Cunicultura (criação de coelhos) começa a surtir interesse por parte de criadores no Brasil
A cunicultura se mostra cada dia mais atraente como uma boa oportunidade de obter lucratividade, causando o interesse por parte dos criadores. Graças a fatores como carne com elevado valor nutricional, pele de excelente qualidade, investimento mínimo na criação, mercado em franco crescimento e demanda maior que a oferta.
Hoje a demanda por carne de coelho no Brasil e em países do exterior, como França, Inglaterra, Itália, Japão, Alemanha, Suíça e Estados Unidos, é muito maior do que o mercado consegue oferecer. O que se dá devido a um pequeno número de fornecedores de coelhos vivos no país.
Criação de coelhos no Brasil
No Brasil, as criações de coelhos vêm aumentando de maneira rápida, segundo dados divulgados em reportagem do G1 em novembro de 2021, o Brasil foi responsável pela produção de aproximadamente 242 mil animais/ano.
Nutritiva e saborosa, a carne de coelho é de fácil digestibilidade. Além disso, é rica em proteínas (25,5%, sendo que a carne bovina possui cerca de 18%), baixo teor de gordura e colesterol (50 mg/100g produto) em comparação à carne bovina (140 mg/100g produto); a relação ômega 6 e ômega 3 é de 5,9, muito próxima para suprir a necessidade diária de um adulto com 70kg, que é apenas de 5.
O rendimento da carne de coelho é, em média, de 60% e é determinado a partir da soma do peso do couro, cabeça, patas, sangue e vísceras, diminuindo o resultado do peso vivo. As raças mais indicadas para a produção de carne são as consideradas médias, como Nova Zelândia, Califórnia e Angorá.
Filhotes: cada um com seu cuidado específico
A qualidade da carne também está atrelada ao sexo do animal. As fêmeas acabam tendo um maior rendimento, pois o esqueleto, os órgãos internos e a pele dos machos são relativamente mais pesados. De um modo geral, vende-se o coelho inteiro, não havendo negociação de cortes ou produtos processados.
Quem opta por criar coelhos poderá seguir com a produção de carne (caseira ou comercial), venda de reprodutores, produção de pele, cobaias para laboratório e, ainda, mas em menor escala no Brasil, produção de pelos.
Se a comercialização de peles for a atividade principal, o mais indicado é criar raças brancas que facilitam o tingimento, tendo maior aceitação junto aos compradores.
Em boa parte, a maioria das raças existentes, hoje, no Brasil, são originadas do mercado europeu e americano. Embora, as origens da cunicultura como exploração econômica, no Brasil, estejam mais ligadas ao coelho europeu.
Quanto ao tamanho ou peso, elas se dividem em raças gigantes, raças médias, raças pequenas e raças anãs. Essa classificação é a mais usada, embora possam ser selecionadas conforme aptidão e objetivo.
Principais raças de coelhos
Raças de coelhos gigantes
Seu peso adulto é de, no mínimo, 5 quilos, podendo ultrapassar os 10 quilos. Normalmente, as raças deste grupo apresentam boa velocidade de crescimento, atingindo o peso para o abate mais rapidamente.
As raças gigantes são ótimas criadeiras, mas não são muito prolíferas. De um modo geral não são bons produtores de pele de excelência, sendo mais indicadas para produção de mestiços de corte.
A apresentação da carcaça, que é mais alongada (tem animal que pode medir até 1 metro), é outro ponto que deve ser analisado, pois deverá refletir o que o mercado consumidor absorve.
Gigante de Flandes
De origem belga. É a raça de maior porte e chega a ultrapassar os 10 quilos de peso. Apresenta variedades de cores como a parda, a negra, a areia, sendo a branca a mais comum.
Gigante de Bouscat
A raça veio da França. Seu peso mínimo é de 5 quilos (fêmeas). De cor branca
Gigante de Espanha
Costuma ter orelhas longas, largas e eretas, ele é resistente, rústico e tem uma pelagem curta e densa e pesa entre 6 e 7Kg. Em geral é de cor branca. E sua origem é a cidade espanhola de Valença.
Raças médias de coelhos
Seu peso varia entre 3,5 e 5 quilos. É o mais importante de todos os grupos, pois inclui as raças mais precoces, rústicas, resistentes e produtivas, conhecidas, por isso mesmo, como raças industriais ou econômicas. Os tipos mais comuns são:
Nova Zelândia (branco, vermelho e preto)
De origem americana, é atualmente a raça pura mais criada no país. O seu peso máximo oscila entre 4,5 quilos para fêmeas e 5 quilos para machos, sendo as fêmeas boas reprodutoras;
Califórnia
Também de origem americana, resultou do cruzamento entre as raças Chinchila, Russa e Nova Zelândia Branco. Foi formada na Califórnia, com o intuito de produzir carne;
Chinchila
Com origem na Alemanha, essa raça possui o mesmo nome de um pequeno roedor, chamado Chinchila lanígera, que vive nos Andes, na América do Sul, e não é mais encontrada em estado selvagem, sendo criada em cativeiro;
Borboleta Inglês
Os coelhos dessa raça, de origem inglesa, apresentam boa conformação do corpo, membros com massas musculares firmes e um esqueleto fino, o que permite maior rendimento de carne;
Borboleta Francês
Rústico, precoce, de fácil engorda, atingindo 2 kg com 4 meses de idade. É bom produtor de carne de boa qualidade e atinge de 5 a 6 kg quando adulto
Belier
A principal característica dessa raça são as orelhas, que chegam a medir 60 cm de comprimento e são caídas, considerado produtor de carne atingindo 6 kg de peso;
Azul de Viena
É um coelho gigante de cor azul, puro, obtido pelo cruzamento de um macho Gigante Preto e uma fêmea Gigante Amarela, em 1983;
Prateado de Champagne
É de origem desconhecida, rústico, precoce, fácil de criar. Sua carne é de ótima qualidade e a pele serve para fazer muitas imitações;
Leonardo de Borgonha
Animal de bom tamanho, rústico, precoce, resistente, que produz carne abundante e de boa qualidade. Atinge 3 kg aos 6 meses de idade;
Angorá
Pode ser admitido como produtor de carne e de pele
Raças pequenas de coelhos
Os coelhos dessas raças alcançam de 1,5 a 3,5 quilos de peso, são de baixo rendimento, de pequeno tamanho, e, assim, não interessam às criações para produção de carne. Nesse grupo se destacam as raças Negro e Fogo e o Castor Rex, que produzem excelente pele e até uma boa quantidade de carne.
Raças de coelhos anãs
Os animais atingem peso inferior a 1,5 quilo e são criados como hobby, devido à sua baixa produção e rendimento. Está nesse grupo a raça Polonesa.
Conheça algumas formas de obter renda com a criação de coelhos:
- Coelhos abatidos: são vendidas a carne e a pele seca;
- Reprodutores: é a atividade que gera maiores ganhos na cunicultura e a que mais exige prática;
- Peles curtidas: os preços compensam o trabalho ou o investimento de capital no curtimento, pois podem ser vendidas por valores mais atraentes;
- Esterco: o esterco coletado pode ser utilizado na elaboração de adubos e rações;
- Urina: a urina do coelho serve como base na produção de cosméticos;
- Pelo ou lã angorá: utilizado para a produção de tecidos “angorá” ou “cachemir”.
Coelhos são fáceis de domesticar
Os coelhos são herbívoros; sua dieta ideal é composta por forrageiras e vegetais diversos (folhas de bananeira, goiabeira) seguida por ração balanceada. Normalmente é um animal dócil e fácil de domesticar em áreas urbanas ou rurais
É um pseudo ruminante, apresentando um ceco bem desenvolvido, onde ocorre a proliferação bacteriana, representando 30% do ganho de energia. O trato digestivo do coelho tem particularidades especiais, com um estômago pobre em musculatura. A água é importante na dieta. O coelho é altamente sensível à falta d’água, que causa diarreia e morte.
A maior característica do coelho é a alta prolificidade. Uma fêmea gera de 8 a 12 filhotes (láparos) por gestação, com 5 crias por ano. O animal atinge sua maturidade para o acasalamento aos seis meses de idade.
Para o cuidado em casa, basta deixar sempre capim ou feno à vontade e oferecer alguns legumes, frutas e folhagens com moderação. Não se esqueça da higiene. Limpe o local que ele urina e defeca ao menos uma vez por dia.
Existem gaiolas e cercados para serem o cômodo destes animais. Eles podem viver soltos em cômodos específicos da casa, contanto que haja muito cuidado com a segurança, evitando fugas, fios elétricos e outros itens que eles possam roer. Em casos de locais muito restritos, lembre-se de soltar o bichinho todo dia para exercícios.
Os filhotes de coelho nascem sem pelos e com os olhos fechados, o que determina grande dependência. Os coelhos domésticos podem viver até nove anos.
Links pesquisados:
www.bibliotecaagptea.org.br
www.cpt.com.br
www.ufsm.br
www.g1.globo.com
www.mundoeducacao.uol.com.br
www.petz.com.br