Calor em excesso acarreta perdas nas lavouras e atrapalha o desempenho do rebanho
Altas temperaturas, em especial, durante o verão, são as maiores causas de danos para os animais e plantações. Fora isso, a estiagem ou até mesmo as tempestades sazonais também acarretam danos às lavouras. O produtor precisa de um bom planejamento para não amargar prejuízos na safra.
A preocupação dos extensionistas da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo que atuam na Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS) é com a forte onda de calor que também não tem ajudado os produtores rurais que se dedicam a várias cadeias produtivas.
As altas temperaturas afetam todos os seres vivos: plantas, animais e o homem. Os cuidados devem considerar todos os aspectos, pois as plantas ajudam a amenizar o clima, podem ser parecidas para os animais e para os homens, mas também precisam de cuidados extras, principalmente nas lavouras comerciais.
Há como se prevenir para amenizar os efeitos das altas temperaturas, mas quem não fez um bom planejamento da propriedade, não no sentido da adequação à legislação ambiental, mas no sentido ambiental, com consorciação de culturas, rodízios, instalação de quebra-ventos, enfim, um redesenho na propriedade agrícola e nos seus sistemas de produção, sofrerá com as consequências.
Irrigação viabiliza a subsistência na terra seca
São várias as técnicas que podem ser utilizadas: misturar culturas arbóreas com culturas herbáceas; não optar por culturas extensivas e monoculturas; implantar o sistema Integração Lavoura-Pecuária- Floresta (ILPF); fazer a instalação de quebra-ventos nos bordos e locais estratégicos, assim como barreiras de capim em áreas menores de hortaliças e de frutos de alto valor, para servirem como quebra-ventos.
Diferentes extratos de árvores, ervas e coberturas de solo, tudo isso irá reduzir os danos dessas variações climáticas, como excesso de altas temperaturas, insuficiência de chuvas ou chuvas mal distribuídas. Essa é uma grande questão para atacar e não colocar os sistemas de produção em risco.
O mesmo que serve para as hortaliças, também serve para as culturas perenes, como os pomares de frutas. Dependendo do estágio em que estiver a cultura, com um calor muito intenso, a planta vai fechar os estômatos, para não perder água, e irá diminuir ou parar a fotossíntese.
Estômatos são as aberturas que existem nas folhas e que fazem com que a planta absorva a água do solo e a elimine quando faz a fotossíntese. Já a fotossíntese faz com que a planta cresça, nasçam ramos novos, dê flores e frutos.
Chuvas e calor do verão causam danos
Fatores naturais impactam diretamente a produção agrícola. Temperatura, umidade, ventos e chuvas irregulares estão entre as principais condições às quais os produtores precisam se atentar.
Durante o período de semeadura, por exemplo, esse excesso pode atrasar toda a produção e, inclusive, inviabilizar determinados cultivos. Em outros estágios, é o uso de agrotóxicos que fica comprometido, pois as chuvas lavam as folhas — espalhando pragas e tornando necessária uma reaplicação. Ainda, a colheita fica comprometida nesse período, o que afeta diretamente a qualidade dos produtos.
Chuvas fortes e em excesso podem causar alagamentos e destruir pontes, o que prejudica o transporte dos alimentos e aumenta os gastos. A infraestrutura rural pode ser severamente comprometida após temporais, atrasando ou inviabilizando atividades.
No planejamento das safras, é fundamental incluir os efeitos climáticos na gestão de riscos. Com isso, o produtor consegue minimizar os estragos causados pelo excesso de chuva, adequando os cultivos, adiando ou antecipando o plantio e a colheita.
O verão também é o período de reprodução dos animais peçonhentos devido às condições climáticas favoráveis de temperatura e umidade. Manter a limpeza das áreas de lavouras e terrenos é essencial para afastá-los.
Animais também sentem os efeitos do calor excessivo
Considerar os efeitos do calor na hora de elaborar um projeto de criação animal é muito importante. O estresse térmico tem como consequência a diminuição na produção de carne e de leite, baixas taxas de concepção, retardo no crescimento de animais de reposição e perdas econômicas significativas para o produtor.
Na tentativa de se autorregular, o animal aumenta a frequência respiratória, a sudorese e o consumo de água e ocorrem ainda alterações nas concentrações hormonais.
Há como auxiliar o animal otimizando o ambiente para minimizar os efeitos do estresse térmico. Algumas estratégias de manejo, como proporcionar sombras naturais (arborização) e artificiais (tendas), ventilação e resfriamento evaporativo são algumas alternativas possíveis.
A exposição a temperaturas elevadas e à radiação solar têm intensa influência na fertilidade dos bovinos. A introdução de árvores em sistemas pecuários é uma opção viável para melhorar o bem-estar animal e manter sua capacidade reprodutiva regular.
Bovinos
Todas as vezes em que a temperatura corpórea dos bovinos de corte ou de leite aumenta, uma série de consequências negativas se desencadeia. Quando um animal sente desconforto devido ao calor, ele passa a produzir uma quantidade maior de cortisol, hormônio diretamente ligado ao estresse.
Já o gado de leite passa a consumir uma quantidade maior de água para que aconteça a termorregulação corpórea. Como decorrência, o animal passa a apresentar maior sudorese e, com isso, perde líquidos e sais minerais fundamentais para a produção de leite. Os prejuízos financeiros aumentam porque além da água ser um insumo e gerar custos para o produtor, o leite apresenta menor qualidade e valor comercial.
Do ponto de vista reprodutivo, os altos índices de termos corpóreos também trazem prejuízos ao produtor. Quando a temperatura corpórea do touro se eleva, a temperatura interna dos testículos também sobe. Isso faz com que a quantidade e a qualidade do sêmen reduzam. Na fêmea, o processo é similar. Quando a temperatura interna da fêmea aumenta, os ovócitos produzidos são de baixa qualidade, impedindo, muitas vezes, a fecundação.
Suínos e aves também são vítimas
Os suínos apresentam poucas glândulas sudoríparas funcionais para regular a sua temperatura e se protegerem do calor excessivo. Assim, esses animais contam somente com a ofegação e as mudanças de comportamento para se aliviarem. É imprescindível que os criadores estejam atentos para evitar o sofrimento deles.
Além deles, as aves também são vítimas de ondas intensas de calor por não se pronunciarem com mais intensidade. De modo que pesquisadores da Embrapa, recomendam o uso de ventiladores, nebulizadores, água de boa qualidade e a retirada da ração nas horas mais quentes do dia. Quanto ao uso dos ventiladores, deve-se ter o cuidado para eles não incidirem diretamente sobre a cabeça da ave. A melhor forma é aproveitar a ventilação natural.
Produtor também precisa de cuidado especial no calor
Com as altas temperaturas, o produtor rural precisa estar atento à hidratação. Não deve esperar sentir sede, pois a sensação de sede já é um sinal de desidratação. O ideal é a ingestão de 40 a 50mL/kg de peso corporal/dia de água. Nessa conta não entram sucos, chás ou outros líquidos, embora eles também tenham sua importância. Para quem não gosta de ingerir água pura, pode aromatizar com fatias de limão ou laranja e folhas de ervas aromáticas.
Seguros rurais
O seguro rural é um dos mais importantes instrumentos de política agrícola, por permitir ao produtor proteger-se contra perdas decorrentes principalmente de fenômenos climáticos adversos.
Contudo, é mais abrangente, cobrindo não só a atividade agrícola, mas também a atividade pecuária, o patrimônio do produtor rural, seus produtos, o crédito para comercialização desses produtos. No site do Buscar Rural você encontra várias modalidades e como contratar um seguro rural.
O seguro pecuário é uma ferramenta eficiente para se prevenir financeiramente da morte de exemplares do rebanho por acidente ou doença. Engasgamento, ingestão de corpo estranho, picada de cobra, raio e afogamento estão entre as coberturas. No entanto, essa forma de proteção do patrimônio ainda não cobre o principal problema enfrentado pelos pecuaristas: os roubos e furtos de animais.
Há duas modalidades de seguro pecuário – o de todo o rebanho e o de gado de elite.
O Garantia-Safra é um seguro que, de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), visa garantir condições mínimas de sobrevivência aos agricultores familiares de municípios sistematicamente sujeitos a perda severa de safra por razão do fenômeno da estiagem ou excesso hídrico.
O seguro de porteira fechada é destinado a produtores rurais e empresários que desenvolvam atividade agrícola, pecuária, aquícola ou florestal, como o cultivo e armazenamento de grãos, frutas, café entre outras culturas, produção florestal, e criação de animais.
A cobertura do porteira fechada abrange construções, benfeitorias e instalações dedicadas à atividade agropecuária; moradia do produtor e funcionários; máquinas agrícolas e florestais. Também atende incêndios, vendavais, raios, danos elétricos e fuga de animais.
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