Duas mulheres fazendo análise de carne em frigorífico

Frigoríficos preparados para o abate

Expectativa é que as exportações brasileiras de carne cresçam em até 2%, em 2022. Notícia animadora para frigoríficos

A produção total de carnes em 2020/21 está estimada em 27,4 milhões de toneladas, e a projeção para o final da próxima década é produzir 34,0 milhões de toneladas de carne de frango, bovina e suína. Essa variação entre o ano inicial da projeção e o final resulta num aumento de produção de 24,0%. O maior aumento de produção deve ocorrer em carne de frango, 27,7%, carne suína, 25,8% e carne bovina, 17,0%, segundo dados do Ministério da Agricultura. E mediante estes dados é que os frigoríficos estão se preparando para o próximo ano. Com a situação do vírus mais controlada, a expectativa é que a economia volte a crescer, e para isto, se preparam para uma reviravolta no setor.

É bem verdade, que hoje, a uma ociosidade de, aproximadamente, 45% da capacidade dos frigoríficos brasileiros, ou seja, o maior patamar desde 2012 quando os dados começaram a ser apurados pela Scot Consultoria, responsável pela coleta de dados de produção em 13 estados.

Exportações brasileiras de carne

Por outro lado, as exportações brasileiras de carne bovina devem somar 2,654 milhões de toneladas (equivalente carcaça), em 2022, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em Brasília. O volume representa aumento de 2% ante a estimativa para 2021, de 2,602 milhões de toneladas. Neste ano, a expectativa no início de 2021, era que as exportações fossem aumentar 2,5% em relação a 2020, principalmente, por causa da forte demanda chinesa. Algo que não se concretizou com o fato da China ter realizado boicote à carne brasileira.

Em reportagem produzida pela Revista Isto É, de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Agricultura, o Brasil teria enviado cerca de 112 mil toneladas de carne para a China, mas estão paradas nos portos chineses, à espera de liberação. Muito embora, parte do produto já esteja pago, segundo Lygia Pimentel, economista da consultoria Agrifatto.

Contudo, existe uma expectativa de que a produção de carne bovina deve aumentar 2,1%, em 2022, passando de 9,5 milhões para 9,7 milhões de toneladas. O aumento deve refletir a maior disponibilidade de gado para abate e a melhora das margens para frigoríficos. O Ministério da Agricultura cita que até mesmo o USDA destaca que a maior parte desse aumento vai ocorrer no segundo semestre de 2022.

Nutrição animal é um item dos mais importantes no agronegócio

Para 2021, a entidade prevê uma queda de 6% na produção ante 2020, apesar dos altos preços. O principal motivo para a redução é a menor disponibilidade de gado para abate. Além disso, com os preços tão altos de gado, frigoríficos não estão conseguindo repassar o custo para consumidores, principalmente por causa da queda da renda dos consumidores durante a pandemia.

O consumo de carne bovina no Brasil em 2022 deve aumentar 2,7%, para 7,121 milhões de toneladas. Neste ano, já se consolida a estimativa de redução de 8,9%, para 6,934 milhões de toneladas. A previsão de queda do consumo neste ano, tem a ver com os altos preços da proteína no mercado interno.

Os produtores estão sendo pressionados à medida que as crescentes exportações de carne para a China aumentaram os preços do gado, no mercado interno. Os frigoríficos não podem repassar totalmente os custos mais altos para os consumidores que lutam com o desemprego quase recorde.

Embora a forte demanda por carne chinesa e a desvalorização da moeda brasileira tenham amortecido o impacto para as empresas autorizadas a exportar, cerca de três quartos do gado abatido no Brasil ainda são vendidos no mercado interno

Embarques de carne do Brasil para a China subiram 33% em março em relação ao ano anterior, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

O preço que os frigoríficos pagam pelo gado subiu 57% no ano passado, para mais de R$ 316 (US$ 56), de acordo com o Cepea, braço de pesquisa da Universidade de São Paulo.

A oferta está apertada porque os fazendeiros retêm as vacas dos matadouros, mantendo-as para reprodução depois que os preços dos bezerros atingiram um recorde.

Boi gordo: preços da arroba disparam com restrição de oferta

No aplicativo do Buscar Rural é possível acompanhar as cotações atualizadas do boi gordo, entre outros, que segundo a Scot Consultoria, no que tange ao mercado físico, voltou a ter preços acentuadamente mais altos, este mês.  Esse movimento nada mais é que um reflexo da rápida diminuição da oferta de animais terminados, prontos para o abate, nas principais regiões produtoras do país.

Os frigoríficos passaram a operar com escalas de abate encurtadas e foram obrigados a realizar agressivo aumento dos preços de compra. Por outro lado, os preços da carne bovina não apresentam movimento similar.

Algo a se levar em conta, é o fato de haver um volume elevado de carne bovina estocada em câmaras frias. E sem uma perspectiva de retomada das compras por parte da China, é possível que a indústria frigorífica disponibilize essa carga, nos meses de novembro e dezembro, período que conta com maior apelo ao consumo, o que tem potencial para produzir nova inversão dos preços do boi gordo, mesmo no período de maior demanda no ano.

Variação de cotação

De acordo com a Safras, em São Paulo, mais precisamente em Barretos, a cotação está em 295,50, enquanto na capital, a referência para a arroba do boi ficou em R $293,00 na modalidade a prazo. Em Goiânia (GO), a arroba teve preço de R$ 280. Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 289. Em Cuiabá, a arroba ficou indicada em R$ 260. Na cidade de Uberaba, Minas Gerais, preços a R$ 290 por arroba. Já os preços da carne bovina ficaram estáveis no atacado.

É importante reforçar que os preços da carne não acompanham o movimento de alta do boi gordo no físico, com um movimento tímido de recuperação até o momento. Somado a isso, precisa ser mencionada a situação dos frigoríficos exportadores, que mantêm grande volume de proteína animal estocada em câmaras frias, aguardando o recredenciamento da carne bovina por parte da China, situação que até o momento não aconteceu.

Assim, o quarto dianteiro seguiu com preço de R$ 20,40 por quilo. O quarto dianteiro ainda é precificado a R$ 13,30 por quilo, e a ponta da agulha seguiu com preço de R$ 13 por quilo.

Consumo de frango vai subir em 2022

Em 2022, o consumo de carne de frango no Brasil deverá chegar a 10,54 milhões de toneladas, representando 51% do consumo total de carnes no país, segundo relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos EUA). A previsão de crescimento no consumo se baseia nas perspectivas de melhoria da situação da economia doméstica, na retomada do trabalho e atividades escolares.

Em meados de agosto, a pesquisa Focus do Banco Central apontava uma previsão de inflação de 7,05% em 2021, 3,9% em 2022, 3,25% em 2023 e 3% em 2024. A taxa de desemprego, que segundo o IBGE deverá terminar 2021 na casa dos 14,3%, no ano de 2022 deverá chegar a 12,7%.

O crescimento do consumo de carne de frango também deverá ser impulsionado por uma mudança induzida pela pandemia em direção à compra de fontes de proteína mais baratas, principalmente frango e ovos. A carne bovina continua sendo a fonte de proteína preferida para a maioria dos brasileiros, mas está cada vez mais fora do alcance dos cidadãos de média e baixa renda.

Pessoas no processamento da carne de frango
Pessoas no processamento da carne de frango em frigorífico

Preço do frango é o mais acessível

O preço do frango em 2021 se manteve, até o momento, o mais acessível dos três principais tipos de carne. No acumulado dos últimos 12 meses, em junho de 2021, os consumidores domésticos viram os preços de varejo do frango aumentar em média 19,77% para o frango inteiro e 18,46% para os cortes de frango.

A volta das atividades presenciais nas escolas do país também deve impulsionar o consumo da carne de frango nos próximos meses, já que a proteína é amplamente utilizada na alimentação escolar em todo o país. , o Brasil deverá fechar 2021 com um consumo de 10,29 milhões de toneladas, 3% superior a 2020.

Os preços da carne de frango deverão permanecer elevados até o final de 2021 e no ano seguinte. De janeiro a meados de agosto de 2021, o preço médio do frango resfriado foi de R $ 7,37 (US $ 1,38) o quilo e recorde de R $ 8,37 (US $ 1,56) o quilo, em meados de agosto. A título de comparação, em 2020, o preço recorde havia sido de R $ 6,51 (US $ 1,26).

Rondônia cresce exponencialmente seu rebanho

Dos 100 municípios brasileiros com os maiores rebanhos, 16 estão em Rondônia, um crescimento exponencial. A pesquisa foi realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 2020. Rondônia é o sexto estado com o maior número de bois, tendo 14,8 milhões de cabeças. Em primeiro lugar está o Mato Grosso, com mais de 37,8 milhões, e em último o Amapá, com apenas 54 mil bovinos.

Porto Velho é o quarto município do Brasil com o maior rebanho bovino, segundo a Pesquisa Pecuária Municipal (PPM) realizada em 2020 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Só na capital são 1,2 milhão de cabeças de gado. O maior rebanho do país fica em São Félix do Xingu (PA) com mais de 2,3 milhões de cabeças.

Ainda conforme a pesquisa, o rebanho suíno vem diminuindo no estado com o passar dos anos. Em 2016 Rondônia tinha cerca de 224 mil cabeças. Em 2020 o número reduziu para 163 mil, estando os maiores plantéis em Porto Velho (7.408 cabeças); Cacoal (6.795 cabeças); e Machadinho d’Oeste (5.948 cabeças).

Já quanto aos galináceos, Rondônia tem aproximadamente 3 milhões de animais, um dos menores números do país, ficando à frente apenas do Acre (2 milhões), Roraima (676 mil) e Amapá (84 mil).

O maior produtor de galinhas no estado é Cacoal, com 381 mil unidades, à frente de Porto Velho, com 373 mil, e Vilhena, com 342 mil, por exemplo.

História dos frigoríficos no Brasil

Até o surgimento da indústria frigorífica, no Brasil, na década de 1910, prevaleciam no país as charqueadas primitivas, e os matadouros municipais, que faziam o abastecimento local de modo bastante precário, exceto por alguns estabelecimentos que, no quesito instalações eram bastante atualizados relativamente aos seus similares franceses e alemães.

Matadouros municipais diferenciados como os de Manaus, Belém do Pará, Recife, Maceió e Aracaju foram instalados com base em projetos e equipamentos importados da Europa.

As charqueadas e matadouros municipais foram importantes no abastecimento das capitais, mas operam em condições pouco higiênicas, sem inspeção sanitária, produzindo para consumo imediato, exceto pelas carnes salgadas, de maior tempo de conservação.

O primeiro matadouro frigorífico do Brasil foi instalado em 1913 na cidade de Barretos (SP) por Antonio Prado (1840-1929) e chamava-se ‘Companhia Frigorífica e Pastoril’.

As empresas multinacionais americanas e inglesas foram quem começaram a explorar a atividade no Brasil. Traziam experiências dos seus empreendimentos em outros países e conhecimento da tecnologia do processamento, transporte e comercialização dos produtos e subprodutos oriundos da operação.

A Anglo (do Grupo Vestey) de capital britânico e as três maiores empresas de capital norte americano (Wilson, Swift e Armour) dominaram sozinhas o mercado de carne no Brasil até a década de 1940, quando começou a aparecer as primeiras cooperativas que instalaram abatedouros frigoríficos no Rio Grande do Sul.

Primeiras remessas exportadas

Em 1923 o grupo Vestey adquiriu o mais antigo frigorífico do Brasil a ‘Companhia Frigorífica e Pastoril’ que foi instalado em 1913 na cidade de Barretos (SP) por Antônio Prado (um dos maiores acionistas da Companhia Paulista de Estradas de Ferro). Em 1914 saiu deste frigorífico a primeira remessa de carne congelada do Brasil para a Inglaterra. Trocou o nome para ‘Frigorífico Anglo’. O recorde de abate anual desde frigorífico foi no ano de 1941 quando foram processadas 259.000 cabeças de bovinos.

Links pesquisados

www.moneytimes.com.br

www.epocanegocios.globo.com

www.nutrinewsbrasil.com

www.beefpoint.com.br

www.trabalhosfeitos.com

www.canalpecuarista.com.br

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