez seu doutorado no assunto, afirma que existem documentos que dão conta do surgimento da cerveja, na região da Suméria, na Mesopotâmia, (região atual do Iraque e Kuwait), por volta de 4 mil anos, antes de Cristo (a.C).

Ele explica que a execução da bebida, era uma função das mulheres. Os sumérios, povos que habitavam a Mesopotâmia, tinham até uma deusa específica para o culto à cerveja, que era a deusa Ninkasi (que significa “aquela que enche a boca”), que possui um hino sobre ela com a primeira receita de cerveja, isto por volta do ano de 1800 a.C.  A bebida era chamada de “pão líquido” pelos egípcios, e foi muito utilizada como forma de pagamento pelos serviços e oferecida como tributo nos templos, à época.

O aperfeiçoamento da cerveja, caminhando para a forma como a conhecemos atualmente, se deu durante a Idade Média. A adição do lúpulo, uma planta trepadeira que confere o amargor característico da cerveja, se deu entre os anos 700 e 800. A primeira pessoa a introduzir o lúpulo na cerveja foi a freira alemã Hildegard de Bingen. Além de conferir sabor, o lúpulo aumenta o tempo de conservação da cerveja.

Era 23 de abril, em 1516, quando o duque Guilherme IV, Baviera-Straubing, em Frankfurt, promulgou a fórmula conhecida até os dias de hoje na produção da cerveja, qual seja, a mistura de água, malte de cevada e lúpulo e que recebeu o batismo então, de Lei da Pureza. Embora, hoje nem sempre as bebidas sigam a fórmula, pois a arte de fazer cerveja permite a quem queira, degustar, criar outras variações. Mas isto é tema para uma outra hora.

Legislação

Como toda e qualquer bebida com teor alcoólico, o consumo de cerveja deve seguir as normas da legislação brasileira e do Código de Defesa do Consumidor, da Constituição e do Estatuto da Criança e do Adolescente que visam seguir as orientações das políticas públicas de combate ao alcoolismo. Por isto, todas as embalagens, devem v conter no rótulo as respectivas características de seu conteúdo, bem como, ao ser comercializada, o estabelecimento, bem como o produtor, devem seguir estritamente o que diz a legislação brasileira, cuja atualização é feita, sempre que necessário, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Uma das principais normas, é que toda e qualquer bebida, que detenha alguma possibilidade de embriagar, jamais deva ser vendida à menores de 18 anos, sob pena de multas e até mesmo o fechamento do comércio, e não apenas isto, a publicidade destas bebidas, é coisa muito séria. Tanto que há um Código Brasileiro de Publicidades que regula este mercado, e tem entre suas diversas cláusulas as que ressaltam que a na divulgação do produto deve conter, uma das “cláusulas de advertência”. Por sinal, elas devem estar presentes não apenas na embalagem da bebida, mas em todo o ambiente onde é vendida, em letras bem visíveis. Abaixo algumas das frases que devem ser usadas para fazer o alerta a quem pretende consumir a bebida:

– “Evite o consumo excessivo de álcool”

– “Beba com moderação”

– “Aprecie com moderação”

– “Se beber não dirija”

– “Este produto é destinado a adultos”

– “Beba sem exageros”

– “Beba com responsabilidade”,

– Ou outras que reflitam a responsabilidade social da publicidade.

 

Links pesquisados

www1.folha.uol.com.br

www.ufsc.br

www.jornal.usp.br

www.bbc.com

www.gov.br

www.cliccamaqua.com.br

www.g1.globo.com

www.blog.consumer.com.br

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