Peru é uma das principais opções das ceias natalinas do brasileiro

Peru é uma das principais opções das ceias natalinas do brasileiro

O preço do peru tem variado de região para região, mas chega a custar cerca de R$ 26 o quilo, dependendo da marca e tamanho

Natal se aproxima, e logo vem a dúvida. O que servir nas festas de final de ano, peru ou Chester? A opção tradicionalmente é clara pelo peru, que normalmente, está entre as aves mais saborosas, para quem aprecia seu gosto marcante e acentuado. No entanto, há quem opte pelo Chester, por conta do preço reduzido, quando comparado com a outra ave. Por eles terem quase o mesmo tamanho, às vezes, enganam bem à primeira vista. Mas as semelhanças param por aí. No caso, o Chester é mesmo, apenas um frango grande, com gosto bem suave, pouca gordura, e muito mais carne no peito e nas coxas. De resto, são espécies totalmente distintas. O peru é de longe a principal escolha nesta época do ano, quando a procura por este item fica em alta nos supermercados, pelo consumidor interno. Em média uma ave chega a custar R$ 100, em São Paulo, segundo uma reportagem recente da TV Bandeirantes. E pelo fato da ave puxar os demais preços da cesta natalina, acompanhamentos, tais como vinhos, azeitonas, e outros, vão estar mais caros, também.

De acordo com estimativa do Sindicato dos Supermercados do Distrito Federal (Sindsuper-DF) haverá um aumento em 5% na venda de alimentos natalinos, neste ano. Com a alta de 14% a 16% no preço médio do peru, em comparação a 2020, o consumidor está mais atento na hora da compra. E, se existe um produto procurado no final de ano, certamente, é o famoso “peru de Natal” que é servido nas festas, e encontros natalinos, o que já será possível de novo, com o recuo da pandemia.

Frigoríficos preparados para o abate

Todavia uma pesquisa da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – Fipe que avaliou 15 produtos tradicionais na cesta de Natal, além de outros 11 da lista de demais itens natalinos, mostrou que o peru, não foi o item que mais subiu neste ano. Ele registrou uma elevação de 7,27%, enquanto outros itens tiveram uma alta mais significativa, como foi o caso do panetone, também muito consumido, neste período, que subiu 25,96%.  No caso da azeitona verde sem caroço, a alta foi de 21,91% e a caixa de bombom de chocolate em 12,83%. Portanto, o peru ainda é o item menos elevado da cesta de natal.

Encontrado em supermercados de todo o País, o peru tem variado de preço dependendo de cada região. Em Roraima, por exemplo, os supermercados estão oferecendo o produto entre R$14,50 e R$26,45. E tem variado por outros estados, nesta mesma faixa de preço. Porém, os valores sofrem alterações significativas em função não apenas da marca, mas também dos estabelecimentos procurados pelo consumidor, que deve fazer uma boa pesquisa antes de adquirir o seu.

Carne vermelha tem sido a opção, no exterior, diante da baixa oferta de peru

A tendência é que haja um aumento no consumo da carne de aves, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que viu crescer a produção de carne vermelha e aves, em 2021 na comparação com o ano passado. No entanto, existe uma expectativa que a carne disponível para os consumidores EUA no próximo ano, sofra alguma alteração, devido a dinâmica do comércio.

Disponibilidade é o desaparecimento no mercado interno do que resta depois de subtrair as exportações e os estoques finais da soma da produção, os estoques iniciais e as importações. Dividir esse valor pela população dos Estados Unidos resulta em desaparecimentos per capita.

O declínio no consumo per capita de carne vermelha, por exemplo, está previsto para ser inferior a quase 1 por cento ano a ano, no balanço de 2021 para 111 libras. Essa queda se deve em grande parte às exportações mais altas esperadas e menos importações de carne bovina.

Aves como frango e peru tiveram disponibilidade menor este ano

Além disso, espera-se que a disponibilidade de aves diminua em relação ao ano passado, refletindo amplamente as maiores exportações e estoques finais mais altos de frango e peru.

O declínio nas aves deve ser inferior a 1%, a 113 libras por pessoa. Em contraste, o desaparecimento da carne vermelha e das aves em 2021, provavelmente excederá a média de 5 anos em mais de 2% e quase 4%, respectivamente.

Peru tem redução de preço por baixa exportação

A previsão de exportação de peru foi revisada para 165 milhões de libras no quarto trimestre devido às exportações mais fracas de novembro. Devido às expectativas de aumento dos custos da alimentação e estagnação do crescimento da produção, as previsões do preço do peru aumentaram em 2021.

Cresce a produção interna de peru, em cidades como Paraná

Com altas e baixas em sua história, a produção brasileira de perus, já chegou a produzir mais de 400 mil toneladas, em seu auge, por volta de 2012. Porém, com algumas quedas devido a diversos fatores, só agora está se recompondo. Neste ano, já se comemora a produção de 181 mil toneladas, algo que em 2020 foi de 159 mil toneladas.

A produção nacional para consumo interno está 74%, e apenas 26% se destina às exportações. Em geral, os cortes são os campeões dessa ave, exportada, seguidos pelos produtos industrializados e pela ave inteira. Só em 2021 já foram quase 42 mil toneladas de carne exportada, o que representa uma receita de 75 milhões de dólares. O continente que mais importa carne de peru do Brasil é a África, respondendo por quase metade das exportações brasileiras.

A gigante de alimentos BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, está retomando a produção de perus em sua unidade de Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná. A companhia anunciou que o alojamento das aves, em 200 aviários integrados, está previsto para começar em novembro desse ano e o abate na planta industrial paranaense deve ser retomado a partir do segundo trimestre de 2022. Serão criados mais de 400 empregos diretos.

Produção de perus

A produção de perus em Francisco Beltrão começou em 1996 e foi interrompida em 2018, por ajustes à demanda de mercado, conforme informou a companhia.

A operação Carne Fraca foi responsável pela redução no consumo da carne de peru, devido ao embargo da União Europeia, que era um dos principais clientes da carne de peru produzida no Brasil. A operação visava identificar algumas irregularidades de caráter sanitário, do produto brasileiro. E até hoje seguem as investigações da Polícia Federal.

De lá para cá, a BRF manteve a produção e abate de perus apenas na unidade de Chapecó (SC) para abastecer o mercado interno. Outra unidade que produzia para exportação, em Mineiros (GO), também foi desativada em 2018.

Em março último, a unidade de Francisco Beltrão foi habilitada a exportar perus para o México.

A retomada da criação e abate de perus em Francisco Beltrão faz parte de um investimento total de R$ 292 milhões anunciado pela BRF para ampliação e modernização de suas unidades no Paraná. Além de Francisco Beltrão, parte deste montante será destinado às instalações de Toledo, Ponta Grossa, Dois Vizinhos, Carambeí e Paranaguá.

Granja com diversos perus.
Granja com diversos perus.

A criação de peru exige atenção e alimentação equilibrada

Do peru, praticamente, nada se perde. Além de uma carne magra e saborosa, suas penas são disputadas para o preenchimento de travesseiros e acolchoados. E, graças ao fato de ser magra, tem grande procura nos açougues e supermercados. Mesmo os estercos destas aves são reutilizados para o adubo de hortas e canteiros.  Sem falar na facilidade de lidar com a ave, que sendo resistente e rústica, ainda é muito dócil no tratamento e se adapta perfeitamente ao clima e em áreas não muito grandes.

Entretanto, é preciso ter muito rigor na hora de manejar. Afinal, se não há uma higiene e alimentação rigorosas, até o sexto mês de vida, quando os filhotes ainda estão bem fragilizados, se tornam suscetíveis a adquirir doenças.

Além disso, os filhotes estão sujeitos à “crise do vermelho”, nos primeiros meses de vida, em face à exposição às chuvas, vento forte, geada ou sol intenso. Uma doença que os deixa cheios de carúnculas e muito debilitados. Por esses motivos, a fim de melhorar a resistência deles, são utilizados nesse período uma alimentação que envolve, ovo, cebola, verdura e quirera de milho, tudo bem picado. Após esse processo, já se pode dar início a ração farelada e, passados, 30 dias, a ração de crescimento.

Crescimento da ave

De rápido crescimento, a ave chega ao seu tamanho ideal, em apenas quatro meses. Nessa idade, algumas raças já contam com machos de 15 quilos e fêmeas de oito quilos. Com isto, mais um mês e já podem ir para o abate.

Embora as fêmeas só passem a estarem aptas a reproduzir quando alcançam os oito meses de vida, chegam a botar quatro vezes por ano. E isto ocorre entre julho e setembro, quando chegam a pôr de 15 a 20 ovos por postura. Devido ao fato de seus ovos serem muito grandes, elas cobrem de 15 a 18 unidades, em 28 dias de incubação.  E como são mãezonas, além dos seus próprios ovos, são capazes de chocar também os de outra espécie.

Se o seu intuito é criar perus, saiba que é possível fazer a aquisição de ovos, no Buscar Rural, e assim fazer a incubação e aguardar os filhotes em pouco tempo. Mas é preciso lembrar que quando novinhas, estas aves exigem cuidados redobrados.

Produção de perus: jejum pré-abate evita perdas no frigorífico

Uma curiosidade, que na verdade é fator preponderante, para a boa qualidade da ave, é que precisam ficar em jejum antes do abate, não podem sofrer estresse na hora da apanha, e nem no transporte. O jejum tem como objetivo, evitar a contaminação da carcaça nos frigoríficos.

São três categorias de abate para os perus: macho com 140 dias, fêmeas com 110 dias e fêmeas leves com 62 dias de vida. O fornecimento da ração é suspenso para facilitar a passagem do alimento pelo sistema digestório do animal.

O jejum pré-abate deve começar 3 horas antes do carregamento. Mas o tempo total vai depender da distância da granja ao abatedouro. Se for muito próximo, sugere-se até 4 horas de jejum para ficar dentro do período entre 8 a 12 horas de jejum total, do corte da ração ao horário programado para o abate. O carregamento e o descanso no frigorífico também entram no cálculo do tempo.

A recomendação é que se mantenha a luz acesa no galpão, para que as aves fiquem mais calmas, uma vez que ao se pegar elas para o abate, tendem a ficar tensas e esse estresse interfere no sabor posteriormente. Por isso, é preciso que as incentive a se movimentar e garanta um jejum correto, para não comprometer a qualidade da carne após abate, e perdas importantes na indústria.

Partes nobres

Partes nobres do animal como peito, coxa, sobrecoxa e asas são frequentemente as mais atingidas. Perus são animais pesados, mas, graças à tecnologia, a apanha para o caminhão pode ser realizada com a ajuda de equipamentos. Para facilitar e agilizar o sistema de apanha, os lotes podem ser divididos. Lembrando que a fêmea é embalada inteira, e por isso a aparência da carcaça deve estar perfeita.

Na hora do transporte dos animais, é preciso manter o conforto térmico e a densidade adequadas. No transporte de perus, para garantir o bem-estar animal, todos os veículos são rastreados. Há um protocolo de número de aves por gaiolas e três tipos de peso de aves: para fêmea leve, de 4 a 5 quilos, são colocadas seis aves por gaiola. Para fêmea pesada, de 11 a 12 quilos, 4 aves por gaiola. Para macho pesado, 20 a 22 quilos, 2 aves apenas por gaiola.

A Secretaria de Educação do Ceará mantém uma espécie de cartilha sobre como lidar com as aves e nela explica que a retirada das gaiolas do caminhão na plataforma de recepção pode ser realizada manualmente ou com auxílio de equipamentos. No abate de perus, a retirada manual é uma prática muito comum, devido ao elevado peso das aves e ao tipo de carroceria dos caminhões, que possuem compartimentos adequados ao tamanho dos perus, não necessitando de gaiolas.

 

Links pesquisados:

www.fdr.com.br

www.fipe.org.br

www.seduc.ce.gov.br

www.band.uol.com.br

www.gazetadopovo.com.br

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