Atual protagonista do Produto Interno Bruto do Brasil, o agronegócio tem sido o grande atrativo do mercado. E com os números positivos do ano passado, tem levado os economistas a enxergarem este nicho como um importante motor da economia em 2022. A partir deste resultado, a leitura que se faz é que o setor tem sido um norteador da educação financeira e, portanto, deve ser avaliado como responsável pelo impacto na economia brasileira. E com isto, nada melhor do que aprender com quem está alavancando a economia.
Com base no fato de que sabem se planejar de uma safra para outra, eles já são os “cases de sucesso” para quem quer aplicar e fazer a organização do fluxo de caixa. Com uma elevada quantidade de insumos agrícolas em estoque, mão de obra, entre outros detalhes fundamentais, esses produtores são as melhores pessoas para se basear, a fim de não haver surpresas de última hora ou até mesmo uma frustração financeira.
Educação financeira
Foi graças a esta realidade que a Nagro, uma agfintech especialista na concessão de crédito agro, passou a disponibilizar, por meio da plataforma digital Educanagro, lives e cursos gratuitos com conteúdos relevantes ao setor, como gestão financeira, manejo do solo e gestão de pessoas. Tudo para melhorar o acesso à educação financeira para quem trabalha no campo.
Entre os assuntos abordados em lives, estão: como garantir a boa produtividade e silagem de alta qualidade, caminhos para a crise de abastecimento dos fertilizantes, gestão financeira e econômica para pecuária do leite.
A motivação do modelo é ensinar e atrair clientes. “Sabemos que administrar os recursos de maneira consciente é tão importante quanto a obtenção de crédito para os produtores. A educação financeira traz autonomia e garante o crescimento sustentável ao negócio. Por isso, queremos ensinar e promover conhecimento”, afirma Gustavo Alves, CEO da Nagro.
Fluxo de caixa está entre as funções a se aprender na educação financeira
Planilhar todo e qualquer valor que entre ou saia do estoque, tanto em um programa de Excel quanto em qualquer outro software de gestão agrícola, pode ser utilizado para organizar a compra dos produtos que faltam na fazenda – desde que não sejam excessivas, em paralelo ao registro do estoque. O fluxo de caixa deve ser analisado com frequência para que possa ser analisado o valor disponível em caixa e a margem de lucro obtida.
O fluxo de caixa nada mais é do que a relação de entradas (ganhos ou receitas) e saídas (gastos ou despesas) em determinado período. Controlar o fluxo de caixa significa, portanto, ficar de olho em tudo aquilo que você gasta e recebe a cada semana, quinzena ou mês.
É exatamente essa atenção frequente ao que está entrando e saindo do caixa do seu negócio rural que permite agir com mais segurança, seja para conter gastos, para manter o equilíbrio entre despesas e receitas ou para investir. O fundador do Grupo The One e especialista em educação financeira, Uesley Lima, diz que é preciso economizar em tempos de crise. “O primeiro passo é se organizar e analisar o quanto ganha e o quanto gasta para, com isso, estabelecer uma quantia para poupar todo mês. Criar o hábito de poupar entra naquilo que chamamos de fase de acumulação”, destaca Uesley.
A fase de acumulação é a principal fase da educação financeira, na qual o indivíduo trabalha e acumula o máximo de recursos que consegue ao longo da vida, seja em bens materiais ou em dinheiro.
Controle dos gastos implica em conhecer a fundo cada centavo e em que se aplica
Conhecer os valores de despesas como sementes, fertilizantes, herbicidas e custo de operação de adubação e plantio são alguns dos gastos variáveis de uma propriedade agrícola. Enquanto isso, os impostos, o aluguel de máquinas e o salário de funcionários contratados podem ser considerados custos fixos.
Portanto, não é apenas apontar valores, mas conhecer cada um desses custos: saber o total das despesas fixas e ter noção de como e quando se alteram os gastos variáveis, para poder tomar decisões de forma estratégica. Ou seja, não basta apenas ficar atento ao que está entrando e saindo do caixa. Pois um descuido pode levar o caixa a bancarrota e com isto desestruturar todo o processo. E ao conhecer, se tornar possível cortar aqui e ali, e rever aonde investir para conseguir ter um melhor custo-benefício.
O ideal mesmo é registrar tudo. E para tanto, não importa em que lugar, se em um caderno, em uma planilha financeira ou com a ajuda de um aplicativo que você pode baixar no seu celular. Atualmente, existem diversos aplicativos de controle financeiro da propriedade rural – como eAgro, Gestão Agro, Aegro e Agrare – que, além de armazenar dados sobre gastos e ganhos, também geram gráficos e comparativos que permitem analisar melhor o orçamento do seu agronegócio e, assim, tomar decisões mais acertadas.
Antes de tomar qualquer decisão dentro de uma propriedade rural, o agricultor precisa avaliar se ele terá a capacidade de honrar com os seus compromissos financeiros.
Inflação alta não tem afetado o mundo do agronegócio
Em outras palavras, antes de fazer um investimento, o agricultor precisa levar em consideração a gestão financeira da sua atividade.
E com isso, avaliar se será capaz de pagar os gastos necessários para a atividade agrícola ou da pecuária. Para tomar este tipo de decisão, é necessário que o agricultor olhe para as finanças do seu empreendimento rural e planeje quando e como pode fazer um investimento.
Em propriedades rurais que não possuem uma gestão financeira bem elaborada, a probabilidade de pagar contas com atraso é alta.
Sem um planejamento financeiro, o agricultor não sabe qual o melhor dia para realizar os pagamentos e, com isso, tende a pagar as contas em atraso, o que gera juros e multas.
Sendo assim, ocorre um gasto indevido de capital, que ao longo prazo pode representar uma boa fatia dos lucros da empresa.
Este tipo de problema pode ser facilmente resolvido com a adoção de sistemas de gestão financeira automatizados.
Gerir as finanças no processo sucessório também é parte da educação financeira
A Fundação Dom Cabral (FDC) e a JValério Gestão e Desenvolvimento divulgaram no ano passado, o resultado da pesquisa “Governança e gestão do patrimônio das famílias do agronegócio”. Foram ouvidos 207 gestores de todo o território nacional e realizadas análises quantitativas e qualitativas. Mais de 80% dos empreendimentos são comandados pelos fundadores (41%) ou pela segunda geração (41%). Apenas 16% dos gestores fazem parte da 3ª geração e só 1% são da quarta adiante.
A sucessão familiar foi apontada na pesquisa por 26% dos entrevistados como um dos principais desafios para as famílias empresárias do setor do agronegócio. Mais de 70% delas não têm um conselho de família formado.
Logística na área rural é fundamental para escoamento da produção
“Apenas 7% possuem um conselho constituído. É um índice baixo, bem menor que o de outras empresas familiares de outros setores da nossa economia. O estudo apontou ainda que 40% dos negócios possuem um plano de sucessão e que a transição no comando deve acontecer na esfera ‘pai para filho’. Apenas 5% dos participantes avaliam a contratação de um executivo fora do núcleo familiar para gerir o negócio”, conta Clodoaldo Oliveira, diretor executivo da JValério Gestão e Desenvolvimento.
Ainda de acordo com o estudo, a média entre as organizações dos segmentos do agronegócio é de 66% no que diz respeito à elaboração de um plano sucessório. As empresas que se dedicam à pecuária são as que têm menor aderência em relação ao planejamento do processo de sucessão: apenas 20%.
Clodoaldo Oliveira destaca ainda que a preparação dos herdeiros para assumir o negócio é crucial para a longevidade das empresas familiares do agronegócio. Na opinião dele, o primeiro passo é que haja a manifestação de interesse pelas novas gerações, muitas vezes atraídas para a migração para as cidades e para o trabalho em outras áreas.
Links pesquisados:
www.tentoscap.com.br
www.oseudinheirovalemais.com.br
www.institutoagro.com.br
www.investnews.com.br
www.rpnews.com.br
www.segs.com.br